Edição nº 641

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Jornal da Unicamp

Baixar versão em PDF Campinas, 19 de outubro de 2015 a 25 de outubro de 2015 – ANO 2015 – Nº 641

Espetáculo marca abertura
oficial do cinquentenário

Além de concerto, noite teve lançamentos da Editora e exposição documental

O reitor José Tadeu Jorge durante o discurso: “Comemorações abrangem todas as áreas do conhecimento humano”A apresentação do espetáculo Concertato, que reúne música erudita e encenação cômica, marcou na noite do último dia 5 o 49º aniversário da Unicamp e abriu oficialmente a série de atividades que celebrarão, ao longo dos próximos 12 meses, o cinquentenário da Universidade, que será completado em 5 de outubro de 2016. A peça foi acompanhada por integrantes da Alta Administração da instituição, professores, funcionários, estudantes e convidados.

Cena do Concertato, espetáculo músico-teatral: fusão de linguagens no palcoAlém da apresentação do concerto-espetáculo, no auditório da Faculdade de Ciências Médicas (FCM), a noite de celebração contou com o lançamento de seis livros que fazem parte da série Unicamp Ano 50, produzida pela Editora da Unicamp. Ao todo, a coleção conta com 50 obras. Também foi aberta, no saguão do mesmo auditório, uma exposição documental composta por elementos visuais, textuais e sonoros que contam diferentes aspectos sobre a trajetória da Universidade. Posteriormente, a mostra será ampliada e levada para um espaço na Biblioteca Central Cesar Lattes (BC-CL). Depois, a exposição percorrerá locais fora da instituição.

Ainda como parte das comemorações, a Fundação de Desenvolvimento da Unicamp (Funcamp) lançou uma coleção de produtos com a marca da Universidade. De acordo com a professora Ítala Maria Loffredo D’Ottaviano, presidente da comissão organizadora dos eventos comemorativos do cinquentenário, a instituição fez questão de iniciar as celebrações por um evento artístico. “Teremos ao longo do ano diversas atividades artísticas, culturais, esportivas, científicas e festivas. O objetivo é lembrar a comunidade universitária e mostrar à sociedade que a Unicamp não apenas tem sido original e inovadora, mas tem procurado cumprir com o seu compromisso social”, disse.

O reitor José Tadeu Jorge destacou que as comemorações pelo jubileu de ouro da Unicamp precisavam ser extensas, visto que as contribuições dadas pela Universidade à sociedade não poderiam ser representadas apenas em uma sessão solene. “Essas comemorações têm a cara da Unicamp, pois contam com dança, música, teatro, cinema, ciência, educação etc. Ou seja, abrangem todas as áreas do conhecimento humano”, afirmou.

Tadeu Jorge lembrou que 5 de outubro, além de ser a data de fundação da Universidade, também é o Dia Mundial do Professor, a data da implantação da república em Portugal e o dia de São Benedito. “São simbolismos que ajudam a explicar o sucesso da Universidade em tão pouco tempo, que nos remetem às nossas origens e que nos lembram de nossos compromissos com a inclusão social”, considerou.

CONCERTATO

Concertato é um espetáculo músico-teatral que conta com a participação da Orquestra Sinfônica da Unicamp e dos atores Carlos Simoni e Ricardo Puccetti, ambos integrantes do Núcleo Interdisciplinar de Pesquisas Teatrais (Lume). A direção artística é de Denise Garcia e a regência, da maestrina Cinthia Alireti. A produção é de Fernando Vasconcelos e Cynthia Margareth.

Geopolítica é o 1º tema da série ‘Perspectivas’

Luiz Sugimoto

Plateia acompanha os debates: na pauta, discussões acerca da conjuntura nacional e internacionalNo âmbito dos eventos acadêmicos e científicos em comemoração ao Jubileu de Ouro da Universidade, foi aberto no último dia 8 o ciclo de debates “Perspectivas Unicamp 50 Anos”, programados para ocorrer até setembro de 2016, no Centro de Convenções. A série será constituída de 11 eventos distintos, envolvendo temas atuais com relevância política, econômica, social, cultural, artística e científica, contando com a participação de pesquisadores e intelectuais da Universidade e de outras instituições brasileiras e do exterior.

