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Jornal da Unicamp
Baixar versão em PDF Campinas, 16 de dezembro de 2013 a 31 de dezembro de 2013 – ANO 2013 – Nº 587O Brasil na vida do ‘Picasso da China’
Chang Dai-chien morou por quase duas décadas no Estado de São Paulo na fase mais importante de sua carreira internacionalAssim como grande parte do Ocidente, o Brasil ainda não abriu os olhos para a riqueza da arte chinesa. Essa é a opinião do historiador de arte José Roberto Teixeira Leite, professor aposentado do Instituto de Artes da Unicamp e estudioso da cultura da China. Um dos maiores exemplos disso reside na pouco conhecida experiência brasileira do artista Chang Dai-chien (Zhang Daqian), considerado por muitos como o maior pintor chinês do século 20. “O que nos falta é mais familiaridade com a cultura chinesa”, afirma Teixeira Leite, autor do livro A China no Brasil, publicado em 1999, pela Editora da Unicamp, e que conta com um capítulo inteiro dedicado ao célebre artista chinês.
Chang Dai-chien (1899-1983) vive um momento de grande destaque no mercado artístico internacional três décadas após sua morte. Em 2011, o valor de suas obras negociadas em leilões fez dele o artista mais valorizado do mundo, vendendo mais de meio bilhão de dólares, à frente de nomes como o espanhol Pablo Picasso (1881-1973) e o norte-americano Andy Warhol (1928-1987). Atualmente, a cineasta sino-americana Weimin Zhang, professora assistente de Cinema na Universidade Estadual de São Francisco, está dirigindo um documentário sobre o mestre chinês e pretende vir ao Brasil conhecer os detalhes das quase duas décadas em que ele viveu na Região Metropolitana de São Paulo, no município de Mogi das Cruzes.
“Chang tem várias facetas. A mais importante é que ele era o mais antigo pintor tradicionalista chinês que estava ainda vivo há pouco tempo. Ele pintava como se pintava no século 15, no século 13 – e, cá entre nós, também falsificou muita coisa dessa gente, mas muita coisa“, explica Teixeira Leite. Mesmo sendo reconhecido como um expoente das tintas na China do século 20, Chang ficou famoso por ludibriar renomados especialistas com as obras que forjava, emulando as técnicas e as características de lendas da pintura tradicional chinesa. “Nunca se sabe, na verdade, se são dele ou se são do camarada, tem essa nuvem escura sobre ele. Inclusive houve um caso recente no Metropolitan, de Nova York, que foi um escândalo. Uma das peças mais famosas, do século 10 [“Riverbank”, supostamente atribuída ao pintor Dong Yuan], na verdade, era do Chang Dai-chien, pintada em Mogi”.
A professora chinesa radicada nos Estados Unidos afirma que sempre quis assistir uma produção audiovisual que abordasse essa parte da vida dele e discorresse sobre a “busca artística” do pintor. “Como cineasta, eu acho que a experiência de vida dele no Brasil é extremamente importante, porque foi a que fez dele um mestre mundial, que conseguiu conectar o Oriente ao Ocidente. E esse período foi, certamente, o ponto alto de sua vida”, afirma Weimin.
Foi na fase brasileira, a partir da década de 1960, que Chang adotou um novo estilo de pintura, que o aproximou da arte ocidental e, de certa forma, significou uma ruptura com a pintura tradicionalista que o tornou renomado. “O valor dele talvez esteja nesse último momento, em que ele, com a visão já afetada, começou a pintar em névoas, em neblinas e coisas assim enevoadas, o que se aproxima – e certamente não era intenção dele – do abstracionismo expressionista”, opina Teixeira Leite. “Naquela fase final, ele lança as tintas sobre o pergaminho, sobre o rolo, e de repente aquelas tintas sugerem formas, e aí ele aprimora uma forma. Isso é algo que ele criou. Nesse momento ele deixa de ser aquele pintor tradicionalista, do século 11, e tenta uma aproximação com o século 20, ainda que, na minha opinião, inconsciente. Foi uma faceta nova na arte dele.”
