Unicamp
Jornal da Unicamp
Baixar versão em PDF Campinas, 10 de dezembro de 2012 a 16 de dezembro de 2012 – ANO 2012 – Nº 549Ações valorizam docência e
atualizam Regimento Geral
O que é bom sempre pode ser aperfeiçoado. Este talvez seja o princípio que melhor explique as ações desenvolvidas pela Unicamp nos últimos anos em relação ao ensino de graduação, nas suas diferentes dimensões. Empenhada em conferir a este nível de educação um padrão de qualidade internacional, a Universidade desenvolveu uma série de medidas e programas destinados a qualificar e valorizar os docentes, atualizar a legislação interna, aprimorar currículos e refinar rotinas e procedimentos, entre outros. Os resultados obtidos apontam para a importância das iniciativas, que são continuamente avaliadas pela instituição.
No âmbito da qualificação e valorização dos professores, uma das ações adotadas foi a criação do Prêmio de Reconhecimento Docente pela Dedicação ao Ensino de Graduação, aprovado por unanimidade pelo Conselho Universitário (Consu), órgão máximo deliberativo da Universidade, em novembro de 2011. A iniciativa atendeu a uma determinação do Planejamento Estratégico (Planes). “A premiação pretende incentivar e reconhecer a dedicação dos docentes ao ensino de graduação. Os critérios básicos que orientam a escolha dos vencedores foram objeto de um criterioso processo de análise e discussão. Vale destacar que as unidades de ensino e pesquisa podem incluir critérios adicionais, de modo a respeitar suas especificidades”, afirma a professora Dora Kassisse, assessora da Pró-Reitoria de Graduação (PRG).
De acordo com ela, cada unidade pode indicar até três nomes para concorrer ao prêmio. Uma Comissão Geral de Avaliação, ligada à Comissão Central de Graduação (CCG), é encarregada de analisar a contribuição dada pelos indicados. Os contemplados (um de cada unidade) recebem um diploma e o equivalente ao salário de um professor nível MS-3. Os primeiros ganhadores do Prêmio de Reconhecimento Docente pela Dedicação ao Ensino de Graduação foram anunciados em novembro.
Visitas
Outra ação executada pela Unicamp com o intuito de aprimorar o ensino de graduação foi o lançamento no início deste ano de um edital para financiar visitas de docentes a cursos de graduação de excelência internacional no exterior. A iniciativa foi implementada em conjunto pela PRG, Fundação de Desenvolvimento da Unicamp (Funcamp) e banco Santander. Ao todo, foram contemplados 38 professores. O investimento total foi da ordem de R$ 450 mil. Entre as universidades que serão visitadas pelos professores da Unicamp estão instituições de reconhecida qualidade, como Harvard, MIT (Instituto de Tecnologia de Massachusetts), Berkeley, Instituto de Artes da Califórnia (Calarts) e Universidade do Porto.
O objetivo do edital, conforme a professora Gabriela Celani, assessora da PRG, é aliar o processo de internacionalização da Unicamp à melhoria constante dos cursos de graduação. De acordo com ela, as visitas devem subsidiar propostas que levem à atualização e aprimoramento dos currículos. As mudanças, diz, podem ser pontuais ou mais amplas, variando de acordo as necessidades identificadas. “Nós queremos que os nossos cursos de graduação tenham qualidade internacional. Assim, vamos buscar referências sobre o que há de melhor no mundo nesse nível de ensino, para adaptarmos à nossa realidade”, explica.
Os docentes contemplados pelo edital terão de cumprir algumas exigências, sendo duas delas mais significativas. A primeira é apresentar, logo após o retorno, um relatório detalhando os pontos mais relevantes observados durante a viagem. A partir daí, eles terão um ano para implantar as mudanças que considerarem importantes para ampliar o grau de excelência dos cursos de graduação. Ao final deste período, deverão apresentar um novo relatório elencando os resultados obtidos com as mudanças introduzidas.
Em seguida, adianta a assessora da PRG, a Universidade realizará um fórum sobre inovação curricular na graduação, que contará com todos os participantes das visitas ao exterior. “Será uma ótima oportunidade para eles compartilharem suas experiências com os demais integrantes da comunidade universitária”, considera Gabriela Celani. “Nós acreditamos muito que esse tipo de iniciativa pode levar a transformações. É possível que, a partir dessas visitas, os cursos promovam ações como a mudança de currículos, adoção de novas disciplinas e criação de novos laboratórios, para ficar em três hipóteses”.
A atração de profissionais de notório conhecimento para atuar por um determinado período junto à graduação é mais uma medida adotada pela Unicamp para qualificar esse nível de ensino. Nesse sentido, a Universidade criou o programa Professor Especialista Visitante em Graduação, que já lançou cinco editais. A expectativa da ação é que ela propicie a integração entre pessoas com reconhecida atuação no mercado com a comunidade universitária, de modo a promover impactos positivos tanto na formação dos alunos quanto na atualização dos docentes.
