Unicamp
Jornal da Unicamp
Baixar versão em PDF Campinas, 15 de outubro de 2012 a 21 de outubro de 2012 – ANO 2012 – Nº 542Mobilidade é incrementada
Aumenta a oferta de programas no âmbito do processode internacionalização da Universidade
Um aspecto muito valorizado no currículo de um candidato a uma vaga no mercado de trabalho atualmente é a possível experiência internacional que ele tenha tido. Na Unicamp, os estudantes de graduação dispõem de diversos programas e iniciativas que lhes proporcionam a chance de participar de intercâmbios em várias das melhores escolas de nível superior do mundo. Somente no segundo semestre de 2012, considerados os dados até 31 de agosto, a Universidade registrou 457 trancamentos de matrículas de alunos que foram para fora do país. Os principais destinos foram França, Alemanha, Argentina, Portugal, Espanha e Estados Unidos, entre outros. “Esta vivência internacional traz ganhos importantes tanto para a vida pessoal quanto acadêmica desses jovens”, considera o titular da Coordenadoria de Relações Institucionais e Internacionais (Cori), professor Alberto Luiz Serpa.
A oferta desses programas de mobilidade, lembra o dirigente da Cori, constitui uma das principais ações dentro do processo de internacionalização da Unicamp e representa um diferencial importante da Universidade em relação a outras instituições. “Nas conversas que mantemos com nossos alunos, percebemos que a existência dessas oportunidades de viajar ao exterior pesou na decisão de fazer a graduação aqui”, relata. Uma medida que tem contribuído para incrementar ainda mais esse esforço da instituição é o Ciência sem Fronteiras (CsF), programa de internacionalização criado pelo governo federal, voltado prioritariamente às áreas de exatas, tecnológicas e engenharias.
Graças às bolsas oferecidas pelo CsF, o número de intercâmbios na Unicamp experimentou um significativo avanço. Se no segundo semestre deste ano foram feitos 457 trancamentos de matrículas de intercambistas, no mesmo período de 2011 foram realizados somente 225 procedimentos do tipo. De acordo com o coordenador do CsF na Unicamp, professor Guido Costa Souza de Araújo, a Universidade já participou de três editais do programa. Um quarto está em vigência, com o encerramento das inscrições previsto para meados de setembro. “O interesse dos nossos estudantes pelo programa, especialmente os de graduação, tem sido crescente. Na primeira chamada, nós contabilizamos 88 interessados. Na terceira, esse número subiu para cerca de 400. Esperamos encerrar a atual chamada com algo perto de 600 inscrições”, prevê o docente.
Guido Araújo explica que os inscritos passam por uma seleção, que leva em conta, entre outros aspectos, o desempenho acadêmico dos interessados. Uma vez selecionados, eles são alocados nos países interessados.
Nesse ponto, ainda há atribuição às instituições receptoras. “Cada país conta com um operador, que receberá a indicação dos estudantes. Este operador entrará em contato com o candidato para solicitar o envio do histórico escolar traduzido e outros documentos. Depois de analisar os perfis, a instituição estrangeira manifesta, então, o interesse pelo estudante”, detalha o coordenador do CsF na Unicamp.
Atualmente, segundo ele, 190 estudantes da Universidade estão cumprindo o programa em países como Austrália, Estados Unidos, Alemanha, França, Itália, Holanda, Coreia, Bélgica e Canadá. Todos passarão um ano fora estudando e cumprindo estágio, caso a instituição receptora consiga colocações nesse sentido. “Essa é uma excelente oportunidade para esses jovens, tanto do ponto de vista acadêmico quanto cultural. Em geral, esse tipo de experiência abre muito a cabeça do estudante. Ele retorna muito mais maduro”, considera o professor Guido Araújo.
De acordo com ele, a Unicamp mantém um portal com todas as informações sobre o CsF. Nele, os interessados podem encontrar dados sobre os editais, indicações sobre os passos a serem seguidos para as inscrições, orientações acerca de como proceder para traduzir o histórico escolar e recomendações sobre como realizar o teste de proficiência em idioma estrangeiro. “Além disso, a Cori [Coordenadoria de Relações Institucionais e Internacionais] tem feito um excelente trabalho no apoio aos participantes do programa”, observa.
