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Exposição
revela imagens e anotações
do trajeto São Paulo-Campinas
São
mais de trinta cadernos. Uma espécie de diário.
É neles que a artista, além de ilustrá-los
com pinturas, desenhos ou simples rascunhos - talvez obras de
arte no futuro - registra suas reflexões, tristezas e
alegrias. A artista Lygia Eluf, professora de Desenho do Instituto
de Artes (IA) da Unicamp, constrói nesses cadernos o
seu dia-a-dia, meticulosamente, com detalhes de todo o processo
criativo.
Muitas
das idéias impressas nos cadernos resultaram em Montanhas,
exposição que Lygia está promovendo até
o próximo dia 26, na Galeria de Arte Unicamp, andar térreo
do prédio da Biblioteca Central. Ao todo são onze
pinturas a óleo, de diversos tamanhos de 60 cm
x 80 cm, de 1 m x 2 m e até de 1,80 m x 1,80 cm. Em oito
cadernos de desenhos, a professora anota o seu cotidiano. E
mais uma pequena caixa de madeira, que significa um pensamento
pictórico, como Lygia a define. Nessa caixa, em
poder da artista há aproximadamente cinco anos, havia
um desenho de Portinari. Não por desrespeito, é
esta caixa que ela usa se sentar quando produz as suas telas,
e também onde costuma limpar seus pincéis.
Totalmente
despojada de conceitos ou pré-conceitos, na verdade uso-a
como se fosse mesmo uma caixa de arte, embora nunca tenha me
preocupado nem mesmo saber o que há dentro dela,
revela. Lygia explica que quando começou a série
Montanhas buscava capturar o espaço existente entre elas,
aquela linha ambígua que determina onde começa
o céu e onde termina a terra. As montanhas sempre foram
um tema que a perseguia desde os tempos de infância. Cresci
na Serra da Cantareira e hoje, curiosamente, minhas filhas (Serena,
de 26 anos, e Amanda, de 25), moram em Goiás, mais precisamente
na Chapada dos Veadeiros, diz a artista.
Como professora do Instituto de Artes da Unicamp onde
está há doze anos , Lygia viaja quase que
diariamente para Campinas. Talvez para tentar amenizar essa
mesma rotina, Lygia ganhou o hábito de observar a paisagem
na estrada.
Indo
para Campinas, observo a Serra do Japi e a Serra da Cantareira,
e noto que a paisagem está sempre mudando. Aí,
ela pára e fotografa tudo o que considera interessante,
diferente ou simplesmente bonito de se ver. Suas telas, talvez
a maioria delas, refletem basicamente o que Lygia observa nessas
paisagens à beira da estrada. Imagens que ficam fixadas
na memória.
Graduada
em Artes Plásticas pela ECA (Escola de Comunicação
de Artes), da USP, conta que pinta desde os seis anos de idade,
quando então compreendi o que era uma representação.
Na série, Lygia explica a relação que mantém
com as montanhas: Ela se dá, antes de mais nada,
pelo modo amoroso: é uma relação entre
a pura sensação e o métier controlado,
é um passatempo para o espírito.
Montanhas fica em exposição na Galeria de Artes
Unicamp, térreo da Biblioteca Central, até o dia
26, das 9 às 17 horas, de segunda a sexta-feira. Telefone:
3788.7453. (A .R.F.)
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Evento
comemora Dia Internacional da Mulher
Com
a presença da prefeita de Campinas, Izalene Tiene, o
Instituto de Filosofia e Ciências Humanas (IFCH) promoveu
no último dia 6 (quarta-feira), no auditório da
unidade, a conferência As mulheres e a esfera pública:
conquistas e desafios, sob a mediação da professora
Rita Morelli, diretora associada do Instituto. O evento teve
ainda participação da professora Maria Lygia Quartim
de Moraes, do Departamento de Sociologia e Núcleo de
Estudos de Gêneros - Pagu, e de Maira Luisa Gonçalves
de Abreu, coordenadora do Centro Acadêmico de Ciências
Humanas (CACH).
O
evento serviu para lembrar porque em 8 de março se comemora
o Dia Internacional da Mulher. Há exatos 145 anos, num
período em que as mulheres reivindicavam redução
da jornada de trabalho que chegava a 16 horas e salário
equivalente ao dos homens, 129 operárias morreram queimadas
em uma fábrica de Nova Iorque, cujos proprietários
mantinham as portas trancadas. Em homenagem às trabalhadoras
mortas, o 1° Congresso Internacional da Mulher, realizado
na Dinamarca, em 1910, estabeleceu a data como o Dia Internacional
da Mulher.
No
encontro do IFCH, a prefeita Izalene falou sobre a violência
crescente na cidade, e da qual foi vítima o seu maior
representante, o então prefeito Antônio da Costa
Santos (PT), assassinado na noite de 10 de setembro ao ano passado.
Ao dar as boas vindas aos calouros, que lotaram o auditório
do IFCH, Izalene disse que sonha com o dia em que vocês
vão poder andar despreocupados pelas ruas de Campinas,
sem medo de que algo de ruim lhes aconteça.
A
professor Maria Lygia lembrou que a Unicamp foi pioneira em
organizar uma semana da mulher, em 1978, oferecendo um
dos primeiros espaços em que a condição
da mulher foi discutida. Disse que uma das questões
mais importantes para as mulheres brasileiras é exatamente
a de organizá-las em torno de todas as questões
específicas, mas sem nunca deixar de lado a importância
de uma transformação radical da sociedade. As
mulheres estiveram fortemente engajadas na luta contra a ditadura,
levando bandeiras gerais e específicas, e possibilitando,
com isso, que construíssem novas e importantes formas
de militância política, disse Maria Lygia.
Para
ela, a Unicamp não é hoje apenas um espaço
de militância política, mas também
de reflexão crítica, de construção,
de desenvolvimento de novas perspectivas, mais ricas e mais
abrangentes sobre a questão da mulher brasileira.
Como mulher, ela diz acreditar que há pouca coisa para
se comemorar neste 8 de março. Temos, isso sim,
de aproveitar o espaço para denunciar. (A.R.F)
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