YVENS
BARBOSA FERNANDES
Osurgimento, a partir
da segunda metade do século 20, de novas tecnologias ocasionou o desenvolvimento
de novas técnicas cirúrgicas. Estas tendem a serem menos agressivas,
causando conseqüentemente menor lesão tecidual e diminuição
do tempo operatório. Isto é sobremaneira vantajoso para a recuperação
mais precoce do bem-estar do paciente.
O
termo cirurgia minimamente invasiva é atualmente reservado
às intervenções em que uma grande abertura cirúrgica
pode ser evitada, graças à aplicação de tecnologias
modernas. As crescentes publicações na área neurocirúrgica
são o resultado de um desenvolvimento rápido da neurocirurgia minimamente
invasiva e das técnicas de localização das lesões
intracranianas.
O constante avanço da medicina e das tecnologias disponíveis
para aplicação na área médica tornou possível
o diagnóstico mais precoce e mais preciso de lesões intracranianas.
Atualmente o uso rotineiro da tomografia computadorizada e mais recentemente da
ressonância nuclear magnética do crânio (exames de neuroimagem)
possibilitam uma imagem nítida e precisa da grande maioria das lesões.
A localização exata de
lesões intracranianas situadas na convexidade do crânio é
geralmente imprecisa devido à conformação oval do crânio
e a ausência de pontos de referências externos. A acurácia
na localização pré-operatória dessas lesões
pode ser obtida através do uso da estereotaxia e neuronavegação.
A neuronavegação já se tornou um procedimento de rotina em
alguns departamentos de neurocirurgia em alguns países do mundo, todavia
o seu uso é restrito em virtude do seu alto custo. Por outro lado a tomografia
de crânio e a ressonância magnética são exames radiológicos
acessíveis na maioria dos grandes centros urbanos e a otimização
no uso desses instrumentos disponíveis pode ajudar na localização
precisa de lesões intracranianas.
É
possível, sem a ajuda da neuronavegação, localizar com boa
precisão a projeção de uma lesão no couro cabeludo
de determinado paciente e desta forma realizar um planejamento cirúrgico
pré-operatório adequado. Para isso é preciso traçar
coordenadas cartesianas nos exames de neuroimagem e transferir essas coordenadas
para o couro cabeludo na hora da cirurgia. Existem alguns detalhes técnicos
relacionados à conversão das distâncias relativas das imagens
e a distância real no paciente, entretanto os cálculos aritméticos
são bastante rudimentares e simples.
A
técnica está sendo aplicada no Hospital das Clínicas da Unicamp
desde 1998 e a partir do momento que o método se mostrou confiável
foi desenvolvida uma tese de doutoramento sobre o tema, na qual 44 pacientes já
foram submetidos à cirurgia minimamente invasiva.
Os
principais favorecidos com esta técnica são os pacientes, já
que uma incisão cirúrgica maior é mais desconfortável
e traz mais riscos. Por outro lado uma incisão cirúrgica menor é
mais rápida de ser realizada, diminui o tempo operatório e também
o tempo de convalescença hospitalar.
Os
detalhes técnicos sobre a referida técnica e os resultados obtidos
podem ser lidos na biblioteca da Faculdade de Ciências Médicas ou
no próximo volume do periódico indexado Arquivos de Neuro-psiquiatria.