A Unicamp lança na próxima quinta-feira (6) o filme paradidático Dengue em Libras, produzido com o apoio da Pró-Reitoria de Extensão e Assuntos Comunitários (Preac) e Pró-Reitoria de Pesquisa (PRP). A elaboração da obra contou com a participação de profissionais do Centro de Estudos e Pesquisa em Reabilitação (Cepre), Departamento de Desenvolvimento Humano e Reabilitação (DDHR), Centro de Saúde da Comunidade (Cecom) e Rádio e TV Unicamp. A exibição do filme, que conta a história do atendimento a uma jovem surda com suspeita de dengue em uma unidade de saúde, ocorrerá às 10h, no Centro de Convenções da Universidade.
De acordo com Ivani Rodrigues Silva, professora do DDRH e pesquisadora do Cepre, os diálogos presentes na produção são em Libras, com legendas em português. “As cenas reproduzem o atendimento a uma jovem surda com suspeita de dengue em um posto de saúde, que conta com uma enfermeira que domina a Libras. Esta situação, infelizmente, não é comum. Os surdos normalmente enfrentam grandes dificuldades para se comunicar nesse tipo de circunstância”, afirma.
Outro obstáculo enfrentado pelos surdos é encontrar material didático ou paradidático sobre os mais diferentes temas. “O Cepre conta com um grupo que desenvolve materiais em Libras, mas evidentemente este esforço não supre todas as necessidades desse contingente de pessoas”, pondera Ivani. Estima-se que o Brasil conte atualmente com uma população de cerca de 5 milhões de surdos.
Na opinião da professora Carmen Zink, colaboradora do projeto, o conteúdo do vídeo é inédito e servirá tanto para a orientação dos surdos quanto dos ouvintes. “O filme trata de diversos aspectos relacionados à dengue, desde a origem e transmissão do vírus até os procedimentos médicos recomendados para o diagnóstico e tratamento da doença. Ou seja, ele é esclarecedor para todas as pessoas”, considera.
A professora Maria Aparecida Diniz, assessora da Preac, observa que foi um grande desafio produzir um filme educativo em Libras sobre questões relativas à dengue, mas também sobre Zika Vírus e Chikungunya, as três doenças transmitidas pelo mosquito Aedes Aegypti. “Isto somente foi possível por causa do envolvimento de diversos profissionais, de vários órgãos da Unicamp”, relata.
O titular da Preac, professor João Frederico da Costa Azevedo Meyer, destaca que a produção do vídeo é um bom exemplo de trabalho de extensão universitária. “Fazer extensão é colocar a ciência desenvolvida na Universidade a serviço da sociedade. Penso que este filme cumpre muito bem este papel, visto que muitas pesquisas desenvolvidas na Unicamp ajudaram a desvendar inúmeros aspectos dessas doenças”, diz. A produção trata, ainda, de aspectos relativos à língua portuguesa, vocabulário e estrutura (libras e português), bem como o vocabulário associado às doenças e às rotinas de atendimento médico.
A pró-reitora de Pesquisa, professora Gláucia Pastore, classifica a ideia do filme como “formidável”. Segundo ela, quanto mais pessoas tiveram acesso a informações sobre a forma de transmissão, os sintomas e os tratamentos das doenças provocadas pelo Aedes Aegypti, maiores as chances de o Brasil enfrentar esse grave problema de saúde pública. “Este vídeo em especial atende a um segmento da população que tem muita dificuldade de acesso a informações relativas ao tema. A experiência foi tão positiva, que já estamos pensando em produzir outros materiais em Libras, abordando assuntos como alimentação saudável e cuidados com a saúde”, antecipa.
Após o lançamento, o filme Dengue em Libras, que tem 10 minutos de duração, será exibido inicialmente nas salas de espera de vários órgãos da Unicamp. Em seguida, será distribuído para as unidades de ensino em pesquisa da Universidade. “Nós também vamos disponibilizar o vídeo nos sites da Unicamp e da Faculdade de Ciências Médicas (FCM), para que possa ser acessado por quaisquer interessados, de qualquer lugar do Brasil ou até mesmo do exterior”, adianta Ivani.