“A prova foi deliciosa, apesar do meu foco estar na expressão do movimento e do que foi proposto”, disse a candidata ao curso de Dança da Unicamp Carmem Souza durante o intervalo da prova de aptidão do Vestibular 2017 nesta quarta-feira (25), após duas horas de atividades. “Saímos da sala bastante cansados, mas com uma ótima sensação. A dança diminui a tensão e dá muito prazer”, comentou a jovem que, desde os três anos, faz balé, dança contemporânea e jazz. Nas provas práticas dessa quarta-feira, ela garantiu que se divertiu muito.
![A candidata Carmem Souza](/unicamp/sites/default/files/inline-images/img_atualidades_prova-danca_aluna-oculos_170125_0.jpg)
Aos 16 anos, Carmem é treineira. Cursará esse ano o terceiro colegial em São José dos Campos, cidade do interior de São Paulo onde vive. Ela contou que não pode perder a oportunidade de se preparar melhor para o vestibular da Unicamp. Teve as primeiras notícias sobre a Universidade de Campinas através de sua professora de balé, e se interessou muito. Em sua opinião, tem tido um bom rendimento nos testes, ainda que tenha tido uma certa dificuldade na prova teórica. Carmem é uma das 70 candidatas às 25 vagas ofertadas pelo Instituto de Artes (IA).
De acordo com a professora Graziela Rodrigues, coordenadora da banca de aptidão em Dança, as provas práticas se pautaram em abordagens entrelaçadas. Em Dança do Brasil, buscou-se referência nas matrizes brasileiras do Congo e Moçambique, priorizando movimentos de resistência, fluxos, gradações de tônus e horizontalidade.
![Tecidos como parte das performances](/unicamp/sites/default/files/inline-images/img_atualidades_prova-danca_alunos-tecido_170125.jpg)
As provas de técnica e de criatividade estiveram bem-integradas às várias linhas do curso de Dança, o único gratuito do país. As provas de palco visitaram a obra do compositor Naná Vasconcelos (1944-2016), falecido no ano passado. Ele foi eleito oito vezes o melhor percussionista do mundo pela revista americana Down Beat (votação feita por críticos musicais) e oito vezes ganhador do Grammy.
Com essa proposta, coube aos candidatos criarem uma coreografia que não podia exceder três minutos e alguns empregaram figurino adequado ao tema e à técnica. “Para nós, o corpo do candidato é o seu próprio portifólio”, revelou Graziela.
A prova desta quarta-feira envolveu um trabalho coletivo. Em alguns momentos, o movimento foi dado, outros sugerido e outros ainda criado. A prova foi meticulosa e acompanhada por seis docentes da casa. A ideia é selecionar os candidatos com melhores condições de permanecer no curso. No futuro, eles poderão atuar como professores, bailarinos, coreógrafos, pesquisadores, em teatro, como agentes culturais, etc.
![A professora Graziela Rodrigues](/unicamp/sites/default/files/inline-images/img_atualidades_prova-danca_professora_170125.jpg)
Os que quiserem se aperfeiçoar têm a chance de cursar o mestrado e o doutorado em Artes da Cena no IA. “Queremos que os estudantes saiam preparados para novas formas de atuação profissional”, sustentou Graziela. Conforme ela, a carreira é glamourosa, mas exige vocação e persistência do candidato para superar os desafios que certamente aparecerão.
Arquitetura
Capricho e conhecimento prévio de desenho. Esses foram os dois pré-requisitos principais para que os candidatos ao curso de Arquitetura realizassem a prova de aptidão nessa quarta-feira na Faculdade de Engenharia Civil, Arquitetura e Urbanismo (FEC). “A Unicamp procura insistir muito na necessidade do desenho ser ministrado desde cedo nas escolas, no ensino fundamental. A linguagem do desenho como percepção gráfica tem que fazer parte do conteúdo mínimo. A arte, nesse caso, tem que vir antes”, comentou Evandro Ziggiatti Monteiro, coordenador da prova de aptidão em Arquitetura, docente da FEC.
![Candidato durante prova na Arquitetura](/unicamp/sites/default/files/inline-images/img_atualidades_prova_URBANISMO_aluno01_170126.jpg)
“Temos sempre uma prova de manhã ligada ao entendimento do espaço geométrico do arquiteto e uma prova à tarde relacionada à expressão, memória e criatividade. Esse formato tem sido muito produtivo”, garantiu o coordenador. Nesse ano, foi a primeira vez que se realizou uma ponte entre a prova da manhã e da tarde. De manhã, os alunos tinham que desvendar numa fotografia quatro perspectivas através de dados fornecidos em uma planta. Tinham que fazer isso geometricamente.
