Empresários da região de Campinas demonstraram interesse em utilizar o esgoto tratado em linhas de produção que tenham rega de áreas verdes e limpeza de pátios e de peças. O esgoto originário da Estação de Tratamento do Piçarrão, em Campinas, poderia perfeitamente contribuir para a racionalização da utilização do produto. A constatação é da engenheira Vivien Luciane Viaro e está fundamentada em sua pesquisa de doutorado. A investigação prova que o reúso do esgoto tratado é uma iniciativa factível no futuro. “É de amplo conhecimento o cenário de escassez da água no planeta. Por isso, acredito que este tipo de ação acontecerá mais cedo ou mais tarde na região de Campinas. O que fiz foi antecipar como a idéia seria recebida no meio empresarial”, explica.
Uma questão ainda não devidamente esclarecida nesta problemática seria a econômica dentre vários aspectos, os sociais, ambientais e legislativos. Não se sabia, por exemplo, se os empresários estariam dispostos a pagar pela água direcionada das ETEs e se dimensionariam o peso de sua contribuição para a redução da escassez. Segundo Vivien, o estudo é inicial, pois teria que se obter uma amostragem bem maior de indústrias. Além disso, existe a necessidade de um estudo mais detalhado e cauteloso para cada tipo de reúso, com o intuito de garantir, aos usuários, a quantidade e qualidade.
Em sua pesquisa de doutorado, orientada pelo professor Ricardo de Lima Isaac, Vivien aplicou questionários aos gerentes de 28 empresas do entorno da Estação do Piçarrão, em Campinas. Para a tese, a pesquisadora selecionou uma amostra de nove indústrias, cujos proprietários foram ainda mais receptivos. A maioria não só aceita a idéia do reúso, como também se manifesta favorável em pagar pelo serviço. A engenheira acredita que a pesquisa serviu como referência para indicar que a iniciativa é viável e, ainda, para destacar a importância de se encontrar mecanismos que atenuem o problema da água na região de Campinas.