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..............Campinas, 30 de julho a 5 de agosto 2001

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....EDUCAÇÃO
Unicamp
Pós em Artes instrumentaliza atores


AA sede do Lume (Núcleo Interdisciplinar de Pesquisas Teatrais) tornou-se pequena para os ensinamentos de Suzy Frankl Sperber, professora do Departamento de Teoria Literária do Instituto de Estudos da Linguagem da Unicamp. As atividades desenvolvidas por ela com membros do grupo Lume, do qual é coordenadora associada, passam a fazer parte do currículo dos alunos do curso de pós-graduação em artes da Unicamp. “Movimento e Expressão I”, nova disciplina, é uma proposta de reflexão teórica sobre a parte prática do treinamento do ator. Destinado a atores, o curso tem um limite máximo de 15 alunos, selecionados a partir da apresentação de currículo resumido e carta de intenção.

O curso ministrado por Suzy é resultado de sua trajetória no Lume e é capaz de conceber o ator como um pesquisador capaz de formular o seu texto. Segundo a professora, é uma concepção moderna de teatro e da arte de ator. Ela revela que, apesar de envolvente, o trabalho literário proposto por ela ao assumir a coordenação do Lume, em 1996, surpreendeu os profissionais do núcleo. Ao propor uma publicação em revista sobre os espetáculos desenvolvidos, sentiu a dificuldade dos atores em exprimir a sua prática por meio da teorização. “Percebi a dificuldade de entender a linguagem e passei a ouvi-los, pedi que falassem sobre suas experiências”, conta. Três meses depois do trabalho iniciado, alunos disseram que nunca escreveriam. “Hoje, a revista tem três números”, reforça.

Suzy é professora do Instituto de Estudos da Linguagem, credenciada a orientar alunos do curso de Artes da Unicamp. A idéia de estender a experiência a alunos do curso de artes foi lançada por Renato Ferracini, depois de observar o trabalho de teorização desenvolvido nos projetos de atores do Lume. “A partir do momento que foram experimentando, surgiu a vontade de escrever e estender aos colegas”, declara Suzy. Com quase 35 anos na história da prática da leitura, sem interrupção, a professora acredita que sua bagagem ajuda a trabalhar com atores.

Para ela, somente por meio da teorização é que o ator pode se tornar verdadeiramente independente. Ao assistir a uma produção de um renomado dramaturgo brasileiro na qual as cenas deveriam ser explicadas pelos atores, a professora notou que a única pessoa a se pronunciar foi o próprio diretor. Foi neste momento que a coordenadora associada do Lume percebeu que os atores tinham ficado bastante dependentes. A prática tradicional, afirma, permitia que o ator ficasse nas mãos do diretor, sem autonomia na sua criação.

“O curso oferecido pelo IA visa criar essa novidade. A novidade do ator que se tornou cada vez mais independente na pesquisa do corpo”, reforça.

CONTEÚDO PROGRAMÁTICO

O curso a ser ministrado no Instituto de Artes será dividido em duas partes. A primeira será ministrada pelo ator Renato Ferracini. Ele trabalhará diversos elementos técnicos que compõem o treinamento diário dos atores do Lume (Núcleo Interdisciplinar de Pesquisas Teatrais), fornecendo metodologias para instrumentalização do ator. O primeiro momento do curso abordará temas básicos do trabalho do ator, como a transformação do peso em energia, a dinâmica das ações físicas no tempo e no espaço, a relação com o chão, a relação com o ar, o trabalho das articulações e a segmentação corporal, a energia animal e a relação entre atores.

A partir da observação da trabalho dos atores, Suzy Sperber ministra a segunda parte do curso, por meio de encontros de reflexão sobre os elementos trabalhados e sua contextualização poética, estética, ética e metodológica. “No Lumefiz isso. Assisti a um treinamento, uma apresentação prévia para tomar nota e falar com os alunos”, recorda. Ela observa que, a partir da observação da movimentação do trabalho com o corpo, a forma do espaço, é possível fazer uma reflexão teorizadora, e, no momento em que a pessoa põe o corpo em movimento, há a teorização. É a partir deste momento que o ator passa a ter uma consciência que ainda não tinha de seu corpo.

A professora diz estar diante de um desafio, mas, acredita que o tema despertará o interesse de muitas pessoas. As aulas serão ministradas às terças-feiras, em um espaço ainda a ser definido.

 

....MÚSICA


Tom da Madeira reverencia estrelas
do choro em show no IA

No cavaco, Luciano Baradel; no pandeiro, Lucas da Rosa; no violão de sete cordas, Eduardo Lobo; e no bandolim, Adriano Amorim. Esta é a composição do grupo Tom da Madeira, que reverencia astros do choro brasileiro, como Pixinguinha e Altamiro Carrilho, em show de 40 minutos a ser realizado no auditório do Instituto de Artes da Unicamp, dia 8 de agosto, às 12h30.

O grupo mistura a linguagem mais moderna com a mais tradicional do choro, fazendo uma leitura mais harmônica do gênero. Com elementos rítmicos novos, o velho e conhecido “chorinho” acaba recebendo influências do jazz e de ritmos cubanos como a salsa. O novo tratamento até permite alguns breques, incomuns ao choro tradicional, garante o músico Lucas da Rosa. Ele explica que a injeção de novos elementos nas composições trabalhadas pelo conjunto não alteram o ritmo.

Os arranjos são trabalhados aos poucos, de acordo com o formato desejado pelo grupo, e envolvem instrumentos de cordas e percussão. Entre as peças mais conhecidas dos musicistas estão Carinhoso, de Pixinguinha, e Aeroporto do Galeão, de Altamiro Carrilho.

O som apresentado pelo Tom da Madeira é totalmente instrumental, mas no show do dia 8 de agosto, no Instituto de Artes, os músicos se unem às cantoras Cissa Baradel e Sandra Amorim na interpretação de duas peças. A maior parte do repertório é solada pelo bandolim de Adriano Amorim e, eventualmente, pelo cavaco, segundo Lucas da Rosa.

A ordem é começar com música. Na primeira semana de aula a comunidade conhecerá o som que os integrantes do Tom da Madeira fazem ecoar há quatro meses no restaurante Salsinha e Cebolinha, em Barão Geraldo, e saberá por que arrancaram aplausos do público no Festival de Inverno de Amparo, Serra Negra e Águas de Lindóia. Quem for ao Instituto de Artes no dia 8 descobrirá por que o Tom da Madeira esteve no Sesc Campinas apresentando a suíte Retratos, de Radamés Gnattalli, uma obra raramente executada no Brasil que mistura o regional do choro com orquestra de cordas. O convite é feito para toda a comunidade..

 

 
 
 
 

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