A
vida depois da perda
Programa
acompanha mulheres que querem
ser mãe após histórico
de abortos recorrentes
TATIANA
FÁVARO e ÁLVARO
KASSAB
manhã
do último 11 de maio, uma sexta-feira, trouxe mais que a chuva temporã,
água tão benfazeja quanto insuficiente para abrandar os efeitos
do revertério climático. Trouxe também Alexandre dos Santos,
bebê de pouco menos de 3 quilos, nascido no Caism (Centro de Atenção
Integral à Saúde da Mulher) da Unicamp. Alexandre passou sábado
e domingo no colo da mãe, Sueli Tereza dos Santos, protagonista pela segunda
vez do programa Imunologia da Reprodução. Coordenado pelo obstetra
e ginecologista Ricardo Barini e considerado um dos mais bem-sucedidos na área
de saúde pública no país, o programa introduziu técnicas
pioneiras no tratamento de mulheres com histórico de abortos recorrentes,
drama silencioso que aflige milhares de casais.
Sueli, auxiliar de cozinha que passou pelo menos oito dos seus 33 anos sonhando
com a maternidade, conhece bem o roteiro ignorado pela barulheira midiática.
Foi vítima de três abortos espontâneos. O último deles,
que precedeu um aneurisma em 1992, a colocou na linha de frente da dúvida:
valeria a pena apostar numa procura em que a morte tomava a dianteira? Tinha todos
os motivos para desistir da empreitada, até ser encaminhada pelos profissionais
do Caism ao programa recém-criado. Sueli deu à luz, um ano depois,
a Eduardo, hoje com 7 anos, que, segundo a mãe, não via a hora de
ver o irmão caçula entrar pela porta da casa, em Hortolândia,
na região metropolitana de Campinas. O primogênito de Sueli é
uma das primeiras das cerca de 250 crianças que vieram ao mundo desde a
implantação do programa da Unicamp.
Tratamento