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Nunca
é tarde para recomeçar
Antonio
Roberto Fava
Nunca
é tarde para recomeçar. No caso, para uma pequena
parte dos servidores da Unicamp, recomeçar significa
voltar aos estudos. Já faz alguns meses que cerca de
45 funcionários estão participando do Programa
de Alfabetização Solidária (PAS), cuja
proposta é reduzir a taxa de analfabetismo e melhorar
o índice de escolaridade dentro dos quadros funcionais
da instituição. O passo seguinte é torná-los
aptos a ingressar no supletivo do ensino fundamental e médio.
O
PAS é uma organização não-governamental,
que não visa lucro e mantém parcerias com empresas,
pessoas físicas, universidades, prefeituras e o Ministério
da Educação e Cultura (MEC). Em nível nacional,
o programa vem atuando há cinco anos, com resultados
bastante satisfatórios.
A parceria com a Unicamp dura pouco mais de um ano, mas já
existem duas classes formadas, com servidores entre 35 e 65
anos de idade, que trabalham no Estec e na área da saúde,
inclusive alguns aposentados. O PAS na Universidade é
coordenado pela professora Sylvia Terzi, que vem verificando
interesse de outras áreas do campus em participar do
programa.
Segundo
a professora Maria Angélica Lauretti Carneiro, coordenadora
pedagógica do PAS, é difícil traçar
um perfil dos alunos. No grupo de servidores da Unicamp
existem pessoas que sabem apenas escrever seu nome e reconhecem
letreiros de itinerários de ônibus, por exemplo,
afirma. Elas podem ser consideradas analfabetas. Ou porque
estudaram pouco quando jovens, ou porque tiveram de interromper
os estudos, ou porque pararam de estudar há muito tempo
e agora demonstram interesse em voltar aos livros. E este retorno
aos estudos é um impulso inicial para que possam readquirir
a auto-estima e maior apreensão dos usos sociais da escrita,
observa a professora.
No
entanto, isso não significa que sejam servidores desprovidos
de outras habilidades nesse campo. Um exemplo é oferecido
pelos trabalhadores do Estec, em sua maioria braçais,
que demonstram conhecer cálculo muito bem. Para eles,
fazer contas é fácil, porque têm noção
de volume, de metragem e de espaço físico. Só
não possuem a formalização de como isso
se processa na vida prática, diz Maria Angélica.
As
turmas de alunos/servidores da área da saúde,
com aulas ministradas pela professora Lígia Michelle,
e do Estec, pela professora Marília Camargo, são
diferenciadas, pois elas possuem perfis igualmente distintos.
Para cada turma é desenvolvido um trabalho diferente,
de acordo com a necessidade e deficiência de escrita de
cada grupo. Trata-se de um trabalho que, em suma, procura valorizar
em cada comunidade de alunos quais as práticas sociais
de escritas necessárias e o material com o qual querem
trabalhar.
Maria Angélica explica que na Unicamp o índice
de servidores iletrados ou com quase nenhuma instrução
é significativo. No entanto, é notória
a vontade, a perseverança e os freqüentes questionamentos
dos alunos em sala de aula. Caso contrário, não
estariam aqui quase diariamente, depois do trabalho, por duas
horas ou mais, salienta.
As
turmas dos cursos do Programa de Alfabetização
Solidária são renovadas a cada cinco meses. Para
o pessoal do Estec, as aulas são dadas no prédio
da Engenharia Básica, de terça a sexta-feira,
das 15 às 17 horas, e para os servidores da área
da saúde, no 3° andar do Hospital das Clínicas,
das 12 às 14 horas.
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Jardineiro
da FCM vence maratona em Cosmópolis
A
ristides Bianchi, 55 anos, jardineiro da Faculdade de
Ciências Médicas (FCM) da Unicamp, é um
exemplo de vitalidade. Atleta há três anos, ele
acaba de conquistar o troféu de 1o lugar na Corrida Evangélica
em Cosmópolis, categoria dos veteranos, entre mais de
300 participantes de diversas faixas etárias. O evento
ocorreu em 10 de março, com percurso de 8 quilômetros.
Aristides
se submete a acompanhamento médico regular na Faculdade
de Educação Física (FEF) e no Centro de
Saúde da Comunidade (Cecom), sem esquecer o check-up
anual. Coleciona elogios, sendo já considerado um bom
atleta na categoria. O jardineiro conseguiu melhorar seu tempo
em mais de quatro minutos em relação à
corrida anterior, graças a um bom conselho de um incentivador,
que o encaminhou ao Laboratório de Fisiologia do Exercício
(Labex).
Sob
a responsabilidade da professora Denise Vaz de Macedo e sua
equipe, Aristides se submete a um trabalho de condicionamento
físico baseado em avaliação de dosagem
bioquímica que modula esforço e repouso. Neste
Laboratório são treinados diversos atletas, inclusive
grandes equipes de futebol como Corinthians e Ponte Preta.
A
primeira participação competitiva do jardineiro
corredor se deu na 1a Corrida 2000, maratona de 10 quilômetros
em Campinas, destacando-se como o melhor entre 100 participantes.
Disputou campeonatos em cidades da região e vem, há
algum tempo, colecionando medalhas. Chegou em 5º lugar
depois de 7 km no Distrito de Barão Geraldo, e em 10o
em Americana.
Levo
o treinamento bem a sério, afirma. Muito inquieto,
o maratonista começou a praticar esporte por acaso. Preocupado
com a saúde, Aristides passou a se dedicar a corridas
ao redor da lagoa da Unicamp, com percursos menores, e nos finais
de semana dava voltas ao do Taquaral, perfazendo 15 quilômetros
de treino. De família muito humilde, estudou até
a 4a série do ensino fundamental. Nasceu em Valinhos
e ali morou por 25 anos. Nessa época, garantia o sustento
da família como trabalhador rural.
(Roseli Silveira)
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