Maracujá para a indústria de alimentos e de cosméticos

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##Substituir ingredientes com aditivos químicos ou industrializados por insumos naturais é um dos principais caminhos buscados, atualmente, pelas indústrias alimentícia, cosmética e nutracêutica (fabricante de suplementos alimentares e de substâncias que previnem doenças). O consumidor está mais exigente e tem dado preferência a produtos constituídos por ingredientes naturais e com menos riscos de danos à sua saúde. Melhor ainda se esses ingredientes forem amigáveis ao ambiente.

Nessa corrida por insumos mais saudáveis e ambientalmente sustentáveis, o maracujá tem se destacado como uma valiosa fonte de bioativos benéficos ao organismo e, ao mesmo tempo, viável ao seu aproveitamento comercial. Estes foram os resultados de pesquisas desenvolvidas em parceria entre especialistas da Faculdade de Engenharia de Alimentos da Universidade Estadual de Campinas (FEA Unicamp) e da Rubian Extratos, uma empresa-filha da Unicamp que já oferece no mercado, com sucesso, os extratos de bioativos do maracujá, completando assim o ciclo da inovação.

As ricas propriedades do maracujá

As pesquisas foram conduzidas na FEA Unicamp por um grupo liderado pelo professor Julian Martínez, que constatou que o maracujá reserva em suas sementes compostos bioativos com potencial de prevenir o envelhecimento da pele. “Isso se deve às suas propriedades que estimulam a renovação celular e a produção de colágeno”, explica o professor Martínez.

Atuando como parceira nessas pesquisas, a Rubian Extratos licenciou a patente, depositada com o apoio da Agência de Inovação Inova Unicamp, para oferecer os extratos de bioativos do maracujá no mercado. Hoje, a Rubian fornece esses extratos sobretudo a empresas do setor de cosméticos, que usam os bioativos do maracujá como componentes de produtos como séruns e de loções hidratantes ou de limpeza da pele.

As pesquisas a partir de um complexo antioxidante contendo bioativos naturais recombinados da semente do maracujá, que constatou suas propriedades antienvelhecimento, começaram há alguns anos. A emulsão desenvolvida apresentou, ainda, características sensoriais adequadas ao uso pela indústria cosmética.

Segundo o professor Martínez, os extratos combinados na forma de miniemulsões concentram num único produto as propriedades bioativas da parte lipídica e hidroetanólica do maracujá (Passiflora edulis). Outras pesquisas já demonstram que esses extratos possuem capacidade de inibição das enzimas responsáveis pela degradação da elastina e do colágeno, além de promover a proliferação de queratinócitos, que atuam na renovação celular.

Um novo método para a obtenção dos extratos

Outros importantes resultados das pesquisas conduzidas pela equipe do professor Martínez se estenderam ao seu método de extração.

Esta é também uma importante questão para a indústria, pois, além de priorizar o uso de extratos vegetais ricos em bioativos, os fabricantes também procuram servir-se de métodos de obtenção dos extratos que sejam eficazes e não agressivos ao ambiente. As técnicas convencionais apresentam problemas relacionados ao seu rendimento, ao tempo de obtenção e ao uso de solventes, ou seja, podem comprometer a qualidade dos extratos e ainda causar danos ambientais.

A nova tecnologia desenvolvida para o processo de extração utiliza fluidos pressurizados para obter os compostos bioativos do maracujá. Através de um método de extração contínuo, que permite que o solvente isento de soluto permeie os poros das partículas da matéria-prima, torna-se possível intensificar a extração, ou seja, permite-se aumentar a produtividade do extrato. Além disso, o método desenvolvido facilita o escalonamento do processo, algo vital para a indústria, que pode produzir o extrato em larga escala para seu aproveitamento em alimentos, fármacos, nutracêuticos e cosméticos.

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Pesquisadores da FEA extraíram da semente do maracujá bioativos ricos em propriedades que previnem o envelhecimento da pele 

A Rubian Extratos, uma parceira estratégica nas pesquisas

O avanço das pesquisas com base no maracujá, entre outras fontes naturais, pela equipe da FEA Unicamp tem contado, há alguns anos, com uma importante parceria com a Rubian Extratos, uma empresa-filha da Unicamp. O professor Martínez explica que “o trabalho do nosso grupo de pesquisa com a Rubian Extratos começou há alguns anos, a partir do interesse da empresa no que vínhamos desenvolvendo, como a extração de bioativos a partir do bagaço de maracujá, que gerou um pedido de patente e um licenciamento de tecnologia pela Rubian”.

O engenheiro químico Eduardo Aledo, gerente-geral e um dos sócios da Rubian Extratos, destaca a importância dessa parceria com os pesquisadores da FEA no desenvolvimento da empresa: “trabalhamos em parceria contínua com a Unicamp. Fazemos a ponte entre o conhecimento técnico e científico com o mercado. O desenvolvimento dos nossos bioativos passa sempre pela academia, e esse é um dos nossos principais diferenciais competitivos”, afirma.

A Rubian desenvolve e produz extratos vegetais ricos em bioativos, usados como insumos na fabricação de produtos da indústria cosmética, de alimentos e de suplementos alimentares.

A empresa teve seu início na Unicamp em 2014, quando os sócios participaram da competição Desafio Unicamp, organizada pela Inova, e foi Isso despertada a ideia de criar uma startup usando como base de seus negócios as tecnologias da Unicamp.

Na sequência, a startup ingressou no programa de incubação da Incubadora de Empresas de Base Tecnológica da Unicamp (Incamp) e, desde então, passou a licenciar patentes de novos processos de extração e de aplicação de bioativos naturais, desenvolvidos em parceria com pesquisadores da FEA.

A Rubian Extratos atua sobretudo no ramo B2B como fornecedora desses insumos, que se destacam pela sua qualidade superior. Segundo Eduardo Aledo, um dos sócios fundadores da Rubian e que foi mentor empresarial da equipe que competiu no Desafio Unicamp, a razão desse nível são os contínuos investimentos em pesquisa, em parceria com a Unicamp e com outras instituições, que resultam em bioativos com um patamar de qualidade incomum no mercado:

“Os produtos que oferecemos são desenvolvidos após muita pesquisa científica e exaustivos testes. E essa base em dados científicos atesta a nossa credibilidade e garante mais segurança aos nossos clientes. No mercado, existem empresas de extratos com uma variedade enorme em seu menu de produtos. Mas estão longe de ter a mesma profundidade científica nós buscamos alcançar. Assim trabalhamos com bioativos mais seletivos e que conseguem preservar melhor as propriedades originais das matrizes e sementes, o que garante um desempenho superior”, explica Aledo.

Matéria originalmente publicada no site da Inova Unicamp.

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O novo método é mais eficaz e sustentável para a obtenção dos extratos

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Escritor e articulista, o sociólogo foi presidente da Associação Nacional de Pós-Graduação e Pesquisa em Ciências Sociais no biênio 2003-2004