O
robô bípede Centro de Tecnologia da Unicamp desenvolve
máquina
que será capaz de desviar de obstáculos Robô
Bípede-1 (RB-1), uma das novidades apresentadas por pesquisadores da Unicamp
durante a Cientec, deve ganhar novos acessórios permitindo que ele gire
para a esquerda e a direita, desviando de obstáculos. Previsto para ser
concluído em abril de 2002, o robô receberá então uma
nova denominação, RB-2, segundo o coordenador do projeto, professor
Douglas Eduardo Zampieri, do Departamento de Mecânica Computacional da Faculdade
de Engenharia Mecânica (FEM). O
RB-1 faz parte de um projeto de auxílio à pesquisa da Fapesp e também
da tese de doutorado do professor Carlos André Dias Bezerra. Trata-se do
único no Brasil com este nome, dimensões e aspectos quanto à
forma e modo de andar. Nosso objetivo é desenvolver um robô
móvel com pernas capaz de navegar em ambiente desconhecido e com obstáculos,
explica Zampieri. A
máquina, cuja confecção ficou a cargo do Centro de Tecnologia
(CT) da Unicamp, é constituída de sete segmentos em alumínio
(dois pés, duas pernas, duas coxas e uma pelve), unidos por juntas de rotação
(dois tornozelos, dois joelhos e dois quadris) e acionados por seis servomotores,
do mesmo tipo utilizado no aeromodelismo. Ele tem 48 centímetros de altura
e pesa 2,2 quilos. Os
servomotores recebem dados pela porta serial do computador. Com isso, o RB-1 consegue
movimentar-se para frente e para trás, com uma velocidade de um centímetro
por segundo. Para girar de ambos os lados e fugir dos obstáculos, ele deverá
ganhar mais dois servomotores, um em cada quadril. Além disso, em vez dos
sensores de toque para detectar os obstáculos, ganhará sensores
de infravermelho. O
professor Bezerra lembra que, dentre suas características, o robô
traz embutido um caráter tecnológico que agrega conceitos de dinâmica,
eletrônica e inteligência artificial. Isso possibilita o envolvimento
de pessoas de diferentes áreas de conhecimento, que é o objetivo
da pesquisa. A maior parte dos robôs bípedes tem propósitos
acadêmicos para aplicação e verificação de novas
teorias, destaca. Apesar desse detalhe, Bezerra adianta que o RB-1 pode
ser adaptado para uso prático, embora não seja este o objeto da
pesquisa. Além da utilização acadêmica, no exterior
já são construídos robôs para atuar na indústria,
no auxílio a deficientes e no entretenimento, casos do Asimo (da Honda)
e do SDR-3 (da Sony), exemplifica. Versões
diversas Carlos Bezerra informa que o estudo de robôs começou
em 1964 e o primeiro surgiu em 1973, na Universidade de Waseda, em Tóquio.
Desde então diversos pesquisadores, principalmente no Japão e nos
Estados Unidos, propuseram diferentes versões, sendo que a maior parte
das pesquisas está focada no procedimento de controle do robô. Cientificamente,
o RB-1 é definido como uma estrutura mecânica articulada do tipo
híbrida, ou seja, a união de segmentos através de juntas
de rotação, formando uma cadeia cinemática, ora aberta (quando
está com um pé no chão) e ora fechada (com ambos os pés
no solo). Por isso é híbrida (fechada + aberta), explica. O
projeto de pesquisa, iniciado em maio de 2000, tem orçamento de R$ 45.676,00.
Além dos professores Carlos Bezerra e Douglas Eduardo Zampieri, estão
envolvidos Daniel Carmona de Campos, Danilo Landucci Benzatti, José Fábio
Abreu de Andrade e André Menteleck. ---------------------------- Computador
com braços OA
coordenadora do Núcleo de Informática Aplicada à Educação
(Nied) da Unicamp, Heloísa Vieira da Rocha, associa o Projeto Siros (Sistemas
Robóticos com Superlogo) à figura de um computador com braços.
