A França pretende ampliar suas relações com a Unicamp e com seus alunos, sobretudo os de graduação em programas de duplo diploma. Essa foi uma das conclusões do encontro dessa segunda-feira (20), em que o reitor José Tadeu Jorge recebeu uma comitiva francesa que veio à Universidade para discutir ações passadas, em andamento e futuras. O encontro aconteceu na sala do Gabinete do Reitor.
Fizeram parte da delegação francesa o embaixador da França no Brasil Laurent Bili, o cônsul adjunto e responsável por assuntos políticos e imprensa Thibault Samson, o cônsul geral da França em São Paulo Brieuc Pont, o adido de cooperação CT&i Gérard Perrier e o cônsul honorário da França em Campinas José Luiz Guazelli. Da parte da Unicamp, participaram o vice-reitor executivo de relações internacionais (Vreri) Luis Cortez, o diretor da Faculdade de Engenharia Elétrica e de Computação (FEEC) João Marcos Romano, o diretor associado da Faculdade de Engenharia Mecânica (FEM) Alberto Luiz Serpa e os docentes da FEM José Roberto de França Arruda e Janito Vaqueiro Ferreira.
Tadeu Jorge enfatizou que a relação da Unicamp com a França é historicamente intensa. É o segundo destino mais procurado pelos estudantes, depois dos Estados Unidos. Também, segundo ele, muitos professores da Unicamp realizaram suas pós-graduações e pós-doutorados na França, o que trouxe uma relação positiva que tem se irradiado para os alunos.
Para o reitor, é fundamental que a Unicamp consiga não apenas manter essa relação mas estimular o seu fortalecimento. “Receber essa delegação serviu para trocarmos opiniões e análises para aperfeiçoarmos os mecanismos de mobilidade, os programas de intercâmbio e oportunidades”, frisou. “Esperamos que a França reforce medidas facilitadoras e possibilite outros incentivos”, comentou.
Em consonância com o dirigente da Unicamp, o embaixador francês salientou que está dentro das suas prioridades estimular intercâmbios com o Brasil. Ele frisou que os brasileiros são muito bem-vindos ao seu país e que, a seu ver, Campinas está interessando muito às empresas francesas que chegam à região. "A presença econômica da França no Brasil, nos últimos anos, tem permitido que essas empresas busquem recursos humanos nas engenharias, desenvolvimento sustentável e cidades inteligentes. Essa formação é muito forte na Unicamp e tem feito a diferença em Campinas”, expôs Laurenti Bili.
Professores e alunos – Muitos alunos da Unicamp tiveram as portas abertas para uma experiência na França através dos programas de duplo diploma. Nessa modalidade, os alunos fazem uma parte de seus cursos em uma daquelas instituições e recebem um diploma de cada universidade envolvida. Os primeiros programas iniciaram em 2002. A Unicamp esteve no primeiro grupo de universidades brasileiras a estabelecer duplo diploma.
O aluno da FEM Pedro Martins Ferreira deu seu depoimento sobre sua experiência na França. Ele contou que permaneceu 2,5 anos naquele país e que essa experiência foi fundamental na sua vida. Relatou que teve uma oportunidade de ter o contato com uma matemática mais avançada e de realizar estágio.
Mesmo com a ajuda financeira dos pais em algumas situações, reconheceu que a moeda brasileira ainda é um empecilho para os intercambistas. “Foi então que decidi me oferecer para trabalhar na biblioteca e no restaurante da universidade”, revelou.
Pedro explicou que começou a estudar francês antes de se integrar ao programa de duplo diploma. "Por isso, acredito que os estudantes devem buscar antecipadamente meios de ampliar seus conhecimentos, colocando ênfase no aprendizado da língua.” Os alunos Patrícia Henriques Nalin (FEEC) e Maurício Martins Donatti (FEEC) também deram seus depoimentos pessoais durante a reunião.
O professor José Marcos Romano disse que seu contato com estudantes franceses tem sido muito bom e que já teve quatro alunos sob a sua responsabilidade em cotutela. “A França é a minha segunda pátria. Tenho uma grande empatia com os estudantes franceses. O ponto menos positivo é que esses estudantes acabam retornando para a França”, brincou.
Serpa constatou que a participação em um programa de intercâmbio leva os alunos a terem um melhor desempenho acadêmico. Alunos que pleiteiam uma vaga nesses programas também acabam sendo mais valorizados no mercado de trabalho, ressaltou. O professor recordou ainda que a Unicamp, ao longo dos anos, aprendeu como buscar equivalência curricular para viabilizar um maior aproveitamento dos alunos. “E aprendemos a olhar o currículo mais globalmente. Desta forma, as condições para quem deseja estudar aqui são muito propícias.”
França Arruda assinalou que quase metade dos docentes da Unicamp fizeram doutorado na França. “Dentro do programa de cátedras francesas temos apoiado cerca de dez professores por ano”, informou. “Mas com a renovação do quadro docente esperamos que hajam mais incentivos ainda.”
Para José Luiz Guazzelli, ex-aluno da Unicamp e hoje cônsul honorário da França em Campinas, ter conseguido uma bolsa de estudos, na década de 1980, para fazer uma especialização na França foi um grande impulso. “Eu não tinha interesse em fazer uma carreira acadêmica. Queria dar um salto na área de infraestrutura rodoviária. Essa oportunidade foi importante para a minha inserção profissional e me tornei um agente da França. E estamos muito felizes com esse investimento francês.”
Luis Cortez realçou que seria interessante ter na Unicamp uma presença francesa no campus e uma base onde se reuniriam iniciativas, tal como ocorre hoje com os chineses, que instalaram uma sede na Unicamp do Instituto Confúcio. Desde 2014, as chamadas da Vreri, voltadas à internacionalização, apoiaram a mobilidade internacional de mais de 500 pessoas, entre docentes, alunos e funcionários. “O investimento não é financeiro. É de relacionamento”, enfatizou Luis Cortez.