Muito da incompreensão sobre a arte chinesa, segundo Teixeira Leite, pode ser atribuída a uma “falha da academia brasileira”, por não se interessar no estudo da arte oriental. O crítico de arte tentou, quando ainda lecionava na Unicamp, criar um núcleo de estudos chineses na Universidade, em meados da década de 1990, mas não obteve sucesso. Atualmente, Teixeira Leite tem um novo livro pronto, chamado “Por Trás da Grande Muralha”, que deve ser lançado em 2014. A obra apresenta um enfoque muito amplo sobre tudo o que se pensou e se viu sobre a China e os chineses no mundo ocidental, de acordo com o autor.
A experiência de Teixeira Leite revela que, mesmo atualmente, fora dos círculos artísticos, Chang não é amplamente reconhecido. “Eu estive na China agora e falei algumas vezes sobre o Chang Dai-chien, mas eles não conhecem ou fingem que não conhecem. Como ele foi para o outro lado, foi para a ‘geladeira’”, ressalta o professor da Unicamp, recordando que o pintor era contrário ao comunismo. Apesar de não ter conhecido Chang pessoalmente, Teixeira Leite conheceu muitas das histórias da vida de Chang por meio do artista Sun Chia Chin (1930-2010), um dos principais discípulos do mestre chinês e que foi professor da Universidade de São Paulo (USP).
Memória que se apaga
Um sentido de urgência guia esse projeto de Weimin, já que a maior parte das pessoas que conviveram com o pintor já morreu ou está com idade avançada, como o filho mais velho dele, Paulo Chang, de 86 anos, que mora no Canadá. Ela trabalha no filme há cerca de um ano e meio, mas já há um trailer disponível no site da produção (geniusofchangdaichien.com). A princípio, o filme havia sido batizado provisoriamente como Genius of Chang Dai-chien (O gênio de Chang Dai-chien, em tradução livre), mas o novo título provável será Searching the Picasso of the East (Em busca do Picasso do Oriente, em tradução livre).
Chang recebeu no Ocidente a alcunha de “Picasso oriental” ou “Picasso da China” por ser o primeiro pintor chinês a conquistar fama ao expor em grandes museus europeus e norte-americanos e pela maestria com que revitalizou sua tradição artística. Nascido na Província de Sichuan, no sudoeste da China, no final do século 19, Chang percorreu o mundo apresentando suas obras e colecionando trabalhos de grandes nomes das artes plásticas chinesas. Em sua coleção, reuniu os expoentes de quase mil anos da pintura tradicional da China, que serviriam de inspiração para suas obras.
Weimin já realizou entrevistas com Paulo Chang, outros familiares e amigos e também com pesquisadores de arte em Taiwan e nos Estados Unidos, mas ela ainda espera obter mais recursos financeiros para poder dar continuidade ao projeto, o que inclui a vinda ao Brasil. “A principal parte que falta é a do Brasil”, ressalta Weimin. Sua expectativa é de concluir o documentário em 2014, mas isso ainda dependerá das verbas disponíveis. Apesar disso, ela dispõe de um valioso acervo de 45 minutos de filmes feitos sobre Chang durante sua estada em Carmel, na Califórnia, no começo da década de 1970. Esse material inédito pertence à Universidade Estadual de São Francisco e mostra Chang pintando e caminhando pelas belas paisagens do Estado norte-americano. “Essas filmagens são muito preciosas, são um tesouro para nós.”
A professora da Universidade Estadual de São Francisco também estudou Artes, tanto na China quanto nos Estados Unidos, o que oferece uma perspectiva diferenciada sobre a jornada de Chang e seu legado artístico. “Atualmente, suas pinturas valem dezenas de milhões de dólares. Certamente ele é um artista muito reconhecido dentro e fora da China por seus trabalhos, mas ninguém parece se importar muito sobre sua vida, sobre como ele percorreu esse caminho ao longo de sua vida. É por isso que acredito que seja importante fazer um documentário, para permitir que as gerações futuras compreendam isso.” Segundo Weimin, o momento para esse resgate é oportuno, pois “a singularidade de seu trabalho está definitivamente se tornando mais reconhecida no mundo”. A pesquisa compreende também uma extensa pesquisa bibliográfica sobre Chang, incluindo suas biografias publicadas na China e nos Estados Unidos.
