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Um
dia especial
Maria
Alice Cruz
Foi
um dia no mínimo diferente para as quase cem crianças
em tratamento no ambulatório de Nefropediatria do HC
da Unicamp. Primeiro por que puderam passá-lo longe dos
quartos assépticos e às vezes tristes
do hospital.
Depois
porque tiveram a rara oportunidade de poder pular, gritar, cantar,
correr e cantar ao ar livre, com muito espaço e rodeadas
de muito verde. Havia até piscina. E mais: puderam degustar
o que quisessem, do bolo à carne de churrasco, do macarrão
ao refrigerante e outras guloseimas que por lá apareceram.
O
encontro ocorreu no dia 16 de dezembro, no clube Santa Clara
do Lago, no bairro Itajaí, que reuniu, além das
crianças-pacientes, parentes, amigos, assistentes sociais,
pedagogas, terapeutas e outros profissionais da área.
O evento teve como propósito tirar as crianças
da rotina do ambiente hospitalar, conforme explica Dinalva
Cristina Ximenes, assistente social do Serviço Social/HC
da Unicamp.
Das
quase 100 crianças em fase de tratamento no
ambulatório de Nefropediatria ou em casa , parte
delas vai ao hospital para consultas ou tratamentos periódicos
ou para serem medicadas. Ou crianças que porventura
tenham ainda algum comprometimento renal, diz a pedagoga
Maura Sundfel Giarola. A festa, para comemorar o Natal, não
teria tido êxito não fosse a ajuda voluntária
de empresas de ônibus (a Imigrantes Turismo foi uma delas)
para transportar as crianças que vieram de cidades da
região de Campinas. Os organizadores da festa contaram
ainda com a participação de diversas outras empresas
particulares. Foi uma festa surpresa para elas, em que
cada criança recebeu um pacote de presentes roupas,
sapatos, brinquedos, tênis, material de higiene
de seus respectivos padrinhos, diz Dinalva.
Segundo
ela, a intenção dos organizadores da festa era
proporcionar às crianças um Natal especial, diferenciado
dos que já tiveram. Não sei se conseguimos.
O fato é que as crianças se mostraram renovadas,
pareciam mais felizes, e que a doença era algo inexistente
ou parecia estar muito distante, e elas não escondiam
isso, conta. Talvez Dinalva tenha uma explicação
para isso quando diz que as crianças passam muito tempo
no hospital, numa rotina sem o menor atrativo. Sabemos
que isso independe da vontade da criança e da família,
quem sabe, devido às condições da vida
que têm.
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Uma
rotina estressante
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De
acordo com a professora Vera Balangero, da disciplina
de Nefropediatria do CH/Unicamp, a insuficiência
renal crônica ocorre quando os rins param de funcionar
de modo permanente. Ou trabalham pouco, submetendo o paciente
a tratamentos que substituem essas funções.
Isto é, através da hemodiálise, a
diálise peritonial e o transplante renal.
São procedimentos que submetem crianças
e adolescentes a retornos constantes ao hospital, onde
passam longos e estressantes períodos, privando-as
de viverem situações comuns próprias
da idade. O ambulatório de Nefropediatria do HC/Unicamp
atende a pacientes renais crônicos de Campinas e
cidades da região. É um trabalho desenvolvido
por equipe multidisciplinar formada por médicos,
assistentes sociais, pedagoga, terapeuta ocupacional,
enfermeiros e voluntários. Valorizar a qualidade
de vida, criar momentos de descontração,
educação informal e personalizada, promover
entretenimento, além de estimular a participação
da família são os objetivos básicos
para humanizar o atendimento aos jovens pacientes com
problemas renais.
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