As professoras da Unicamp Claudia Bauzer Medeiros e Maria Cecília Calani Baranauskas são citadas no livro eletrônico“Mulheres na Computação no Brasil: histórias e memórias”, de autoria coletiva, lançado no final de 2023 em projeto vinculado a órgãos da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) e à Universidade Federal do Pampa (Unipampa).
O e-book traz a trajetória profissional e pessoal de oito mulheres que fizeram contribuições significativas em diversas áreas da Computação e, por conta disso, se tornaram “exemplos inspiradores de como a perseverança e a dedicação podem transformar sonhos em realidade”, nas palavras da professora Rute Vera Maria Favero, que tem mais de três décadas de experiência na área e que assina o posfácio do livro. Segundo Favero, cada uma das oito mulheres “contribuiu significativamente para suas áreas de atuação, deixando um legado valioso para a sociedade brasileira”.
Além de Claudia Bauzer Medeiros e Maria Cecília Baranauskas, o livro conta a história das professoras Camila Achutti (Universidade de São Paulo), Cláudia Werner (Universidade Federal do Rio de Janeiro / UFRJ), Liane Tarouco (UFRGS), Maria da Glória Guimarães (Conselheira do Grupo Mulheres do Brasil), Silvana Bahia (Co-diretora executiva da Organização Social Olabi-RJ, além de estar à frente da PretaLab) e Valeria Menezes Bastos (UFRJ).
Claudia Bauzer Medeiros
Com graduação em Engenharia Elétrica e mestrado em Informática, Claudia Bauzer é doutora em Computação pela Universidade de Waterloo no Canadá. Realizou pós-doutoramento na França (INRIA) e livre docência em Banco de Dados na Unicamp, onde atua desde 1985. Em 2018, Bauzer recebeu o prêmio de mérito latino-americano em Informática, outorgado pelo Centro de Estudos Latino-Americanos em Informática. No mesmo ano, foi eleita para a Academia Brasileira de Ciências. Em 2020, tornou-se membro do Conselho Científico da WDS (World Data System) e, no ano seguinte, foi eleita Felow da World Academy of Sciences (TWAS).
Além do relato da trajetória e da contribuição de Bauzer na área científica, o livro também oferece informações sobre a vida pessoal da professora no Rio de Janeiro, onde ela nasceu, quando a cidade ainda era a capital do Brasil. “Como era tímida e passava o tempo em casa sem interagir com pessoas, sua mãe a matriculou, aos 14 anos, em um curso de guia de turismo. Após um ano de curso, foi contratada pelo desembaraço e porque conseguia resolver problemas e responder perguntas”, revela o livro.
Maria Cecília Baranauskas
Maria Cecília Calani Baranauskas nasceu em Botucatu, interior de São Paulo, em família de origem italiana. Foi casada com o cientista Vitor Baranauskas, com quem teve dois filhos. Viveu a maior parte da vida em Campinas, para onde se mudou aos 17 anos e onde cursou duas graduações, mestrado e doutorado.
Curiosa, tomou contato com a Computação no ciclo básico da graduação em Matemática e decidiu realizar a segunda graduação na área. Assim, em cinco anos, formou-se em Licenciatura em Matemática e em Bacharelado em Computação.
Na Unicamp, Maria Cecília tornou-se mestre em Computação e doutora em Engenharia Elétrica em 1993. Realizou dois pós-doutoramentos, ambos na Inglaterra, na área de Semiótica. Ela recebeu o prêmio SIGCHI – Social Impact pela Association for Computing Machinery (ACM), nos EUA, em 2021, e o ACM Rigo Award, em 2010, pela contribuição científica na área de Interação Humano-Computador (IHC).
Maria Cecília teve vários artigos premiados em eventos nacionais e internacionais. Entre suas inúmeras contribuições na área de Computação, destaca-se a co-fundação do primeiro grupo de pesquisa em Informática na Educação do Brasil, nos anos 1980, na Unicamp, a partir do qual participou da concepção de inúmeras políticas públicas nessa área do conhecimento.
Participação feminina
O e-book “Mulheres na Computação no Brasil: histórias e memórias” é resultado da parceria entre as ações de extensão Enigma – Mulheres na Computação e Gurias na Computação.
O projeto Enigma é vinculado ao Colégio de Aplicação da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (CAP-UFRGS) e existe desde 2014. Desenvolve ações integrando Arte à Computação, usando intensamente lixo eletrônico como material em parte dessas ações.
Já o Gurias na Computação, projeto parceiro do Programa Meninas Digitais da Sociedade Brasileira de Computação (SBC), é vinculado à Universidade Federal do Pampa (UNIPAMPA), Campus Alegrete. Começou em 2016 como uma ação do programa Programa C de Extensão, promovendo a participação feminina na área da Computação.
O livro foi escrito pelas professoras Alice Fonseca Finger (Unipampa), Aline Vieira de Mello (Unipampa), Amanda Meincke Melo (Unipampa) e Clevi Elena Rapkiewicz (Projeto Enigma).
Matéria originalmente publicada no site do Instituto de Computação.