Dos
15 jornais do interior do Estado de São Paulo analisados
pelo jornalista e divulgador científico Marcel Stefano Tavares
Marques da Silva, apenas cinco possuem páginas destinadas
especialmente à cobertura de Ciência e Tecnologia (C&T).
Nos outros jornais, as notícias e reportagens sobre o assunto
estão dispersas pelas editorias da publicação sem o compromisso
de veiculação frequente. Neste sentido, na opinião de Silva,
os resultados demonstraram que, em muitos aspectos, melhorou
a cobertura de ciência pelos jornais, mas ainda há espaço
para aumentar a divulgação de material de qualidade nos
veículos impressos.
“Buscar entender como o jornalismo regional
estabelece suas relações com a divulgação científica permitiu
observar que o espaço para ciência pode ser ainda maior
se considerarmos que as informações de qualidade podem influenciar
a vida das pessoas. Em regiões mais pobres do país, por
exemplo, pode-se conseguir reduzir o número de doenças pela
mudança de comportamento”, destaca o jornalista.
O estudo conduzido no Instituto de Estudos
da Linguagem (IEL) e no Laboratório de Estudos Avançados
em Jornalismo (Labjor), orientado pela professora Vera Regina
Toledo Camargo, contemplou os periódicos de maior expressão
no interior do Estado e filiados à Associação Paulista de
Jornais (APJ). Juntos, a tiragem diária das publicações
somam 200 mil exemplares, sendo que nos finais de semana,
este número salta para 380 mil exemplares. Isto significa
que, somadas, as tiragens destes jornais são comparáveis
às de um jornal de grande circulação. Por isso, a necessidade
de a ciência estar mais presente nas coberturas jornalísticas.
Uma primeira análise foi feita no período
de 14 a 20 de setembro de 2009, com ênfase em todas as edições
publicadas pelos 15 jornais. A segunda etapa da pesquisa
compreendeu os meses de setembro de 2009 e de 2010, apenas
dos cinco jornais que mantinham as páginas de ciência, para
se obter um comparativo. Dos cinco jornais analisados, dois
deles, de um ano para outro, passaram para um cientista
administrar o conteúdo da página, ficando de fora os critérios
jornalísticos para a triagem dos assuntos contemplados.
A área de Ciências Humanas foi um dos temas que mais tiveram
aumento no período. De uma matéria em 2009, saltou para
sete em 2010. Já na área de Exatas observou-se uma queda
de um ano para outro. Em 2009, foram 15 matérias veiculadas,
contra oito, no ano de 2010.
Algo que chamou a atenção de Marcel Stefano
foi a mudança na dinâmica do que ocorria há alguns anos.
Com a facilidade de acesso à internet, as agências de fomento
e assessorias de imprensa de institutos científicos têm
criado agências noticiosas com o objetivo de aumentar a
divulgação de C&T nos veículos de comunicação. Em contrapartida,
há um enxugamento das redações com a diminuição do quadro
de profissionais especializados.
“Com isso, existe um fenômeno da substituição
da mão de obra ao se aproveitar a informação disponível
de forma gratuita para suprir o espaço”, explica. Em alguns
casos, completa, os jornais assinam o conteúdo de agências
de notícias da grande imprensa e aproveitam as notícias
nacionais e infográficos com bastante destaque, o que confirma
a disponibilidade do espaço para a cobertura de C&T.
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■ Publicação
Dissertação: “Mapeamento
e análise da C&T na mídia impressa filiada à Associação
Paulista de Jornais (APJ): tendências evidenciadas em 15
jornais diários regionais”
Autor: Marcel Stefano Tavares Marques da
Silva
Orientador: Vera Regina Toledo Camargo
Unidades: Instituto de Estudos da Linguagem
(IEL) e no Laboratório de Estudos Avançados em Jornalismo
(Labjor)