Os alunos dos cursos de licenciatura da Unicamp contam com uma oportunidade específica para o cumprimento de período de estudos no exterior. Trata-se do Programa de Licenciaturas Internacionais (PLI), oferecido pela Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes), órgão ligado ao Ministério da Educação. O objetivo do PLI é conferir mais qualidade a essa modalidade de ensino, com o consequente incremento na formação de professores que vão trabalhar posteriormente nos ensinos fundamental e médio. Através do programa, os participantes recebem uma bolsa para permanecer por até 24 meses numa instituição estrangeira. Ao final dos estudos, eles obtêm uma dupla diplomação.
A Capes já lançou três editais para o PLI, como conta o professor Guilherme do Val Toledo do Prado, vice-presidente da Subcomissão Permanente para Formação de Professores da Comissão Central de Graduação (CCG). De acordo com ele, a Unicamp não participou do primeiro, por questões de calendário. No segundo, voltado exclusivamente para a Universidade de Coimbra, sete alunos de licenciatura em Educação Física (3), Biologia (3) e Matemática (1) foram contemplados com bolsas, tendo por base o desempenho acadêmico deles e outros requisitos.
Esses estudantes estão há um ano na instituição portuguesa. “Os relatos que temos obtido deles são muito positivos em relação ao que estão vivenciando tanto no plano acadêmico quanto cultural. Eles elaboraram um relatório sobre esse primeiro ano, que foi apreciado pelos coordenadores de graduação da Universidade de Coimbra e da Unicamp. Esse documento foi enviado à Capes para aprovação”, informa. A professora Eliana Ayoub, presidente da Subcomissão Permanente para Formação de Professores, acrescenta que antes de viajarem, os sete alunos e suas famílias participaram de um encontro da Unicamp. “Temos a ideia de promover um segundo encontro com esses estudantes nos próximos meses, mas de forma virtual, para colher as impressões mais recentes deles acerca do programa. No retorno do grupo ao Brasil, organizaremos reuniões e debates, para que eles possam transmitir as experiências adquiridas para a comunidade interna. Outra intenção é colocá-los em contato com professores dos ensinos fundamental e médio, para identificar que contribuição poderão dar a esses educadores”, antecipa a docente.
Outra ação importante dentro do esforço de internacionalização da instituição no âmbito da graduação foi a promoção de um intercâmbio específico para alunos das áreas de Humanas e Artes, que contou com o apoio do programa Santander Universidades. Foram investidos R$ 300 mil para enviar 14 estudantes dos cursos de Arquitetura, Artes Ciências, Artes Visuais, Ciências Econômicas, Ciências Sociais, Dança, Filosofia, História, Letras, Midialogia, Música e Gestão de Políticas Públicas para um intercâmbio de dois meses e meio (janeiro, fevereiro e parte de março de 2012) no Goldsmiths College, em Londres.
Conforme a professora Gabriela Celani, assessora da PRG, os estudantes foram selecionados tendo em vista não somente o seu desempenho acadêmico, mas também sua motivação e habilidades específicas, que foram analisadas por meio de uma redação, uma entrevista e a apresentação de portfólios, no caso dos pertencentes às áreas de música e artes plásticas. “A iniciativa foi importante de diversos pontos de vista. Primeiro, porque ela contemplou áreas não alcançadas pelo programa Ciência sem Fronteiras. Segundo, porque proporcionou uma experiência acadêmica e pessoal ímpar ao grupo. Terceiro, porque eles já estão tendo a oportunidade de compartilhar essa vivência com colegas de cursos e demais integrantes da comunidade interna”, avalia a docente.
Os participantes desse “curso de verão”, prossegue a assessora da PRG, puderam optar por cursar disciplinas que não precisavam estar necessariamente ligadas às suas carreiras, o que ampliou a possibilidade de aprendizado para além dos temas específicos de cada área. “Um dado interessante é que nossos estudantes foram acomodados em casas de família, várias delas compostas por imigrantes de diferentes locais do mundo. Isso também fez com que esses jovens tomassem contato com realidades e culturas muito diferentes”. Durante a estada em Londres, o grupo criou um blog, no qual registrou as variadas experiências vividas naquele período.
