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Jornal da Unicamp
Baixar versão em PDF Campinas, 29 de agosto de 2014 a 07 de setembro de 2014 – ANO 2014 – Nº 604Um esqueleto fascina muita gente...
Um esqueleto humano é encontrado durante uma escavação. Para olhos não treinados, aquele conjunto de ossos talvez não diga muita coisa. Já para um especialista, a quantidade de informações contidas ali, tanto sobre aquele indivíduo como sobre a sociedade na qual ele vivia, é imensa. Mas como um simples esqueleto pode ajudar na recuperação de características e comportamentos de populações antigas e extintas? Escrito pelo bioantropólogo e arqueólogo brasileiro Walter Alves Neves, coordenador do Laboratório de Estudos Evolutivos Humanos do Instituto de Biociências da Universidade de São Paulo (USP), Um esqueleto incomoda muita gente... tenta responder a essa pergunta para leitores não especializados. A obra é mais uma da coleção Meio de Cultura, publicada pela Editora da Unicamp, que busca divulgar ciência e tecnologia para um público amplo com livros de linguagem acessível a todos.
Um esqueleto incomoda muita gente... aborda diversos aspectos do estudo de ossos humanos, e seu autor é um especialista no assunto. Walter Neves foi o responsável por analisar, na década de 1990, o mais antigo crânio humano encontrado no continente americano, chamado por ele de Luzia. Com o argentino Héctor Pucciarelli (Museo de Ciencias Naturales da Universidade de La Plata), Walter Neves participou da formulação de uma teoria original sobre o povoamento das Américas, segundo a qual duas diferentes correntes de caçadores-coletores teriam migrado da Ásia para o nosso continente.
Neste seu mais recente livro, lançado em 2013, Walter Neves mostra que, além de ser um renomado cientista, sabe também escrever sobre sua área para um público não familiarizado com o tema. Já no título vemos o humor do pesquisador, que, em paródia da conhecida música infantil “Um elefante incomoda muita gente”, chama atenção para a interdisciplinaridade e o grande número de pessoas, de diferentes áreas, envolvidas no estudo de ossos humanos.
O senso de humor é mantido ao longo de todos os nove capítulos, organizados tematicamente. O autor trata desde tópicos básicos – como o que fazer quando um esqueleto, ou parte dele, é encontrado – até questões mais complexas, como tentar inferir a dieta, o estilo e a qualidade de vida de uma determinada população. Cada um dos capítulos conta com uma parte teórica e uma parte de estudos de caso, na qual vemos exemplos de pesquisas que ajudam o leitor a entender a teoria apresentada. O livro também é amplamente ilustrado com fotos e esquemas, o que facilita ainda mais a compreensão e a visualização de estruturas ósseas, instrumentos e procedimentos para os leigos nas áreas de arqueologia e anatomia humana.
Além da linguagem acessível, o profundo conhecimento de Walter Neves também é marca notória do livro. A simplificação da ciência para a compreensão de um público amplo, sem a perda de precisão científica, é um grande mérito da obra. Para todos que se interessam por bioantropologia e arqueologia, Um esqueleto incomoda muita gente... é uma boa recomendação.
Ricardo Schinaider de Aguiar é formado em Ciências Biológicas pela Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) e especialista em divulgação científica pelo Laboratório de Estudos Avançados em Jornalismo dessa mesma universidade (Labjor-Unicamp).
SERVIÇO
Título: Um esqueleto incomoda muita gente...
Autor: Walter A. Neves
Páginas: 160 páginas
Área de interesse: Divulgação Cultural e Científica
Preço: R$ 30,00
Editora da Unicamp