Unicamp e sociedade se unem contra a Covid-19

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No combate à pandemia causada pelo novo coronavírus, as instituições públicas têm prestado um serviço essencial, atuando no atendimento aos doentes e na produção das pesquisas científicas relacionadas ao combate da Covid-19. Na Unicamp, as ações para a contenção da pandemia contemplam, além desses aspectos, o esforço para que a comunidade universitária possa continuar envolvida nas atividades acadêmicas. Atendimento, pesquisa e ensino passam também pelo apoio da sociedade, que de diversas formas vem somando forças para atravessar esse momento.

O amparo da sociedade à atuação da Unicamp é avaliado pelos profissionais da Universidade como fundamental. O diretor executivo da Área de Saúde, professor Manoel Bertolo; o pró-reitor de Pesquisa da Unicamp, professor Munir Salomão Skaf, e a coordenadora do Observatório de Direitos Humanos, professora Josiane Cesaroli, fazem um balanço sobre a mobilização no combate à Covid-19 e assinalam de que forma a solidariedade da população pode ajudar a conter a crise.

Saúde

O Hospital de Clínicas (HC) da Unicamp, logo no início dos casos de contágio por coronavírus no Brasil, foi incluído como um dos centros de referência para casos graves da Covid-19 pelo estado de São Paulo. Desde então, houve uma reformulação nas atividades do Hospital para suportar um maior número de atendimentos aos doentes.

O diretor executivo da Área de Saúde da Unicamp, professor Manoel Bertolo, assinala que toda a comunidade da Universidade atua ativamente neste momento de dificuldade, que ele classifica como uma situação inusitada para todos. Os principais desafios, para Bertolo, referem-se à compra de Equipamentos de Proteção Individual (EPIs), que estão em disputa no mundo inteiro. “Estamos sofrendo uma dificuldade tremenda na compra de equipamentos de proteção individual, os EPIs. Os equipamentos desapareceram do mercado, além de estarem custando muito mais”, pontua.

Ele também destaca a necessidade de financiamento para os demais equipamentos utilizados no tratamento de pacientes, como monitores e respiradores, e para os insumos utilizados nos diagnósticos. Apesar das adversidades, Bertolo afirma que, em conjunto com a Secretaria de Saúde do estado de São Paulo, estão sendo montados mais 30 leitos de Unidade Intensiva de Tratamento (UTI) no HC, que serão liberados nos próximos dias. A implantação de cada leito de UTI custa, em média, R$ 180 mil. O Hospital já havia liberado os leitos de UTI para o atendimento relativo à Covid-19, medida que foi possível devido ao cancelamento das procedimentos eletivos. 

Segundo Bertolo, além de novos leitos de UTI, o Hospital de Clínicas está preparado para liberar até 200 leitos exclusivos para pacientes com Covid-19. Para atender a essa demanda, serão necessários, por dia: 6.000 máscaras cirúrgicas de três camadas, o que resulta num custo de R$ 18 mil; 600 máscaras N95, que custam R$ 3,7 mil; 5.000 aventais TNT, que custam R$ 8,5 mil; 1.000 aventais bilaminados, que custam R$ 11 mil; e 1.000 toucas, que custam R$ 200,00.

A sociedade, para o diretor da Deas, pode ajudar nas ações da equipe de saúde seguindo as orientações recomendadas para a busca de atendimento e, se possível, realizando doações.  “Pedimos que toda a sociedade colabore evitando procurar o Hospital em momentos não adequados. Nós estamos recebendo os pacientes, mas eles devem ir primeiro nas unidades básicas. Essa é a solicitação que fazemos para que não tenhamos uma sobrecarga no atendimento. Toda a comunidade precisa trabalhar seguindo regras e, se possível, fazendo doações. Aguardamos toda a participação da sociedade. É uma luta de todos”. 

Em relação às doações, a área de saúde da Unicamp vem recebendo apoio de diversas empresas e instituições, na forma de dinheiro, insumos e equipamentos. "Essa mobilização da sociedade é de extrema importância para dar condições aos profissionais que estão na linha de frente do combate à Covide-19", destaca Bertolo.  Segundo ele, porém, o setor de saúde segue necessitando de ajuda financeira e em insumos, uma vez que a fase mais crítica da pandemia ainda está por vir, segundo as estimativas do Ministério da Saúde. A conta para transferência ou depósito é: Banco do Brasil, 001, Agência 4203-X, Conta Corrente 44.427-8, CNPJ 46.068.425/0001-33. Conheça as doações feitas à Unicamp.

Pesquisa

Passos importantes em relação às pesquisas dedicadas à contenção da pandemia já foram realizados na Unicamp. Destaca-se, por exemplo, o rápido desenvolvimento de um teste de detecção da Covid-19, liderado por pesquisadores do Instituto de Biologia (IB), que possibilitou o credenciamento do Laboratório de Patologia da FCM para o diagnóstico da doença. 

