As novas tecnologias, à parte os numerosos benefícios para a sociedade, sempre trazem alguma preocupação pela possibilidade de provocar prejuízos à saúde humana ou ao ambiente. Com a nanotecnologia ocorre o mesmo. No início de dezembro, pesquisadores brasileiros participaram da elaboração final do NANoREG, um projeto da União Europeia, iniciado em 2014, que tem o objetivo de levantar informações e apresentar um conjunto de propostas de avaliação de risco aos órgãos reguladores dos países e às indústrias abordando aspectos de segurança da nanotecnologia. Na conferência, um grupo de 180 especialistas de vários países debateu a relevância da regulamentação e aplicabilidade dos resultados baseados na ciência gerada nos últimos 10 anos sobre o uso de nanomateriais em relação ao meio ambiente, saúde e segurança.
“Estamos quebrando vários mitos com o NANoREG”, diz o patologista Wagner Fávaro, professor do Instituto de Biologia da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp). Ele foi o representante do Laboratório de Síntese de Nanoestruturas e Interação com Biossistemas (Nanobioss) da Unicamp, na conferência final do NANoREG realizada em Paris pela Organização para Cooperação Econômica e Desenvolvimento (OCDE). “Com uma ampla rede de instituições de pesquisa que incluiu, além dos europeus, pesquisadores convidados do Food and Drug Administration (FDA), dos Estados Unidos, do Brasil e da Coreia do Sul, conseguimos chegar a resultados científicos importantes: saber qual tipo de nanotubo passa pelas barreiras biológicas ou conseguem se acumular dentro da célula, por exemplo”, conta Fávaro. “Os trabalhos apresentados nessa conferência demonstraram claramente que muitos métodos e abordagens científicas foram validados e são confiáveis para regulamentações a curto prazo. É um trabalho imenso porque cada teste precisa ser pensado para cada material. Muitos tiveram de ser refeitos sob padrões previamente acertados para evitar resultados divergentes, como era comum há pouco tempo.”
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