O único documentário produzido sobre Chang no Ocidente foi o filme norte-americano Morada da Ilusão (Abode of Illusion), de Carma Hinton e Richard Gordon, lançado em 1993 e exibido pela primeira vez para a audiência brasileira na TV Cultura em maio de 2011. Para Weimin, a produção dedicou espaço demasiado para a controvérsia que envolve Chang como um falsificador de pinturas clássicas chinesas, algo que ele fez com maestria, mas que, na opinião dela, representa apenas uma faceta do rico personagem. Paulo Chang, filho que mais tempo conviveu com o artista, também considerou Morada da Ilusão, em entrevista ao autor desta reportagem, em 1999, como sendo “mal filmado” e “mal documentado”.
A cópia de obras clássicas é um dos métodos mais comuns na China para se aprender a arte da pintura. E esse processo de aprendizagem é totalmente diferente da experimentada na tradição europeia. “Na arte chinesa, não é bem falsificação. Não há uma intenção dolosa, e sim de honrar o passado, de emular. Ao contrário do ocidental, o que o artista chinês menos quer é inovar, ele quer igualar ao passado, e isso não é falsificação”, aponta Teixeira Leite. Na sociedade chinesa, tradicionalmente não se aprende teoria e prática com um professor, em um modelo de escola de arte, mas sim por meio da relação entre mestre e aprendiz, que se dedica a reproduzir as técnicas do artista. “Quando Chang pintava essas coisas – e ele pintava e dizia a satisfação que tinha com isso –, não era para ganhar dinheiro. Era para se dizer ‘eu sou tão bom quanto esse camarada’, e, às vezes, dizer ‘eu sou melhor que esse camarada’. Ele era meio cabotino.”
Sob esse modelo tradicional de ensino foi formado o pintor chinês Sun Chia Chin, um dos principais aprendizes de Chang. Sun veio ao Brasil no começo dos anos 1960 com o objetivo exclusivo de conviver com o mestre e extrair o máximo de ensinamentos que pudesse ao praticar a arte dos pincéis e das tintas. Em entrevista ao autor desta reportagem em 2003, Sun afirmou que morou durante três anos na casa do pintor e que foi integrado à família como se fosse um filho. “Eu vivia com ele, que me mostrava sua coleção e dizia como era uma pintura boa. Ele me explicava como apreciar a obra antiga e como saber separar as dinastias, um estudo em profundidade”, lembrou Sun na época, se referindo à importante coleção que Chang amealhou.
O “Picasso chinês” deixou a China continental em 1948, pouco antes da Revolução Comunista, tendo vivido em Hong Kong e na Argentina. No final de 1953, Chang veio para o Brasil a convite de um amigo e acabou se fixando, com mulher e sete filhos, em Mogi das Cruzes, atraído pela beleza natural da Mata Atlântica. Inicialmente, morou em uma casa próxima ao centro de Mogi – ainda existente, apesar de modificada – enquanto construía uma grande propriedade na zona rural do município. Só deixou o país em 1970, quando soube que o sítio de seis alqueires que com tanta dedicação modificara seria inundado por uma represa. Depois de um período vivendo nos Estados Unidos, em 1976 mudaria definitivamente para Taiwan, onde ficaria até o fim de seus dias. Depois que deixou o território brasileiro, manteve poucos vínculos aqui, mas ao menos dois de seus filhos e alguns netos permaneceram morando no Estado de São Paulo nas décadas seguintes.
Chang Dai-chien teve uma fecunda produção artística, cujo volume é estimado por seu filho Paulo Chang em mais de 30 mil obras. No final dos anos 1950, quando já era famoso na Europa e premiado na América do Norte, o mestre expressou sua visão sobre o ofício da pintura e o papel do artista da seguinte maneira: “O pintor é a divindade de seu próprio mundo, investido com a prerrogativa de criar qualquer coisa que ele tenha vontade. Em suas pinturas, ele pode representar o papel do Criador e fazer chover ou fazer o sol brilhar sem receber ordens de qualquer outra força existente.”
