Quarenta e cinco novos docentes da Unicamp se inscreveram para participar, na manhã dessa segunda-feira (20), do evento de acolhimento a eles, os professores ingressantes. A reunião aconteceu numa das salas do Espaço de Apoio ao Ensino e Aprendizagem (EA)2, no ciclo básico da Universidade. O professor Sérgio Leite, coordenador do (EA)2, recebeu os docentes na abertura do evento. Serão três dias de discussão sobre o que o docente precisar saber sobre a Unicamp, sobre o aluno e sobre o ensino.
Esse projeto é promovido pelo (EA)2 da Pró-Reitoria de Graduação (PRG) e visa colaborar com a adaptação dos novos docentes às condições institucionais da Universidade, além de assessorá-los no planejamento das atividades de ensino e execução do trabalho acadêmico durante o primeiro semestre nas disciplinas que irão ministrar na graduação.
“O encontro diz respeito aos nossos projetos pedagógicos, pois, em geral, eles se restringem a um currículo para diversas disciplinas. Nunca se olhou para o currículo de forma mais crítica. Poucas unidades se abrem para essa discussão. Sentimos que é preciso uma maior institucionalização”, defendeu Sérgio Leite. “O (EA)2 precisa ser visto como política de incentivo. No Brasil, demoramos para estimular ações para a pedagogia do ensino superior. Em Harvard, EUA, esse tipo de política já teve início na década de 1970.”
De acordo com a professora Mara Regina Lemes de Sorti, coordenadora do Núcleo de Avaliação do (EA)2, a iniciativa do acolhimento é indispensável para qualquer docente que passa a trabalhar numa instituição formadora, a fim de ter os aportes necessários a essa prática. “Tínhamos que fazer um recorte, uma decisão temporal. Então passamos a compreender que, assim que o professor entrasse na instituição, ele deveria poder refletir a respeito de questões pedagógicas e da vida institucional, especialmente os serviços que apoiam o trabalho docente que ele desenvolve”, explicou.
Juntamente com os novos docentes, são discutidas suas práticas de modo interdisciplinar e interprofissional. Assim, eles percebem que as problemáticas se repetem em todas as áreas de atuação. “Também oportunizamos, para quem quiser continuar, um curso de planejamento de condições de ensino ao longo de um semestre. O professor passa a ter uma mediação em questões cotidianas como por exemplo o planejamento. Nesse momento, ele indaga para onde vai aquela disciplina, como ela dialoga com o projeto pedagógico e quais são os melhores mecanismos de avaliação para produzir determinados tipos de aprendizagem”, esclareceu a professora.
Sérgio Leite acredita que, se a Unicamp espera continuar como uma Universidade de ponta, necessita ter um ensino de ponta. Em sua opinião, isso envolve um planejamento e um acompanhamento contínuos. “Vejo que o projeto de acolhimento é a melhor forma de criar uma cultura nova. Outro projeto que temos investido é na promoção de um curso de planejamento das condições de ensino, que já está em sua sexta edição”, contou.
Mara Regina comentou que muitos docentes já chegam à Unicamp com uma vasta experiência, até mesmo internacional. São novos apenas na Unicamp. Apesar disso, eles julgam essa experiência de acolhimento interessante porque têm uma oportunidade ímpar de olhar para o projeto da Universidade, o que a instituição quer para seus cursos de graduação, quais são as marcas desejadas para os egressos dos cursos de graduação. "Dessa forma, questões do ensino voltam a ser encaradas como prioritárias, porque evidentemente ninguém duvida da excelência da Unicamp no campo da investigação e de outras práticas", salientou.
Ocorre que ainda a vertente do ensino não consegue, a seu ver, ganhar essa visibilidade na mesma velocidade, lamentou ela. “Então o ensino precisa ser olhado com mais cuidado e a principal questão é não perder o grupo que faz o acolhimento para as demais ações que vão de uma forma continuada sendo ofertadas. Oferecemos uma espécie de portfólio que o professor vai seguindo dentro dos limites e das condições objetivas de poder estar presente e ver o que está acontecendo”, frisou.
Esse evento, definiu Mara Regina, traz uma mescla de abordagem institucional, aportes no uso do sistema aberto e, paralelamente, discussões didáticas ligadas à prática do professor. São abordagens sobre teorias pedagógicas, práticas de avaliação e metodologias ativas, que acabam abrindo um leque de outras escolhas.
O (EA)2 é um projeto que nasceu para fomentar e apoiar os grandes desafios da pedagogia universitária, até porque a maior parte dos docentes que atuam na educação superior têm necessariamente uma formação pedagógica. "Então buscam suporte tanto do ponto de vista técnico, mas sobretudo político e ético. E ficam diante de uma perspectiva instrumental e de outra problematizadora das questões que afetam a educação superior", pontuou.