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Jornal da Unicamp
Baixar versão em PDF Campinas, 11 de março de 2013 a 17 de março de 2013 – ANO 2013 – Nº 553Adição de grão de soja na dieta de cordeiro
deixa carne mais saudável
Experimentos feitos na FEA resultaram em teores mais baixos de gorduras saturadas
A adição de sementes de grãos de soja, na alimentação de cordeiros, pode melhorar a qualidade da carne quanto aos teores de ácidos graxos insaturados, como o ácido linoléico e o CLA (ácido linoléico conjugado), considerados a gordura “boa” para o organismo humano. É o que aponta uma pesquisa realizada na Faculdade de Engenharia de Alimentos (FEA). Foram feitos testes com 24 cordeiros, incluindo na dieta deles sementes oleaginosas como caroço de algodão, grão de soja e girassol. O estudo, desenvolvido por Mariana Masson Guizzo, segue a tendência atual da demanda crescente por alimentos saudáveis, cujas características principais são os baixos teores de gorduras saturadas.
A pesquisa foi orientada pelo professor Pedro Eduardo de Felício e a sua principal contribuição foi conhecer quais os efeitos da nutrição animal, principalmente, sobre as características da carcaça e da carne. “Um dos maiores desafios do setor produtivo da carne está relacionado com a alteração do perfil de ácidos graxos por meio da manipulação da dieta fornecida aos animais. Sabe-se que os animais ruminantes tendem a ter maior concentração de gordura saturada em sua composição”, argumenta a autora do estudo, a zootecnista Mariana Masson Guizzo.
Os animais foram divididos em quatro grupos, sendo que cada um foi alimentado com um tipo de semente. Os testes com os grãos de soja tiveram os melhores resultados e, por isso, constituem uma boa opção para o setor pecuário por proporcionar menor concentração de gordura saturada na carne. Além disso, não se observou influência nas características sensoriais, como o aroma e o sabor da mesma, pois teve maior aceitabilidade pelos consumidores de carne ovina e, ainda, apresentaram parâmetros da zootecnia favoráveis. Já no caso dos cordeiros alimentados com sementes de girassol, embora a qualidade da carne não tenha sido afetada, os animais não tiveram um bom desenvolvimento quando avaliados pela zootecnista.
Os resultados obtidos, quanto à avaliação sensorial, apontaram que apenas o grupo alimentado com caroço de algodão teve uma menor aceitação por parte dos analisadores, em relação aos atributos aroma e sabor, considerados “estranhos”. “O caroço de algodão é muito usado pelos produtores, principalmente para dieta de bovinos, na época da seca, na qual há maior incidência de confinamentos”, explica Mariana.
Por isso, muitos pesquisadores estão se dedicando a estudos para saber se seria a melhor opção para a produção animal em relação à qualidade da carne. Neste sentido, a autora do estudo espera em um projeto de doutorado investigar melhor esta questão, uma vez que a diferença na análise sensorial foi significativa, indicando que o sabor da carne pode ser diferente.
A escolha da soja, algodão e girassol se deu pelo fato de serem fontes encontradas facilmente no país. O girassol e a soja, por exemplo, são produzidas em grandes quantidades, além de possuírem altos teores de gordura “boa”. Já a semente de algodão é um subproduto da indústria com baixo custo para o produtor e utilizada em larga escala por alguns produtores pela sua viabilidade econômica. “O teor de gordura e a composição de ácidos graxos da carne assumem, atualmente, um papel importante na cadeia produtiva sob influência das exigências do mercado consumidor”, destaca Mariana Guizzo.
Publicação
Dissertação: “Efeitos de rações contendo oleaginosas (soja, girassol ou algodão) nas características da carne (M. Longissimus) de cordeiros”
Autora: Mariana Masson Guizzo
Orientador: Pedro Eduardo de Felício
Unidade: Faculdade de Engenharia de Alimentos (FEA)
Financiamento: CNPq
Comentários
Mari meus parabéns pela sua
Mari meus parabéns pela sua pesquisa e que você consiga cada vez mais se especializar na sua área de interesse. Muito sucesso!!! Um grande beijo