Outra frente de pesquisa na FCM é a testagem de fármacos para o tratamento da doença causada pelo Sars-Cov-2, estudo que é liderado pela Organização Mundial da Saúde (OMS). Diversas outras ações, coordenadas por uma força-tarefa que reúne mais de 400 profissionais de múltiplas áreas do conhecimento, também estão em andamento, como o desenvolvimento de tecnologias para a fabricação de respiradores e protótipos de EPIs. No Centro de Atenção Integral à Saúde da Mulher (CAISM), ainda, um estudo multidisciplinar de monitoramento de gestantes perante à pandemia também começou a ser realizado.

audiodescrição: fotografia colorida do pró-reitor de Pesquisa, Munir Skaf
"Sem ciência não há saída", avalia Munir Skaf, pró-reitor de Pesquisa da Unicamp

"A pesquisa científica é fundamental, seja para dar embasamento seguro e necessário para a implementação de políticas públicas de contenção da pandemia, seja para encontrar a cura ou desenvolver vacinas e outras medidas preventivas, ou ainda para desenvolver novos métodos de diagnóstico, novos equipamentos hospitalares e equipamentos de proteção individual, novas maneiras de higienização e outros”, pontua o pró-reitor de Pesquisa da Unicamp, Munir Skaff.

Para o pró-reitor, a pesquisa na áreas sociais também é essencial para prever cenários de expansão da doença e seus impactos sociais e econômicos. “Sem ciência não há saída”, avalia. 

Doações para a frente de pesquisa da Unicamp são necessárias, para o professor, na medida em que só acontecem mediante a existência de recursos. “Pesquisas científicas são caras e, portanto, toda e qualquer ajuda faz muita diferença em tempos críticos como esse, ressaltando que os recursos estarão rapidamente à disposição dos laboratórios porque a pandemia não espera”.

Para contribuir financeiramente ou através de doações de materiais para pesquisa, a a PRP solicita o contato através do seu ermail (prp@unicamp.br) ou através do canal oficial da Unicamp criado para canalizar as doações. 

Atividades à distância

No dia 30 de março, em virtude da pandemia, a Unicamp suspendeu as atividades acadêmicas presenciais. A medida, que teve como objetivo evitar o alastramento da doença causada pelo novo coronavírus, impôs um desafio para toda a comunidade universitária, que rapidamente começou a articular a adaptação para o prosseguimento de atividades não presenciais. 

“Diante das suspensão das atividades regulares começamos a imaginar alternativas para que a comunidade pudesse continuar suas pesquisas, seus fóruns de debate e suas atividades de inclusão. Dentre as soluções que imaginamos foi a questão da doação e dos empréstimos de equipamentos”, observa Josiane Cesaroli, coordenadora do Observatório de Direitos Humanos da Universidade, que organiza as atividades do Núcleo de Voluntários.

À medida que os problemas foram aparecendo, pontua, as soluções também foram sendo criadas. Com o engajamento de diversos servidores, alunos e da sociedade em geral, foram coordenadas ações de doações e de empréstimo de equipamentos, como computadores, celulares, tablets, chips, pacotes de internet, que são essenciais para que aulas, estudos e atividades de pesquisa possam seguir ocorrendo remotamente. Uma doação de R$50 mil, realizada pelo empresário Carlos Wizard, também foi destinada à compra dos materiais. 

Segundo Josiane, o principal efeito dessa medida é a inclusão, o que é importante não só para garantir a continuidade de atividades acadêmicas, mas também para manter a comunidade em contato durante esse período de angústias. “Penso na inclusão de diferentes formas de pensar e sentir os desafios e os problemas. Certamente garantir a conexão com quem neste momento tem poucas chances de compartilhar suas ideias, impressões, sentimentos e necessidades vai nos trazer algo novo, um olhar que talvez não pudéssemos imaginar sem a presença de toda a comunidade acadêmica, em toda a sua diversidade. A inclusão, nesse sentido, fortalece a todos”.

De que maneira ajudar o Núcleo de Voluntariado? Para a aquisição de equipamentos necessários às atividades remotas e outras ações de auxílio a estudantes, o núcleo recebe doações individuais e de empresas, tanto de equipamentos em si como de recursos financeiros para a compra do material. Além disso, o grupo também segue recebendo voluntários, que podem destinar tempo e habilidades em diversas áreas. O cadastro é realizado através deste link

No caso de doações em dinheiro, a conta de depósito é: Banco do Brasil, 001, Agência 4203-X, Conta Corrente 44.426-X, CNPJ 46.068.425/0001-33 UEC/Conta movimento. Identificar no depósito: GR/voluntariadoUNICAMP. 

Dúvidas podem ser tiradas através do e-mail direitoshumanos@unicamp.br. Para estudantes que precisem de ajuda, o contato pode ser realizado através do site: http://www.direitoshumanos.unicamp.br/form/preciso-de-ajuda.

“A Unicamp e a sociedade podem se beneficiar mutuamente dos projetos que formos capazes de imaginar e elaborar não apenas agora, no enfrentamento às condições imediatas da pandemia, mas no futuro pós-Covid19. Isso está desde já em nosso horizonte”, observa Josiane.

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Unicamp e sociedade contra a Covid-19

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Escritor e articulista, o sociólogo foi presidente da Associação Nacional de Pós-Graduação e Pesquisa em Ciências Sociais no biênio 2003-2004