“Há muito a fazer em termos de vigilância no combate à dengue. Não podemos descansar e ficar tranquilos. Após cessar a época das chuvas, é hora do mosquito Aedes aegypti entrar em ação. Agora que está quente, a tendência é que as águas das chuvas evaporem”, advertiu a bióloga Patrícia Thyssen, docente do Instituto de Biologia (IB) da Unicamp. Patrícia é a coordenadora da área de controle de armadilhas do Grupo de Trabalho (GT) de Combate à Dengue da Universidade, que, na manhã desta quarta-feira (8), se reuniu pela quarta vez nos quatro últimos anos. O encontro ocorreu no auditório do Grupo Gestor de Benefícios Sociais (GGBS) e congregou seus componentes. “A ação mais simples para prevenção da dengue é evitar que a larva se torne mosquito adulo. Para isso, é preciso eliminar os lugares que eles escolhem para fazer a sua reprodução”, comentou.
A docente contou que os alunos bolsistas da Unicamp têm feito monitoramento das armadilhas no campus semanalmente, para verificar os focos do mosquito e, quando há ocorrência de chuvas, até mais de duas vezes por semana. As armadilhas são pneus fracionados e eles foram colocados em 33 pontos estratégicos no campus-sede. Outras quatro armadilhas foram disponibilizadas na Moradia Estudantil. A professora explicou os hábitos do Aedes aegypti. Disse que a fêmea põe ovos em recipientes, não na água, e que não gosta de voar longas distâncias. Ela voa em média 90 metros por dia, o que não impede que sua conduta seja arrasadora: coloca cerca de 1.500 ovos. Seu ciclo de vida não ultrapassa os dois meses. “Tiramos as larvas antes delas virarem mosquito adulto. Cada armadilha é codificada e as larvas são levadas a laboratório para serem identificadas. Em geral, partem de três espécies: Aedes aegypti, Aedes albopictus e Culex (essa última, a mais comum, não transmite doença). Somente a fêmea pica e em geral ao amanhecer e ao entardecer”, revelou.
Para Patrícia, o trabalho de colocação das armadilhas tem sido bastante eficiente, tanto que o índice de negatividade das últimas semanas tem sido maior que o de positividade das larvas, demonstrando que a atuação da Universidade tem sido constante e efetiva. Em novembro, o resultado das armadilhas é que elas foram todas negativas, tranquilizou. A professora explicou ainda como se realiza o trabalho de notificação nas unidades e está entusiasmada com as colaborações espontâneas que o grupo tem alcançado no combate à dengue.
O professor Paulo César Montagner, chefe de Gabinete da Unicamp, enfatizou que o trabalho do combate à dengue é um trabalho de todos e que o momento exige uma aglutinação de forças nas unidades e com os órgãos competentes. “Se cada um fizer a sua parte, agora teremos como enfrentar a dengue e evitar a ação do mosquito. Em 2013, fomos surpreendidos por uma epidemia enorme em Campinas. Reunimos então esse GT para pensar estratégias. Anos depois, vemos o quanto tem sido efetiva essa iniciativa. Parabenizo o importante trabalho que todos vocês têm feito.”
A presidente desse GT, Rôse Clélia Grion, comentou com os participantes que a Unicamp está muito empenhada em combater o mosquito Aedes aegypti, causador da dengue. Mas, em sua opinião, hoje a questão é maior: são as arboviroses. "Não é mais só o GT da Dengue. É também da chikungunya, da zika, da febre amarela", informou. Detalhou que hoje a cultura de cuidar do espaço que é de todos já está mais introjetada na comunidade. Relatou que, principalmente entre 2015 e 2016, todas as unidades fizeram monitoramento e vistorias. "Se cada um fizer a sua parte, conseguiremos muito. São atos simples como recolher o lixo, não descuidar da manutenção dos espaços e verificar as áreas de risco que acabam mudando a situação", salientou.
O GT da Dengue tem atuado na frente de ações preventivas, fiscalização de obras e serviços, controle do vetor, divulgação, entre outras medidas. Até aqui foram mais de 12 mil inspeções e mais de 15 mil pessoas impactadas por treinamentos, cursos e palestras sobre a dengue no campus. Rôse Clélia também ressaltou que a Unicamp tem sido um modelo para o município de Campinas, com o qual ela realiza um trabalho conjunto, sobretudo no distrito de Barão Geraldo. “Nosso trabalho transcende as portas da Unicamp”, garantiu. O GT de Combate à Dengue está ligado ao Centro de Saúde da Comunidade (Cecom) e tem o apoio das unidades da Unicamp. Mais informações sobre as armadilhas podem ser obtidas através de e-mail. Leia mais sobre o GT da Dengue.