Isso porque saímos do contexto da tela. Quem monta a máquina
vê, aqui fora, o resultado dos comandos criados para o software, afirma.
Segundo Heloísa, o Siros incide em duas vertentes importantes da aprendizagem
por crianças: a descoberta do funcionamento dos objetos e o motivo de essas
estruturas obedecerem determinados comandos. Todas as crianças conhecem
uma roda gigante, mas com o Siros elas aprendem os mecanismos que a fazem funcionar.
Mais que isso, elas aprendem, na prática, conceitos que permitirão
o controle desses mecanismos, observa. Heloísa
relata a experiência com um grupo de crianças de 10 a 12 anos que,
segundo ela, comprova a eficiência do projeto de robótica na educação,
no que diz respeito a estimular o interesse pelo conhecimento. A gente junta
uma classe e distribui esse tipo especial de Lego, que possui motores. Lança
a idéia de montar carrinhos velozes, controlados por computador. Todos
os alunos saem construindo seus carrinhos, descobrindo onde colocar o motor, as
rodas, o peso, o tamanho das peças, sempre com a preocupação
de que o carrinho ande, descreve. A programação do software
é desenvolvida por uma linguagem denominada logo, criada especialmente
para o ambiente educacional. O logo dispõe de denominações
simples para os controles, tentando aproximar os conceitos do programa utilizado.
São termos como liga motor, liga sensor,
liga luz, enfim, uma coleção de comandos que a criança
utiliza como achar melhor. É
o ensino pela experimentação, ou educação intuitiva.
A parte educacional entra quando a criança faz a análise da
estrutura que montou. Ela vê o motivo pelo qual o carro dela não
anda ou está lento, e parte então para uma segunda etapa, a de fazer
um carrinho que ande ou ande rápido, acrescenta Heloísa. A
implantação do Projeto Siros em escolas é possível,
desde que haja um laboratório de informática. A Lego chegou
a fazer doações para algumas escolas, mas como o software pode significar
despesa, estamos oferecendo outro mecanismo: os alunos podem controlar os robôs
do Nied, via Internet, informa. O
núcleo levou à Cientec outros dois projetos: o Teleduc e o Dafe.
O primeiro é um ambiente freeware para criação, participação
e administração de cursos na web, voltado principalmente para educadores.
O segundo é um projeto que visa a melhoria da formação de
trabalhadores nas indústrias, a partir de atividades de capacitação
realizadas por meio de computadores. O Dafe oferece softwares de jogos e simulações
de situações de trabalho. ----------------------- >>
Robótica
na educação >>
Ciranda, cirandinha
De
médico e de louco...
De
perto ninguém é normal, já dizia a canção.
Um rapaz, que afirma se chamar Astolfo Mariano, postou-se em frente ao portão
de entrada da Mostra da Cientec. Queria protestar contra a tecnologia, mais precisamente
contra o efeito corrosivo da ciência em algumas pessoas. Não
que ele a considere uma peste, mas quis deixar claro que a tecnologia não
pode eliminar a sensibilidade humana. Vestindo
roupas brancas, cabelos engomados, óculos de armação escura
e grossa, livro em punho e charuto na boca, Mariano tinha ao lado um homem
de lata em cadeira de rodas. O nome dele, de batismo, é João,
informou, sobre o boneco montado com restos de máquinas de escrever, de
calcular, teclados e outras quinquilharias tecnológicas aposentadas. Mas
agora ele não tem mais nome. Já o chamam de inválido de guerra,
máquina, outro dia o chamaram até de robô, e isso o deixou
muito triste, lamentou o jovem, que se dizia enfermeiro de João.
A
cena pitoresca chamou a atenção. Ele (o robô) quis vir
à feira de ciências e, como não pode mais andar, eu o trouxe,
insistia Mariano, com ares teatrais. Nas mãos, um livro de John Horgan:
O fim da ciência uma discussão sobre os limites do conhecimento
científico. |
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