A professora Gabriela Celani explica que o programa nasceu da constatação de que, em algumas carreiras, somente o conhecimento cientifico não é suficiente para formar bons profissionais. “A imensa maioria dos nossos professores tem o título mínimo de doutor e se dedica integralmente às atividades de ensino e pesquisa. Qualidade, portanto, não é o nosso problema. Ocorre, porém, que esses compromissos muitas vezes afastam nossos professores da prática profissional. A ideia de trazer um professor especialista visitante é justamente estabelecer esse elo, bem como proporcionar aos nossos alunos o contato com os bons profissionais do mercado”, detalha.
Conforme as normas do programa, o visitante não precisa ter título de mestre ou doutor, mas é indispensável que possua notórios conhecimentos acerca da sua carreira. A ele, é oferecida uma bolsa com duração de cinco meses. Nesse período, o contemplado se compromete a ministrar ao menos uma disciplina de quatro horas semanais e uma palestra aberta à comunidade universitária. A seleção é feita da seguinte forma: os nomes são sugeridos pelos coordenadores de curso, após ampla discussão, às comissões de graduação, que se encarregam de apresentar as propostas com os respectivos planos de trabalho.
Posteriormente, as propostas são analisadas por um comitê formado por representantes de cada área do conhecimento e pela assessoria da PRG, e posteriormente classificadas de acordo com a relevância do currículo dos candidatos, o número de alunos a serem beneficiados e o impacto para a formação profissional dos graduandos. “Os resultados do programa têm sido muito bons, conforme pudemos apurar com base nos dados oferecidos pelo PAG [Programa de Avaliação da Graduação]. Tanto é assim que nós iniciamos essa ação concedendo quatro bolsas por semestre, sendo uma para cada área do conhecimento [Humanas/Artes, Exatas, Tecnológicas e Biomédicas]. Contudo, em razão do crescente interesse por parte das coordenações dos cursos, a Reitoria autorizou a expansão do número de bolsas para duas por área, totalizando 16 ao ano”, informa a assessora da PRG.
Normas
Além de ações relativas às atividades didáticas, pedagógicas e de planejamento no âmbito da graduação, a Unicamp também dedicou um esforço considerável à revisão geral do Regimento Geral de Graduação, instrumento que estabelece as normas que regem os cursos nesse nível de ensino. Conforme explica a professora Dora Kassisse, assessora da PRG, os trabalhos de atualização do regimento tiveram início em 2005 e foram concluídos na gestão do professor Marcelo Knobel à frente da Pró-Reitoria. “Com o decorrer do tempo, o regimento ficou desatualizado, por causa da própria dinâmica da Universidade. Cursos foram criados e novos intercâmbios, tanto internos quanto externos, foram estabelecidos. Tudo isso precisava estar contemplado na legislação”, pondera.
Entre os que contribuíram para a revisão do regimento, prossegue a docente, estão os coordenadores de cursos, cuja colaboração foi indispensável ao sucesso da empreitada. Uma das consequências mais visíveis da atualização do instrumento foi a queda do número de processos de alunos encaminhados à avaliação da CCG. Enquanto em 2009 a comissão teve que analisar 108 processos relativos à matrícula, por exemplo, em 2011 esse número caiu para somente 28. “Em virtude das adequações promovidas, muitas situações que demandavam a apresentação de processos, como a validação de uma disciplina realizada pelo aluno durante as férias em outra universidade, agora estão previstas no regimento”, esclarece.
Com a diminuição dessa carga de processos, acrescenta Dora Kassisse, a CCG deixou de discutir excepcionalidades, que demandavam um tempo excessivamente longo, para se concentrar em temas de maior abrangência, como novos programas e ações relacionadas à qualificação da graduação. Nesse sentido, a professora Néri de Barros Almeida, vice-presidente da CCG, destaca que as discussões no âmbito da comissão tornaram-se ainda mais aprofundadas, graças também ao trabalho realizado pelas subcomissões de relatores e pareceristas. “Quando o processo chega à CCG, ele vem acompanhado de um parecer muito bem fundamentado, o que agiliza os trabalhos. Além disso, por terem debatido cada caso de forma detalhada anteriormente, esses pareceristas e relatores mantêm a CCG amplamente informada acerca de todos os aspectos de cada item da pauta”.
Também contribuem para o aprimoramento dos procedimentos e rotinas as ações executadas pela Diretoria Acadêmica (DAC). Conforme a professora Dora Kassisse, o papel da DAC tem sido fundamental, por exemplo, nas atividades pertinentes à aprovação de catálogos e ao julgamento dos processos dos estudantes. “Graças à experiência e dedicação do Toninho [Antonio Faggiani, coordenador] e sua equipe, nós temos tido bons resultados no esforço para tonar as nossas tarefas cada vez mais céleres e eficientes”.