A Unicamp teve
participação expressiva na reunião regional do Estado
de São Paulo da Conferência Nacional de Ciência, Tecnologia
e Inovação. Além dos nove projetos desenvolvidos por profissionais
da universidade e apresentados na Assembléia Legislativa nos dias 17 e
18 de agosto, as mesas de debate contaram com as intervenções do
reitor Hermano Tavares, do professor do Departamento de Botânica Carlos
Joly, do professor Isaias Macedo, assessor da Reitoria, do professor do Instituto
de Física Carlos Henrique de Brito Cruz, presidente da Fapesp, e do professor
Paulo Arruda. As reuniões regionais têm por finalidade fortalecer
as parcerias do governo federal, por meio de ciência e tecnologia, com os
diversos setores da sociedade e coletar experiências locais que possam ser
incorporadas às discussões durante a Conferência Nacional.
A intervenção do professor Hermano Tavares no debate sobre desenvolvimento
tecnológico e científico, coordenado pela deputada estadual Célia
Leão, foi de fundamental importância para a refletir o papel do Estado
no processo. Se queremos achar um atalho tecnológico, temos que,
ao mesmo tempo, achar um atalho social, alertou. Entre as questões
apontadas pelo reitor como inibidoras do desenvolvimento estão a má
distribuição de renda, baixa média de escolaridade da população
e ensino superior, que, na sua opinião, além de ter sido implantado
tardiamente ainda é excludente. Na
opinião dos cientistas, a educação superior deve ser assumida
pelo Poder Público. Mas, na realidade, a rede privada que abriga 83,5%
dos estudantes universitários do País. O reitor da Unicamp afirma
que porcentual como esse não existe em parte nenhuma do mundo. Situação
parecida encontram as agências de fomento à pesquisa. É
necessário fazer pesquisa básica nas universidades, com recursos
do Estado, afirma o presidente da Academia de Ciências do Estado de
São Paulo, Walter Colli. A pesquisa básica é dez a
cem vezes maior que a inovação tecnológica; o mau direcionamento
dos recursos pode acabar matando a fonte de idéias, adverte. Também
representando a Unicamp, o professor Carlos Joly, do departamento de Botânica
do Instituto de Biologia, apresentou números que apresentam o País
como o maior depositário da biodiversidade mundial. De acordo com os dados
apresentados pelo pesquisador, existem 55 mil espécies de plantas, 6,5
mil de vertebrados, 12 mil de insetos catalogados. Porém, ele observa que
a utilização deste potencial é ainda pequena e as informações
dispersas.
Paulo Arruda, professor do Cebemeg, chamou a atenção para a inexistência
de empresas de biotecnologia, que seriam as responsáveis pela aplicação
prática dos conhecimentos oriundos dos centros de pesquisa ligados ao Poder
Público. --------------------------------------- Projetos
viabilizam a comunicação científica
Vários
dos projetos da Unicamp selecionados para a discussão regional priorizam
a divulgação de informação científica a instituições
de ensino fundamental e médio. Entre eles, o trabalho Comunidade
do conhecimento construída a partir de uma realidade, coordenado
pelo professor de tecnologia da comunicação da faculdade de Educação
Sérgio Ferreira do Amaral. Este mês o projeto saiu do papel e transformou-se
em um portal destinado à disseminação de informações
educacionais com transmissão de áudio pela Rede Internet. Trata-se
de uma rádio virtual, por meio da qual será possível disponibilizar
todo conhecimento gerado no mundo, de acordo com as expectativas de Amaral. O
site irá servir de interlocutor entre estudantes, educadores e comunidades.
A primeira experiência será realizada com futuros frutos da casa,
os alunos da Escola Estadual de Primeiro Grau Sérgio Porto, que atende
filhos de funcionários da Unicamp. O projeto vai dispor de material produzido
pelos próprios alunos, informações sobre eventos e estimular
a realização de eventos conjuntos. A idéia é inserir
crianças do ensino público no processo de ciência e tecnologia.
A expectativa é que os alunos do Sérgio Porto tenham um diferencial
por estar aqui na universidade. Por que não fazer deles elementos articuladores
em sua comunidade. Inicialmente, as crianças irão interagir
com estudantes do Peru e da Argentina. Uma das propostas que mais se destacam
no projeto é a formação de um grupo de jornalistas mirins,
que será representado por alunos da 4ª série da escola. No
momento, todos os professores da escola recebem treinamento dado pela equipe envolvida
no projeto de Amaral, que num futuro muito breve, espera poder permitir que profissionais
da escola Sérgio Porto forneçam treinamento a outros professores
da rede pública e até mesmo a parentes de alunos. A grande
vantagem é que as crianças irão se apropriar desses meios,
avalia. Ele prevê com esta iniciativa um trabalho muito importante para
a comunidade, na medida em que favorece a democratização do acesso
à internet. Educação
para a Ciência - A proposta de se criar um site difusor de informações
sobre o ensino de biologia surgiu durante o curso de jornalismo científico
oferecido pelo Laboratório de Estudos de Jornalismo. A iniciativa é
da professora do Departamento de Bioquímica do Instituto de Biologia da
Unicamp Maria Edwiges Hoffman. O projeto destina-se a fazer um canal, chamado
Ciência e Vida, por meio do qual divulgam temas ligados à área
de biologia que possam interferir na melhoria da qualidade de vida. Segundo
a coordenadora do projeto, a primeira idéia era fazer divulgação
eletrônica por meio da Revista Comciência, editada pelo Labjor, mas
o desenvolvimento do trabalho mostrou a necessidade de ampliar o projeto que,
além de transmitir informações, hoje promove a melhoria na
qualidade do ensino de ciências em particular, o de biologia. O
projeto é dividido em três grupos diferentes. O primeiro, destinado
à difusão e divulgação de ciências é
formado pela própria Maria Edwiges e os professores Octávio Henrique
Pavan, Semiramis M. Melo Rocha, Marta Helena Krieger e João Paulo Feijão
Teixeira. O segundo grupo de difusão é formado pelo professor Carlos
Vogt e a pesquisadora Vera regina Toledo de Camargo, do Labjor. E o terceiro,
coordenado pelo professor Eduardo Galembeck, restringe-se ao ensino de bioquímica
a professores universitários. Fazem parte do terceiro módulo os
professores Bayardo Batista Torres, Eneida de Paula e Denise Vaz de Macedo. Uma
das preocupações da professora Edwiges é despertar nas pessoas
o interesse em adquirir conhecimento. O conhecimento é o ponto crítico
do desenvolvimento. Ele tem poder muito grande na medida em que o indivíduo
toma consciência das possibilidades de melhoria da qualidade de vida com
a absorção de informações, analisa. |