AA sede do
Lume (Núcleo Interdisciplinar de Pesquisas Teatrais) tornou-se pequena
para os ensinamentos de Suzy Frankl Sperber, professora do Departamento de Teoria
Literária do Instituto de Estudos da Linguagem da Unicamp. As atividades
desenvolvidas por ela com membros do grupo Lume, do qual é coordenadora
associada, passam a fazer parte do currículo dos alunos do curso de pós-graduação
em artes da Unicamp. Movimento e Expressão I, nova disciplina,
é uma proposta de reflexão teórica sobre a parte prática
do treinamento do ator. Destinado a atores, o curso tem um limite máximo
de 15 alunos, selecionados a partir da apresentação de currículo
resumido e carta de intenção.
O
curso ministrado por Suzy é resultado de sua trajetória no Lume
e é capaz de conceber o ator como um pesquisador capaz de formular o seu
texto. Segundo a professora, é uma concepção moderna de teatro
e da arte de ator. Ela revela que, apesar de envolvente, o trabalho literário
proposto por ela ao assumir a coordenação do Lume, em 1996, surpreendeu
os profissionais do núcleo. Ao propor uma publicação em revista
sobre os espetáculos desenvolvidos, sentiu a dificuldade dos atores em
exprimir a sua prática por meio da teorização. Percebi
a dificuldade de entender a linguagem e passei a ouvi-los, pedi que falassem sobre
suas experiências, conta. Três meses depois do trabalho iniciado,
alunos disseram que nunca escreveriam. Hoje, a revista tem três números,
reforça. Suzy
é professora do Instituto de Estudos da Linguagem, credenciada a orientar
alunos do curso de Artes da Unicamp. A idéia de estender a experiência
a alunos do curso de artes foi lançada por Renato Ferracini, depois de
observar o trabalho de teorização desenvolvido nos projetos de atores
do Lume. A partir do momento que foram experimentando, surgiu a vontade
de escrever e estender aos colegas, declara Suzy. Com quase 35 anos na história
da prática da leitura, sem interrupção, a professora acredita
que sua bagagem ajuda a trabalhar com atores. Para
ela, somente por meio da teorização é que o ator pode se
tornar verdadeiramente independente. Ao assistir a uma produção
de um renomado dramaturgo brasileiro na qual as cenas deveriam ser explicadas
pelos atores, a professora notou que a única pessoa a se pronunciar foi
o próprio diretor. Foi neste momento que a coordenadora associada do Lume
percebeu que os atores tinham ficado bastante dependentes. A prática tradicional,
afirma, permitia que o ator ficasse nas mãos do diretor, sem autonomia
na sua criação. O
curso oferecido pelo IA visa criar essa novidade. A novidade do ator que se tornou
cada vez mais independente na pesquisa do corpo, reforça. CONTEÚDO
PROGRAMÁTICO O
curso a ser ministrado no Instituto de Artes será dividido em duas partes.
A primeira será ministrada pelo ator Renato Ferracini. Ele trabalhará
diversos elementos técnicos que compõem o treinamento diário
dos atores do Lume (Núcleo Interdisciplinar de Pesquisas Teatrais), fornecendo
metodologias para instrumentalização do ator. O primeiro momento
do curso abordará temas básicos do trabalho do ator, como a transformação
do peso em energia, a dinâmica das ações físicas no
tempo e no espaço, a relação com o chão, a relação
com o ar, o trabalho das articulações e a segmentação
corporal, a energia animal e a relação entre atores. A
partir da observação da trabalho dos atores, Suzy Sperber ministra
a segunda parte do curso, por meio de encontros de reflexão sobre os elementos
trabalhados e sua contextualização poética, estética,
ética e metodológica. No Lumefiz isso. Assisti a um treinamento,
uma apresentação prévia para tomar nota e falar com os alunos,
recorda. Ela observa que, a partir da observação da movimentação
do trabalho com o corpo, a forma do espaço, é possível fazer
uma reflexão teorizadora, e, no momento em que a pessoa põe o corpo
em movimento, há a teorização. É a partir deste momento
que o ator passa a ter uma consciência que ainda não tinha de seu
corpo. A professora
diz estar diante de um desafio, mas, acredita que o tema despertará o interesse
de muitas pessoas. As aulas serão ministradas às terças-feiras,
em um espaço ainda a ser definido. |
Tom
da Madeira reverencia estrelas do choro em show no IA
No
cavaco, Luciano Baradel; no pandeiro, Lucas da Rosa; no violão de sete
cordas, Eduardo Lobo; e no bandolim, Adriano Amorim. Esta é a composição
do grupo Tom da Madeira, que reverencia astros do choro brasileiro, como Pixinguinha
e Altamiro Carrilho, em show de 40 minutos a ser realizado no auditório
do Instituto de Artes da Unicamp, dia 8 de agosto, às 12h30. O
grupo mistura a linguagem mais moderna com a mais tradicional do choro, fazendo
uma leitura mais harmônica do gênero. Com elementos rítmicos
novos, o velho e conhecido chorinho acaba recebendo influências
do jazz e de ritmos cubanos como a salsa. O novo tratamento até permite
alguns breques, incomuns ao choro tradicional, garante o músico Lucas da
Rosa. Ele explica que a injeção de novos elementos nas composições
trabalhadas pelo conjunto não alteram o ritmo. Os
arranjos são trabalhados aos poucos, de acordo com o formato desejado pelo
grupo, e envolvem instrumentos de cordas e percussão. Entre as peças
mais conhecidas dos musicistas estão Carinhoso, de Pixinguinha, e Aeroporto
do Galeão, de Altamiro Carrilho.
O som apresentado pelo Tom da Madeira é totalmente instrumental, mas no
show do dia 8 de agosto, no Instituto de Artes, os músicos se unem às
cantoras Cissa Baradel e Sandra Amorim na interpretação de duas
peças. A maior parte do repertório é solada pelo bandolim
de Adriano Amorim e, eventualmente, pelo cavaco, segundo Lucas da Rosa. A
ordem é começar com música. Na primeira semana de aula a
comunidade conhecerá o som que os integrantes do Tom da Madeira fazem ecoar
há quatro meses no restaurante Salsinha e Cebolinha, em Barão Geraldo,
e saberá por que arrancaram aplausos do público no Festival de Inverno
de Amparo, Serra Negra e Águas de Lindóia. Quem for ao Instituto
de Artes no dia 8 descobrirá por que o Tom da Madeira esteve no Sesc Campinas
apresentando a suíte Retratos, de Radamés Gnattalli, uma obra raramente
executada no Brasil que mistura o regional do choro com orquestra de cordas. O
convite é feito para toda a comunidade.. |