A exemplo de escolas da européias e americanas, também a Faculdade
de Ciências Médicas (FCM) da Unicamp tem uma equipe de especialistas
em prestar apoio psicológico a alunos de medicina e de enfermagem. Trata-se
do Grupo de Apoio Psicopedagógico ao Estudante de Medicina e Enfermagem
e ao Médico Residente (Grapeme), formado por pisiquiatras, cuja proposta
principal é oferecer suporte psicológico a alunos e residentes de
ambos os cursos ministrados pela Faculdade.
Agora
em agosto, com a participação de alunos, residentes, docentes e
demais convidados, a escola estará comemorando cinco anos de criação
do Grupo. O serviço, que já assistiu a cerca de 400 alunos, foi
fundado pela FCM 1996. Mas a sua formação não se deu por
acaso: docentes da época começaram a perceber uma alta prevalência
de alunos com algum tipo de sofrimento emocional, ocasionado tanto por problemas
pessoais quanto pelas dificuldades normais de um curso como o de enfermagem ou
o de medicina, explica a psiquiatra Iara Polis Scavariello, da FCM. A
principal função do Grapeme é atuar de maneira preventiva
através de palestras, grupos de discussão, de reflexão, terapêutica,
atendimentos individuais psiquiátricos e de psicoterapia. Os cursos de
medicina e de enfermagem têm características muito particulares que
podem ser fatores responsáveis ou desencadeantes principalmente de distúrbios
emocionais. Nos dois cursos o contato freqüente com a dor e com a morte
pode ser fonte de sofrimento para o aluno, como observa Maria Gabriella
Neves Di Mattia, também psiquiatra. Verifica-se
que o estresse emocional começa por ocasião do vestibular, em virtude
da grande competitividade entre os alunos desde o processo de seleção,
devido a uma intensa relação candidatos/vaga. Problema que se intensifica
na Medicina, onde o número de candidatos é infinitamente superior.
Depois, durante o curso, vem a extensa carga didática, acrescida de um
aprendizado prático em plantões, o medo de cometer erros tendo como
conseqüência a vida de um outro ser humano. Como se isso não
bastante, o estudante de medicina ou de enfermagem ainda se vê diante um
problema não menos sério: as dúvidas quanto à escolha
profissional, uma vez que a convivência com fatores estressantes é
uma constante. Por fim, as dificuldades pessoais das mais diversas origens constituem
fatores importantes, que provocam certo sofrimento ao estudante, como
observa Maria Gabriella. O
serviço procura auxiliar os alunos sobretudo em relação ao
aspecto emocional durante as diferentes etapas do curso. Por exemplo, no atual
momento em que a escola médica passa por transformações significativas
referentes à reforma curricular, o Grapeme tem o compromisso de participar
na formação de um profissional mais capacitado para lidar com a
sensibilidade do outro, pois tem a possibilidade de lidar melhor com os próprios
sentimentos, diz Iara. Mônica
Vilela da Mota Silveira, também psiquiatra, explica por sua vez que nesses
anos todos observou-se visível melhora na qualidade de vida dos estudantes,
que passaram a lidar de maneira mais satisfatória com as condições
estressantes inerentes ao curso e ao exercício da medicina. Com isso melhorou
bastante não apenas em termos acadêmicos mas na qualidade de vida
pessoal. O estudante passou a se organizar melhor, tanto em termos acadêmicos
quanto para as atividades livres e, por conseqüência, poder levar uma
vida mais saudável, explica. Para ela, esse tipo de apoio busca tranquilizar
o aluno, uma vez que todo ser humano, quando sofre de sintomas de ansiedade ou
depressão intensas, pode ficar paralisado perdendo a capacidade de conviver
bem consigo mesmo. Isso acaba prejudicando seu desempenho tanto acadêmico
quanto profissional, diz Mônica. |
O
Centro de Memória da Unicamp, a Editora da Unicamp e a Faculdade de Educação
lançaram durante o 13o Congresso de Leitura (Cole), realizado de 17 a 20
de julho, uma coletânea de livros sobre educação não
formal e alfabetização. O evento aconteceu durante a Feira de Leitura.
A
obra Educação Não Formal: cenários da criação
contempla artigos de educadores e especialistas em educação não
formal, como Almerindo Janela Afonso, que discutem as especificidades da educação,
no seu sentido mais amplo. Todas as ilustrações do livro são
de autoria de Dálcio Machado. Segundo
Olga Rodrigues de Moraes Von Simson, coordenadora do Núcleo de Estudos
e Pesquisa Gemec (, vinculado ao Centro de Memória da Unicamp, esta
é uma produção que mostra o amadurecimento das discussões
e as problemáticas sobre a educação não formal nos
dias atuais, que vêm ganhando cada vez mais espaço na sociedade,
principalmente no 3º Setor, bem como maior divulgação na mídia. Organizada
por Olga, Margareth Brandini Park e Renata Sieiro Fernandes, a coletânea
se divide em três partes: teórico-metodológica; reflexões
sobre a prática em instituições; e propostas de trabalho.
As charges de Dálcio, de cunho social, vêm contribuir para
as reflexões e discussões a partir de uma outra linguagem de grande
impacto, a imagética, avalia Olga. As
outras obras em lançamento são Alfabetização
e Letramento: contribuições para a prática pedagógica,
organizada por Sérgio Antônio da Silva Leite; e Entre Leitores:
Alunos e Professores, organizada por Lílian Lopes Martin da Silva. |