Após o retorno ao Brasil, os intercambistas participaram de uma série de discussões sobre as lições aprendidas durante a viagem. Os debates resultaram em um evento que contou com a presença de integrantes da comunidade acadêmica, durante o qual foi apresentado um audiovisual elaborado pelo grupo, seguido de dois debates em forma de mesas-redondas. “A experiência dos nossos alunos no Goldsmiths College também deu origem a dois artigos que foram publicados na revista Ensino Superior Unicamp, sendo que um deles foi assinado pelos intercambistas e por mim e o outro, pelos professores Marcelo Knobel [pró-reitor de Graduação], Gilberto Alexandre Sobrinho [assessor da PRG] e também por mim”, complementa Gabriela Celani.
Estrangeiros
No que se refere à internacionalização da graduação, a Unicamp não se preocupa somente em enviar estudantes ao exterior, mas também em receber jovens estrangeiros interessados em cumprir parte de sua formação aqui. Em 2011, a instituição recepcionou 341 desses jovens em seus cursos de graduação. Uma das iniciativas mais importantes nesse sentido, e que tem amplo alcance social, é o Programa Emergencial Pró-Haiti em Educação Superior, financiado pela Capes e do qual a Universidade é uma das mais efetivas participantes. A finalidade da ação é contribuir para a formação de recursos humanos e para reconstrução do sistema de ensino superior daquele país, que foi devastado por um terremoto em 2010.
Segundo a professora Eliana Amaral, assessora da PRG, a Unicamp colocou 80 vagas de graduação à disposição do programa, a maioria em cursos de humanidades, mas também em outras carreiras. Entretanto, a Capes indicou somente 41 haitianos para estudarem na Universidade, recebendo bolsa. Eliana Amaral afirma que, além do apoio da Capes, os haitianos também contam com amplo suporte por parte da Unicamp. “Nós os recepcionamos e os ajudamos a encontrar moradias, a comunidade fez doações para ajudá-los a se instalarem em Campinas. Foram oferecidas bolsas para alunos de Pós-Graduação e Graduação (PED e PAD), com recursos da Capes e da Unicamp, para maior apoio aos estudos deste grupo. O programa previa que eles estudassem português nos primeiros seis meses e cursassem disciplinas de graduação durante mais um ano. O que temos notado é que os haitianos são muito esforçados. Estão tendo bom desempenho, ainda que tenham o desafio de estudar na Unicamp em português”.
“Como os processos de inscrição, seleção e liberação para a viagem atrasaram, vários desses alunos declararam, ao chegarem aqui, que já haviam concluído a graduação em seu país e que estavam interessados em participar de programas de pós-graduação. Um grande número dos demais estudantes gostaria de concluir os estudos de Graduação no Brasil. Nós estamos aguardando um posicionamento oficial da Capes para saber quais os procedimentos para uma eventual alteração de status desses estudantes, antes do término do programa, ao final de 2012”, esclarece.
Também na linha da recepção de estudantes estrangeiros, a Unicamp participa do Programa de Estudantes Convênio de Graduação (PEC-G), mecanismo de cooperação firmado entre o governo brasileiro e países em vias de desenvolvimento, especialmente da África e América Latina. Através do PEC-G, a Universidade informa à Secretaria de Educação Superior do Ministério da Educação (SESu-MEC) o número de vagas disponíveis em cursos do período diurno. A seleção é feita com a participação do Departamento de Cooperação Científica, Técnica e Tecnológica do Ministério das Relações Exteriores (DCT-MRE) e SESu-MEC, assessorados por uma comissão indicada pelo fórum de Pró-reitores de Graduação das universidades brasileiras.
De acordo com a professora Dora Kassisse, assessora da PRG, os aprovados cumprem seis meses de estudos de português e depois partem para fazer os cursos de graduação. “Nesse caso, os estudantes realizam toda a formação na Unicamp. Eles são matriculados como alunos regulares da instituição. Para viajar ao Brasil, eles precisam provar que têm como se sustentar. Assim, não podem concorrer a bolsas sociais, mas apenas a bolsas acadêmicas. Os participantes do PEC-G não seguem o nosso regimento geral de cursos de graduação, pois atendem a um protocolo específico. O que temos notado é que esses estudantes são muito dedicados, sendo que vários têm obtido muito sucesso nos estudos”, relata a docente. Atualmente, conforme a Diretoria Acadêmica, 41 estudantes participam do programa na Unicamp.