A captação de recursos para projetos artísticos e culturais desenvolvidos na Unicamp é um dos serviços prestados pela Inova. A agência dá todo o suporte necessário a docentes, pesquisadores e alunos na formulação de propostas a serem encaminhadas ao Ministério da Cultura (MinC), para seu futuro enquadramento na Lei de Incentivo à Cultura (Lei Rouanet) e a conseqüente utilização do benefício na captação de patrocínios. Criada em 1991 para incentivar investimentos culturais, a Lei Rouanet poder ser usada por empresas e pessoas físicas que desejam financiar projetos culturais. A contrapartida oferecida é o abatimento, no Imposto de Renda, de 4% para pessoa jurídica e de 6% para pessoa física.

Atualmente, a Inova vem acompanhando 14 projetos institucionais (veja quadro), entre eles o da Estação Guanabara, o novo prédio do Acervo do Arquivo Edgar Leuenroth (AEL), a criação do Museu Universitário e a construção do Teatro Ágora, os dois últimos no Instituto de Artes (IA), além de iniciativas nas áreas de música, cinema, teatro e preservação de documentos e de patrimônio. Todos as propostas já foram aprovadas pelo MinC.

O diferencial, no caso, é que muitos desses projetos são derivados de pesquisas desenvolvidas na Universidade ou concebidos com o objetivo de atender a comunidade acadêmica e o público em geral. Um exemplo é a peça Quando as pernas fazem miserê, escrita pelo diretor de teatro Luiz Carlos Nem. A obra é derivada de uma dissertação de mestrado, orientada pela professora Suzi Frankl Sperber, e cumpriu uma bem-sucedida temporada por teatros de Campinas e de outras cidades. A montagem narra a história do Mestre Pastinha, capoeirista de Salvador que revolucionou a história da capoeira no Brasil no início do século passado. Foi bancada por recursos provenientes da Lei Rouanet a partir de prospecção feita pela Inova.

Passo a passo – Os profissionais da agência assessoram os autores de projetos desde a sua concepção, passando por sua formatação, encaminhamento e posterior acompanhamento dos trâmites burocráticos. O último passo, normalmente o mais complicado, é a busca de recursos em empresas dispostas a patrociná-lo. “Entregamos o pacote pronto”, diz Iara Regina da Silva Ferreira, analista de parcerias da Inova.

Na função desde 2001, Iara lembra que muita coisa mudou desde a formatação do primeiro projeto (Estação Guanabara). “Antes, ao concebermos o projeto, privilegiávamos os aspectos técnicos. Com o tempo, constatamos que o estudo de viabilidade é tão importante quanto a massa documental”, afirma a analista. “Às vezes, o projeto é maravilhoso mas sua venda e a busca de patrocinador são inviáveis”.

A equipe da Inova leva em conta vários critérios que podem pesar, mais adiante, na captação de recursos. O autor do projeto, normalmente um docente, fica familiarizado com toda a operação, passo a passo. Esse planejamento, diz Iara, é fundamental para evitar intercorrências ao longo do processo. “A Lei Rouanet está repleta de meandros. Mostramos ao docente que, sem organização, tudo fica mais complicado”, revela a analista, ressaltando que, quando se fala na lei, é importante ter em mente que o que é captado são recursos do Estado que são revertidos em benefício fiscal. “Lá na frente, o autor do projeto terá de prestar contas de tudo”.

Destacando o papel da Inova no apoio às produções geradas na Universidade, Iara lembra que uma nova frente foi aberta com esse trabalho de prospecção. A começar de parcerias que foram ou serão firmadas com municípios interessados em investir em projetos culturais. Nesse âmbito, cidades da região de Campinas manifestaram a intenção de desenvolver trabalhos em parceria com a Unicamp. A Inova também tem recebido propostas das demais regiões do país, e vem atuando em outras áreas de captação.

Exemplo recente foi o projeto “Documentação e transmissão dos saberes tradicionais dos assurini do Xingu”, de autoria da professora Regina Pólo Müller, do Instituto de Artes (IA). Recursos obtidos pela agência junto ao Iphan (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Cultural), no valor de R$ 60.713,57, permitirão a documentação, por meio de material audiovisual, das manifestações culturais e artísticas de integrantes da tribo indígena localizada no município paraense de Altamira.

“Nossa interação com a direção do Instituto de Artes, de onde vem a maioria dos projetos, tem sido fundamental para a formatação de projetos”, revela Iara, admitindo que o trabalho ainda é embrionário. “Temos um grande desafio pela frente, já que não somos suficientemente conhecidos. Nossas ações ainda carecem de mais divulgação. Acredito, porém, que os resultados obtidos até agora têm sido muito positivos”, avalia.

O efeito mais concreto desse trabalho, diz a analista, é o fato de a pesquisa gerada na Universidade chegar à comunidade com a chancela da qualidade. “Os projetos das áreas de arte e cultura desenvolvidos na Unicamp, além de excelentes, são abertos e muitas vezes gratuitos. É gratificante saber que a sociedade vai ter acesso aos trabalhos”.

Projetos aprovados pelo MinC

Estação Guanabara
Valor: R$ 9.858.069,33

Acervo do Centro de Memória de Música Contemporânea (CMDC)*
Valor: 263.281,00

Ágora – Teatro Universitário de Campinas
Valor: R$ 6.532.524,90

Galvez – Imperador do Acre
Valor: R$ 824.838,13

Memória do Jongo: as gravações históricas de Stanley Stein*
Valor: R$ 124.871,31

O Anunciador – O Homem das Tormentas (cinema)
Valor: R$ 115.173,04

Arquivo pessoal de Flávio de Carvalho
Valor: R$ 433.257,46

Eventos da Orquestra Sinfônica Jovem de Campinas – Unicamp
Valor: R$ 40.275,19

Museu Universitário de Arte de Campinas
Valor: R$ 1.722.448,10

Nova sede do Arquivo Edgard Leuenroth
Valor do Projeto: R$ 1.367.707,56

Temporada da Orquestra Sinfônica Jovem de Campinas
Valor: R$ 774.902,27

Quando as Pernas Fazem Miserê* (teatro)
Valor: R$ 263.680,00

Organização do Arquivo e publicação do Inventário Ibope*
Valor: R$ 41.606,57

Projeto NanoAventura
Valor: R$ 1.233.792,68


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