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....,Campinas,
abril de 2001 |
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..MULHER
BRASILEIRA
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Autora
acena com nova empreitada
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Socióloga
afirma que pesquisa pode ser atualizada para
o período 1996-2000 |
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Mesmo
ainda na fase da divulgação do livro,
a socióloga Elza Berquó já
sinaliza a possibilidade de avançar as pesquisas
sobre mortalidade e morbidade feminina no Brasil
até anos bem mais recentes que os contemplados
no primeiro trabalho. Nossa expectativa é
que esta experiência inovadora se amplie e
se multiplique, para envolver outros pesquisadores,
trabalhando nas demais unidades da Federação,
aposta a pesquisadora. Segundo ela, com a
mesma metodologia, a pesquisa pode ser atualizada
para o período 1996 2000. E
a demógrafa incentiva: A equipe do
Nepo estará sempre aberta a consultorias
que se fizerem necessárias neste sentido.
O
atual estudo comparativo da mortalidade feminina
classificando-se aí como mulheres
brasileiras a partir dos dez anos de idade
entre as unidades da Federação e as
grandes regiões do Brasil está dividido
em três períodos. As opções,
no caso, foram condicionadas tanto pela disponibilidade
dos dados do Sistema de Informações
Hospitalares do SUS, quanto na necessidade metodológica
de cobrir períodos que tivessem alguma correspondência
com políticas específicas para a área
de saúde no Brasil. Por isso, decidiu-se
por 1979 a 1981, 1986 a 1988 e 1993 a 1995. São
intervalos temporais que correspondem, respectivamente,
a antes, durante e após a implantação
do Sistema Único de Saúde (SUS) no
País.
Nos
casos em que as unidades de análise foram
centradas nos âmbitos municipais, o estudo
privilegia o ano de 1994, (...) devido ao
grande número e a conseqüente complexidade
de se analisar neste nível de desagregação,
segundo expõe o livro. A mesma lógica
prevaleceu no caso das nove regiões metropolitanas
consolidadas no Brasil. Já para a análise
da morbidade, decidiu-se eleger as informações
disponíveis mais recentes. O que, no caso,
equivaleu ao ano de 1996.
As
organizadoras de Morbimortalidade feminina no Brasil
não menosprezam a importância de todos
os estudos que convergem para equacionar o que chamam
de múltiplos determinantes relacionados
à situação da saúde
das mulheres. Elas, no entanto, reconhecem:
(...) o campo carece ainda de um diagnóstico
abrangente e atualizado, que leve em conta níveis
e tendências, bem como diferenciais regionais
e locais. Ou seja, fazem falta estudos das causas
de internações e de mortes de mulheres
nas diferentes fases do ciclo vital, sua evolução
no tempo e nas várias regiões do País,
que, como se sabe, apresentam níveis distintos
de desenvolvimento econômico e de atendimento
à saúde. Esta situação
acaba por dificultar a proposição
de políticas efetivas de atenção
à saúde da mulher e sua monitorização.
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O
vulnerável coração
das campineiras
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O
efeito multiplicador da pesquisa desejado
pelas cientistas do Nepo já se
faz sentir. Principalmente nas vizinhanças:
a Prefeitura de Campinas demonstrou
interesse em se aprofundar no livro
Morbimortalidade feminina no Brasil,
segundo declarou ao Jornal da Unicamp,
Verônica Gomes Alencar Moura,
médica responsável pelo
Setor Municipal de Saúde da Mulher.
Embora
Campinas apresente uma situação
privilegiada em termos de prevenção
a doenças femininas o
câncer de colo de útero
está praticamente erradicado,
por exemplo , a taxa de mortalidade
por outras enfermidades é considerada
preocupante. No ano passado, o infarto
agudo do miocárdio liderou o
ranking de óbitos (182 mulheres,
sendo que 73 delas tinham 75 anos ou
mais).
Na
verdade, essa tem sido a causa principal
de mortalidade feminina na cidade desde
1998, embora com tendência decrescente.
Naquele ano foram 232 óbitos,
caindo para 214 em 1999.
Pelos
estudos da Secretaria Municipal de Saúde,
as campineiras passaram a morrer mais
de doenças do coração
devido a três fatores: hábitos
de vida (começaram a ter uma
vida mais estressada, com trabalho fora
de casa, por exemplo), sedentarismo
e tabagismo. Conta também o fato
de a expectativa de vida ter aumentado.
A
segunda causa de morte feminina em Campinas
no ano passado foi a pneumonia (147
vítimas, sendo que 89 tinham
75 anos ou mais). O câncer maligno
de mama constou como a terceira causa
de morte (76 óbitos). A quarta
foi a diabetes mellitus, que custou
a vida de 69 mulheres.
Também a partir de 1998, a pneumonia,
mesmo ocupando o segundo lugar entre
as causas de morte feminina, vem sofrendo
uma redução de casos.
Já o câncer maligno de
mama, tem mantido uma incidência
estável no período.
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Elza
Salvatori Berquó é
demógrafa, coordenadora-geral
do Programa de Saúde Reprodutiva
e Sexualidade do NepoUnicamp e
pesquisadora sênior do Cebrap.
Seus interesses abrangem temas relacionados
à demografia da população
negra, do idoso, da mulher e da família
e saúde reprodutiva. É
presidente da Comissão Nacional
de População e Desenvolvimento
(Cnpd), criada junto à Presidência
da República, e do International
Organizing Committee da XXIVª General
Population Conference Iussp Brazil
2001. Integra a Comissão Nacional
de DST/Aids, o Comitê Nacional
de Morte Materna, o Comitê Assessor
para o Brasil junto do Fnuap/Pnud, o
Comitê do Concurso de Pesquisas
sobre Direitos Reprodutivos (Prodir)
da Fundação Carlos Chagas
e o Conselho Diretor da Comissão
de Cidadania e Reprodução
(CCR). Foi membro da Delegação
Brasileira para a Conferência
Mundial de População e
Desenvolvimento (Cairo, 1994), da Conferência
Internacional da Mulher (Beijing, 1995)
e da Conferência Internacional
do Cairo+5 (Nova York, 1999). Vem exercendo,
no Nepo, a coordenação
dos Programas de Estudos em Saúde
Reprodutiva e Sexualidade, realizados
desde 1992.
Estela
Maria Garcia Pinto da Cunha, argentina
radicada no Brasil há 15 anos,
é socióloga, doutoranda
em saúde coletiva (epidemiologia)
pela FCM da Unicamp e pesquisadora do
NepoUnicamp desde 1986, onde desempenhou
a função de coordenadora
associada no período de maio
de 1994 a janeiro de 1997. Desenvolve
pesquisa na área de demografia
das desigualdades, concentrando-se nos
estudos de morbimortalidade da população
negra brasileira. Membro da equipe do
Programa de Saúde Reprodutiva
e Sexualidade, sediado no Nepo, coordenou
o projeto Estudo Multicêntrico
sobre a Morbimortalidade Feminina no
Brasil; participa, desde sua criação,
da comissão organizadora do Programa
de Estudos em Saúde Reprodutiva
e Sexualidade. Integra o Grupo de Trabalho
sobre Saúde e Mortalidade da
Abep e o Grupo de Trabalho Relações
Raciais e Etnicidade da Anpocs. Foi
representante da Unicamp junto do Conselho
Municipal de Defesa dos Direitos da
Mulher da Prefeitura de Campinas, desde
sua criação até
1997.
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