Museu do RS é um dos únicos a ter obra do artista no Brasil
A Pinacoteca Ruben Berta, em Porto Alegre (RS), é um dos únicos museus brasileiros que contam com uma obra de Chang Dai-chien em seu acervo. Apesar de ter sido extremamente profícuo em seus 84 anos de vida, o mestre chinês ainda encontra pouco espaço nas galerias e coleções do Brasil. A obra Passeio ao Longo do Rio Apreciando as Flores das Ameixas havia sido adquirida, em 1966, pelo jornalista e empresário Assis Chateaubriand, e doada ao Museu de Porto Alegre. No entanto, por décadas a valiosa pintura permaneceu incógnita no acervo técnico, já que as referências ao título correto e ao autor se perderam com o tempo. Flávio Krawczyk, diretor do Acervo Artístico da Pinacoteca Ruben Berta, explica que a identificação da autoria somente ocorreu depois que uma reportagem do jornal Folha de S.Paulo, de outubro de 2003, alertou o museu sobre a doação citando notícias publicadas na década de 1960. “Então, nós chamamos um tradutor de chinês que olhou algumas inscrições que havia na obra e, a partir dessa tradução, concluímos que era a obra referida.”Em julho deste ano, Passeio ao Longo do Rio Apreciando as Flores das Ameixas foi destaque na exposição Expresso do Oriente, realizada pela Prefeitura de Porto Alegre no Paço dos Açorianos, no centro da capital, juntamente com quadros de artistas como Tomie Ohtake e Manabu Mabe, entre outros. Krawczyk destaca que a obra de Chang já integrou outras exposições na cidade nos últimos dez anos. “Não sei se existe algum outro museu público que tenha uma obra de Chang no Brasil. Eu desconheço. E nós ficamos muito honrados com isso”, declarou o diretor da pinacoteca gaúcha.
A capital paulista também pôde apreciar neste ano algumas das obras do “Picasso chinês”. Entre maio e agosto, a exposição Seis Séculos de Pintura Chinesa, com parte da coleção do Museu Cernuschi, de Paris, trouxe para a Pinacoteca do Estado de São Paulo dez obras de Chang feitas entre as décadas de 1940 e 1950. Segundo o museu paulista, a exposição foi uma das mais vistas dos últimos anos, com cerca de cem mil visitantes. Esse volume é comparável ao público registrado em mostras de artistas como Tarsila do Amaral (1886-1973) e Alberto Giacometti (1901-1966). Tarsila Viajante, em 2008, totalizou 108 mil visitantes, enquanto a retrospectiva do pintor suíço atraiu, em 2012, 130 mil pessoas à Pinacoteca.
A Pinacoteca, entretanto, perdeu a oportunidade de oferecer, aos visitantes de Seis Séculos de Pintura Chinesa, mais informações sobre a relação de Chang Dai-chien com o Brasil. Como não havia um catálogo impresso à venda – o museu optou por disponibilizar apenas o catálogo digital, no site da instituição –, não era possível para o visitante saber que grande parte da produção artística do célebre artista oriental havia sido produzida a menos de cem quilômetros da capital paulista, entre as décadas de 1950 e 1970. Apenas aqueles que tiveram contato com o catálogo eletrônico puderam saber dessa pouco conhecida história.
Chang expôs em vários museus e galerias brasileiros no período em que morou aqui, como na 6ª Bienal Internacional de Artes em São Paulo (1961), no Museu de Arte de São Paulo (1966), no Museu Nacional de Belas Artes do Rio de Janeiro (1966) e em galerias paulistanas como Atrium (1968), Chelsea (1971) e A Galeria (1973).
Telas alcançaram preço recorde em 2011
As obras de Chang Dai-chien vendidas em leilões em 2011 somaram US$ 550 milhões, fazendo do mestre chinês o artista mais valorizado daquele ano. O renomado pintor asiático, que viveu o auge da carreira no Brasil, conseguiu bater nesse ranking seu amigo Pablo Picasso, que havia ocupado o primeiro posto por 13 vezes nos últimos 14 anos, segundo a consultoria Artprice. Os quadros do espanhol, que conheceu Chang em 1956, numa visita do chinês ao sul da França, totalizaram US$ 315 milhões, o que o deixou atrás também de outro chinês, Qi Baishi (US$ 510 milhões), e de Andy Warhol (US$ 325 milhões).
