Duas novas obras sob a forma de poemas chegam ao mercado editorial brasileiro, de autoria de professores da área da linguagem da Unicamp. Novos Poemas é o mais novo título de livro do linguista Carlos Vogt, ex-reitor da Unicamp, escritor, poeta e coordenador do Laboratório de Estudos Avançados em Jornalismo (Labjor) da Universidade; e Cicatriz é de autoria do professor Eduardo Guimarães, linguista, escritor, coordenador do Laboratório de Estudos Urbanos (Labeurb) e diretor da Editora da Unicamp. As obras serão lançadas no próximo dia 28, às 18 horas, no Alzirão Empório Bar (Rua Francisco de Barros Filho, 432), no distrito de Barão Geraldo, em Campinas, durante evento aberto em que os autores farão noite de autógrafos.
Publicado pela Ateliê Editorial, o livro do professor Vogt, o nono de poesia, reúne três pequenas coletâneas intituladas Bandeirolas, Bolinhos de Chuva e Dedo de Moça. Todos os poemas que integram o livro apareceram na revista eletrônica Comciência e em Cantografia. "Eles falam de poema, falam dos outros para falar de si mesmos, falam das coisas e dos seres que habitam a afetividade. Embora novos pela roupagem nova que a forma do livro lhes dá, desconfiados da novidade de si mesmos, chamam-se novos por terem vindo só depois. O leitor que achá-los velhos também terá razão, se a perspectiva da leitura for para mais depois do depois em que estão”, comentou o autor.
Para Vogt, a poesia é um recanto em que ele se sente confortável e o local onde busca para estar confortável. "Ela funciona como um desafio constante, pois é preciso levar em conta a linguagem, a palavra, as pessoas e o mundo. E, como inclui ritmo, também precisa observar a sua métrica. Minha poesia dialoga com diferentes momentos da história poética, mas é fundamentalmente atual e marcada pelas transformações que decorrem do modernismo", definiu.
Vogt graduou-se em Letras pela Universidade de São Paulo (USP). É mestre em Linguística Geral pela Université de Besançon (França) e doutor em ciências sociais pela Unicamp, da qual foi reitor entre 1990 e 1994. Sua vida acadêmica inclui passagens por universidades como a McGill (Montreal-Canadá), a South Florida (EUA) e a Nacional de Tucumán (Argentina). É professor titular da Unicamp pelo Instituto de Estudos da Linguagem (IEL) e diretor de redação da revista eletrônica de divulgação científica ComCiência, produzida pelo Labjor. Foi editor-chefe da revista Ciência e Cultura, publicada pela Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência de 2002 a 2007. Presidiu a Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp). Mais recentemente, ele recebeu o Prêmio Jabuti pelo livro A Utilidade do Conhecimento, que ficou com a segunda colocação na categoria Ciências da Natureza, Meio Ambiente e Matemática, lançado pela Editora Perspectiva. Vogt também tem várias publicações de divulgação científica e linguística.
Cicatriz
O livro Cicatriz, também lançado pela Ateliê Editorial, de 100 páginas, é o quarto livro de poesias de Eduardo Guimarães e resulta de uma seleção de poemas escritos desde 1995. Antes o autor já havia publicado Trama no Tapete (1984), Cidade (1990) e Corpo (1995), além de uma novela – O Homem que Tinha Dentes Demais (2007). Cicatriz tem prefácio do professor Carlos Vogt, companheiro de Guimarães no IEL. "Encarte e descarte formam uma das tensões poéticas no livro de Eduardo Guimarães, ao lado da remissão e do corte entre os poemas e mesmo no interior de cada poema", expressou Vogt.
Guimarães revelou que escreve poesias desde a adolescência e que, com o curso de Letras, essa relação se estreitou, a ponto de ter seus escritos em antologias na época de faculdade. Ele relatou que sua escrita é contemporânea e muito ligada ao corte de versos, de modo a produzir um efeito de síntese (efeito de subtração), trazendo um peso à palavra. "Eu economizo a escrita. Nem título eu coloco e raramente emprego letras maiúsculas. Só escrevo o estritamente necessário. Poesia pra mim é uma prática de linguagem, um lugar de invenção dos sentidos", ressaltou.
O contato de Guimarães com a literatura iniciou na infância. Ele sempre leu e escreveu muito. Quando estudante, reunia escritores para publicar poesia em períódicos. Também sempre se dedicou à leitura. Ao terminar o ginásio, já tinha lido toda a obra do escritor José de Alencar, visto que o seu pai era professor de português e tinha uma biblioteca em casa com títulos bastante interessantes. Já adulto, Guimarães optou por cursar Letras pela Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras "Santo Tomás de Aquino", de Uberaba (1969). Depois, fez mestrado (1976) e doutorado (1979) pela USP. Atualmente, é professor titular do IEL, mas também foi professor visitante na Universidade de Paris III e da Universidade de Buenos Aires. Atua e desenvolve especificamente pesquisas nas áreas de semântica da enunciação e história das ideias linguísticas.