![O professor Evandro Ziggiati](/unicamp/sites/default/files/inline-images/img_atualidades_prova_URBANISMO_professor_170126.jpg)
O enunciado partia da história de um cidadão que viajou e foi visitar um pavilhão de artes com sua esposa. Lá, ele tirou fotos e, quando chegou em casa, elas não estavam boas, pois faltavam partes da paisagem. O desafio foi pedir ao candidato que as completasse, de posse de alguns dados geométricos para verificar o que estava faltando.
À tarde, a prova citou o exemplo de um reconhecido artista chinês, Ai Wei Wei, que fez pavilhões de instalações artísticas na China que são pura arte, entre elas um parque na pequena cidade de Jinhua, a sudoeste de Shangai. Os alunos tinham que projetar um novo pavilhão.
![Aluno compara desenhos que fez](/unicamp/sites/default/files/inline-images/img_atualidades_prova_URBANISMO_aluno02_170126_0.jpg)
A segunda questão envolveu uma frase do cientista Carl Sagan sobre o planeta Terra. Os alunos tinham que criar uma capa de revista em que esse planeta fosse o foco. Em termos de complexidade da prova, segundo Evandro, um candidato minimamente preparado conseguiria completá-la. E vai uma dica do docente para os alunos que pleiteiam esse curso: saiam pela cidade com um caderno de croqui e desenhem o que for de seu interesse. “A linguagem do desenho não é difícil, porém deve ser exercitada”, alertou. “E é esse o problema: o aluno precisa refinar seu trabalho para chegar à faculdade e ‘nadar de braçada’. Caso contrário, perderá muito tempo para engrenar no conteúdo do que na verdade seria uma questão básica.”
O objetivo das provas de Arquitetura foi criar atividade de expressão, memória e linguagem do desenho. "Quem for para esse curso, encontrará muitas interfaces com outras áreas. Como está baseada em Ciências Sociais Aplicadas, ela tem um lado humanístico, de exatas e de artes. É um curso que abre muitas perspectivas, até do ponto de vista cultural. Muitos jovens vão trabalhar com arquitetura residencial, em prefeituras e com urbanismo, lidando com planos diretores, habitação.
“Essa é uma boa profissão num país que está inteiro por construir e por melhorar. Nossas cidades e espaços precisam ser otimizados. Temos que pensar na questão ambiental, legislação e acessibilidade. Trata-se de uma obrigação. Temos muitos prédios antigos que precisam ser adaptados. Temos ainda que pensar na questão de conforto, iluminação, patrimônio", descreveu Evandro.
Ele sublinhou que a Arquitetura é eclética e suas possibilidades são grandes num país ainda em amadurecimento. "Somos o segundo curso na Unicamp em termos de demanda há vários anos. Quem entra, em geral é muito bom aluno. Esse ano, são 200 candidatos a 30 vagas nessa fase", revelou.
No dia 13 de fevereiro, será divulgada a lista de alunos em primeira chamada, para matrícula não presencial, em 14 e 15 de fevereiro. Acompanhe o calendário da Comissão Permanente para os Vestibulares (Comvest) da Unicamp.
![Alunos realizam prova de Dança Alunos durante a prova de Dança](/unicamp/sites/default/files/2017-01/img_atualidades_prova-danca_alunos_170125.jpg)
![Banca das provas de aptidão avalia candidatos Banca das provas de aptidão avalia candidatos](/unicamp/sites/default/files/2017-01/img_atualidades_prova-danca_banca_170125.jpg)
![Candidata trabalha com grafite Candidata trabalha com grafite](/unicamp/sites/default/files/2017-01/img_atualidades_prova_URBANISMO_aluno_170126.jpg)
![Alunos durante a prova de Arquitetura Alunos durante a prova de Arquitetura](/unicamp/sites/default/files/2017-01/img_atualidades_prova_URBANISMO_sala_01_170126.jpg)
![Alunos durante a prova de Dança Alunos durante a prova de Dança](/unicamp/sites/default/files/2017-01/img_atualidades_prova-danca_alunos_170125_0.jpg)