“Geopolítica mundial: que novos caminhos teremos?”, foi o tema da primeira mesa-redonda, na parte da manhã, abordando as novas estruturas do poder mundial (EUA, Europa, China, Rússia); o conflito abrangente do Oriente Médio; os limites para a atuação dos BRICS; o papel da América Latina e do Brasil. À tarde, na segunda mesa, foram analisados a reestruturação possível do capitalismo; a continuidade (ou profundas alterações) da globalização; e o papel futuro da China.

Wilson Cano, docente do Instituto de Economia (IE) e coordenador de 12 mesas do ciclo “Perspectivas Unicamp 50 Anos”, disse que os debates estarão centrados nas crises política, econômica, hídrica e energética pelas quais o Brasil vem passando. “Iniciamos o evento com a discussão de grandes problemas políticos externos e internos que hoje afligem elevado número de países. Há muito que a geopolítica deixou de ser um impenetrável e enigmático xadrez internacional, atraindo cada vez mais reflexões no mundo científico e político.”

A Queda do Muro de Berlim em 1989, segundo Cano, trouxe a ilusão de que viveríamos uma fase de maior tranquilidade e paz nas relações internacionais, mas que temos hoje um capitalismo muito mais feroz a partir da transformação das multinacionais em grandes empresas transnacionais. “Se a antiga bipolaridade acabou, vimos o espetacular ressurgimento da China e renascimento da Rússia e da Índia, que junto com o Brasil criaram os Brics – e há muito mais nevoeiro nesse horizonte do que promissoras certezas. A pergunta que colocamos é: o que sobrará para nós no cenário mundial? A expectativa é de que esse evento nos mostre caminhos que poderemos seguir.”

O debate sobre geopolítica mundial foi coordenado pelo cientista político Sebastião Velasco e Cruz, professor do Instituto de Filosofia e Ciências Humanas (IFCH), tendo como participantes o economista Juan Arturo Guillén Romo, da Universidade Autônoma Metropolitana (México); o historiador e ensaísta político Perry Anderson, da Universidade da Califórnia (Estados Unidos); e o diplomata Samuel Pinheiro Guimarães, do Instituto Rio Branco. “O desafio desta mesa é perscrutar o futuro da política internacional, os desafios da geopolítica, levando em conta o momento atual”, afirmou o coordenador.

Velasco também saiu em defesa da universidade pública, que está sob ataques neste momento de crise. “Estamos mergulhados numa crise política profunda de natureza sem precedentes e numa crise econômica politicamente determinada. Com efeito, à medida que a crise se agrava, nossos detratores começam a pregar publicamente que, para resolver problemas de caixa dos governos, as universidades públicas devem ser privatizadas. Quando aqui nos reunimos, festejamos a história de êxitos da Unicamp e dizemos alto e bom som que o programa nefasto que os detratores nos oferecem não será vitorioso, que encontrarão uma resistência tenaz e a Unicamp estará na linha de frente.”

A professora Ítala D’Ottaviano, coordenadora da Comissão Unicamp Ano 50, lembrou que este ciclo de debates dava continuidade às celebrações iniciadas em 30 de setembro, com a encenação da ópera “Don Giovanni”, de Mozart, inteiramente produzida pela Universidade. “Hoje temos a abertura dos eventos acadêmico-científicos e, para esta série ‘Perspectivas Unicamp 50 Anos’, com mesas-redondas mensais, tomamos muito cuidado na seleção de temas relevantes e desafiantes para a contemporaneidade. Por meio desses debates, a Unicamp reafirma seu papel de protagonista no cenário nacional e internacional.” 

Representando o reitor José Tadeu Jorge na cerimônia de abertura, a professora Teresa Atvars, pró-reitora de Desenvolvimento Universitário, ressaltou o objetivo do evento de abordar temas relevantes do mundo contemporâneo para os quais os governos não possuem nem políticas nem soluções. “Isso se deve ao fato de serem assuntos extremamente complexos, com muitas facetas e de uma interdisciplinaridade única. É esta reflexão que queremos promover neste ano de debates, deixando um legado para a sociedade brasileira e para conhecimento internacional.”

CRISE DO CAPITALISMO 

A segunda mesa do ciclo “Perspectivas Unicamp 50 Anos” foi sobre “Crise do capitalismo internacional: reestruturação ou nova desordem?”, coordenada pelo professor Luiz Gonzaga Belluzzo, do IE/Unicamp, com a participação de Jan Kregel, do Instituto de Economia Bard College Levy e da Universidade do Texas (EUA); Pierre Salama, da Universidade de Paris 13 (França); e Riccardo Bellofiore, da Universidade de Bergamo (Itália).