A valorização ocorrida nas obras de Chang na última década está diretamente relacionada ao crescimento exponencial do mercado de artes na China nos últimos anos. No ano passado, a China respondeu por 40% do mercado mundial de artes. Praticamente todo catálogo de leilões de arte chinesa atualmente contam com pelo menos uma obra de Chang.
Em 2011, a obra Lotus and Mandarin Ducks, de 1947, bateu recorde ao atingir um preço final mais de dez vezes acima do preço mínimo, sendo vendido na Sotheby’s de Hong Kong por US$ 24,5 milhões. Naquele ano, dos mais de 1.300 lotes com obras de Chang oferecidos em leilões pelo mundo, somente seis ocorreram fora da China, sendo quatro em Nova York e dois em Paris, segundo a Artprice.
Em 2012, Chang não obteve tanto sucesso, mas mesmo assim vendeu US$ 287,2 milhões, o que o deixou em 2º lugar do ranking, atrás somente de Warhol, que somou US$ 329,9 milhões. Picasso, que se tornou amigo de Chang na década de 1950 e inclusive o presenteou com uma obra que adornava a residência do chinês em Mogi das Cruzes, ficou na terceira posição, depois de vender US$ 286 milhões.
Comentários
MEU CONTERRÂNEO, EM TERMOS
MESTRE CHANG, AQUI COITADO, SÓ MATUSALEM
Olha aí pessoal! Finalmente vamos falar de valores ignorados pelos brasucas. Não pela absoluta minoria que o conheceu e admirou. Aqui em Mogi das Cruzes, este mestre viveu e produziu, mas eu vi recentemente, dezenas de trabalhos seus irem para o lixo depois de queimados cruelmente. Eu fui atrás da pessoa, que os detinha, muito pobre e ignorante, coitado. Eu não o encontrei e meu dinheirinho, gasto nas buscas infelizmente não rendeu o fruto desejado. As obras já eram e foram também junto, às fotos de uma apadrinhada noiva e Chang, que se deixou fotografar com ela. Então me restou à experiência de comprovar que temos a dádiva de fazer com que Bens Culturais incomensuráveis vão para o desmanche todos os dias.
Eu canso de expor este lamentável episódio aos meus alunos. Enalteço o mestre Zang Daqian, e ridicularizo a nossa capacidade de em ignorar que o que não é para se levar ao estômago, não tem valor. Fome é uma coisa, mas comer os ovos de ouro da galinha que já morreu, é sabido, segundo Grumpolis Miniaticun, que não dá. Choque-os, pô!
Nem adianta argumentar que somos paupérrimos, precisamos de comida e ta dito!
Vejo pessoas formadas, aposentadas dizendo que arte é pura enganação e que nada temos a fazer com essa porcariada.
Bom, especifiquemos, era um dentista.
Então eu retruquei: Não precisamos de dentista também? Mas as paredes de sua residência são tomadas por obras de arte.
Outro caso: Estive em uma reunião com representantes do Ministério da Cultura. Na minha fala eu indaguei se para comporem o Plano Nacional da Cultura do PT, eles ouviram os artistas. A resposta foi imediata e fatídica, não! Não vamos pajear nenhum artista.
Tai! Viu?
Perguntei, ainda se eles conheciam o Maurício de Souza. Se eles ouviram Brecheret. Se eles sabiam quem era Thomaz Ender, o Volpi aqui também não foi ouvido. Perguntei se conheciam um dos maiores pintores que o Brasil já teve Gilberto Geraldo que trabalha e vive em São Petersburgo, de Santa Izabel. Esse cara, premiado, é muito importante, é novo e está produzindo para expor no Museu daquela cidade.
Como ele não precisa ser ouvido? Ora! Lá ele foi.
Agora vejamos o Mestre Chang: Não foi ouvido, foi ignorado, não foi preservado e acabou indo embora para onde se tornou um mito das artes plásticas mundial.
É pouco?
Só que ainda temos valores incríveis nesta nossa bendita região, a do Alto Tietê que são ignorados. Vemos de tudo menos um Museu para instalá-los e divulgá-los.
Pobre é mundo em nossas mãos! Deem para os outros e não lamentem nunca!
Líbano Montesanti Calil Atallah
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