A colocação estratégica de bandagem elástica sobre a pele – uma espécie de fita adesiva sem medicamento – pode aliviar as dores musculares, reabilitar disfunções corporais nas áreas de ortopedia, de neurologia, paralisia facial e fonoaudiologia. Parece mágica, mas não é. Este simples, mas eficiente, procedimento é fruto da técnica denominada Método Therapy Taping, que vem sendo utilizada no Brasil e em diversos países da América Latina, como Chile e Argentina, sobretudo por atletas. No HC da Unicamp, essa terapia já vem sendo empregada com sucesso em pacientes com diagnóstico de distrofias musculares e neuropatias que frequentam o Ambulatório de Doenças Neuromusculares.
Esse incremento, dependendo de como é colocado, pode ativar, relaxar a musculatura, diminuir a sensação de dor, além de proporcionar melhor a noção do corpo no espaço. A terapia não cura processos infecciosos, mas pode diminuir quadros de edemas; não utiliza medicamentos, mas pode eliminar a dor em poucos meses, conta Cristina Iwabe Marchese, fisioterapeuta e pós-doutora pela Unicamp.
Essa técnica é geralmente indicada a atletas para melhorar a resposta motora durante a prática esportiva e pós-lesão, diminuindo a dor. “Por ser um estímulo externo que fica na pele 24 horas por dia, por aproximadamente cinco a sete dias, a bandagem contribui para que estímulos sensoriais adequados sejam enviados ao cérebro, possibilitando atingir o objetivo desejado”, salienta.
De acordo com a especialista, que trabalha com a técnica e é uma de suas incentivadoras no país, têm sido observados resultados promissores, quando associado esse método à terapia convencional. Ela, porém, faz uma ressalva: a aplicação da bandagem (composta de algodão e elastano) deve ser feita por profissionais gabaritados, porque um trabalho não especializado pode interferir no bem-estar da pessoa e prejudicar a sua saúde.
Estima-se que atualmente mais de 11 mil profissionais (fisioterapeutas, terapeutas ocupacionais, médicos, fonoaudiólogos e outros profissionais da área da saúde) da América Latina tenham sido capacitados pelo método Therapy Taping. Eles passaram por cursos de formação, já que há um conceito a ser assimilado e uma explicação neurofisiológica por detrás da técnica. “Lamentavelmente, hoje em dia vários vídeos tentam explicar como fazer a bandagem, entretanto não explicam o porquê, para quê, como e em quem se deve utilizar”, expõe a fisioterapeuta.
Segundo ela, o Método Therapy Taping também age de modo a recuperar a musculatura fraca e a postura correta. Isso ocorre porque a bandagem provoca estímulos sensoriais na pele, que são enviados por vias nervosas até o córtex cerebral, retornando uma resposta adequada à musculatura. A técnica tem produzido ainda relatos positivos em casos de tendinites, lesões, entorses, etc. Mas são suas principais funções, além de trazer suporte muscular, ajudar na drenagem vascular e linfática, ativar o sistema analgésico endógeno e estimular a percepção das partes do corpo pós-lesão, resultando na otimização da capacidade de executar as ações e atividades do dia a dia.
As bandagens começaram a ser usadas no Japão na década de 1970, de maneira empírica e sem critérios fisiológicos e científicos adequados. Tornou-se mundialmente conhecida nas Olimpíadas de 2012, em Londres. Há aproximadamente 20 anos, a Therapy Taping foi introduzida no Brasil pelo fisioterapeuta Nelson Morini Jr., autor do livro Bandagem Terapêutica, que criou a técnica com base no conceito de estimulação do tegumento e nos princípios da neurofisiologia.
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