A Biblioteca 'Octavio Ianni', do Instituto de Filosofia e Ciências Humanas (IFCH) da Unicamp, inaugurou na quinta-feira (6) a exposição Territórios e outros trabalhos, com algumas obras contemporâneas do artista plástico Claudio Tozzi. A mostra é composta por onze trabalhos, sendo nove painéis, uma instalação e um totem, que estão à disposição do público no saguão e no interior da biblioteca.
Ícone da pop arte brasileira, Claudio Tozzi produziu nos últimos anos na série Territórios obras que dialogam com a arquitetura, sua área de formação e onde atuou como docente na Faculdade de Arquitetura e Urbanismo (FAU) da USP. São painéis que não buscam imaginar arquiteturas como realização concreta, e sim refletir sobre a problemática do espaço e o tridimensional. Por meio de cortes e sobreposições, as formas produzidas transbordam para fora dos limites da tela.
Presente na abertura da mostra, Claudio Tozzi relembra que sua carreira artística começou com uma exposição no ambiente universitário. “Minha primeira exposição foi na FAU-USP, onde estudei. Tínhamos um encontro de arte anual, onde expúnhamos e debatíamos todo o trabalho produzido. Ela me abriu muitas portas. Então tenho a impressão que essa nova exposição na Unicamp, depois de 50 anos, possa fazer esse mesmo trabalho de debate com os alunos”. As obras presente em Territórios e outros trabalhos são apresentados ao público pela primeira vez no Brasil, sendo que parte dessa produção foi recentemente exposta na Gary Nader Art Centre, em Miami, Estados Unidos.
“É uma síntese do que venho desenvolvendo ao trabalhar com os macroespaços urbanos, de cidade cheia e vazia. Então fui chegando a uma escala quase imaginária onde você sai de um plano em que vê uma cidade como um todo, e vai chegando aos eternos, como a série de escadas e arquitetura imaginaria”, conta Claudio Tozzi sobre as obras que fazem parte da mostra. O artista propõe que o espectador complemente cada espaço da obra, como forma de debater a relação política com o uso do espaço.
A exposição Territórios e outros trabalhos surgiu a partir da iniciativa de Alexandre Pedro de Medeiros, curador e estudante do doutorado em história da arte, cujo contato com Claudio Tozzi começou em 2012 durante o trabalho de conclusão de curso de graduação na Universidade do Estado de Santa Catarina. Posteriormente foi aprovado no mestrado da Unicamp para pesquisar os painéis Guevara Vivo ou Morto, de 1967. “Como eu tinha contato com o Claudio Tozzi, sugeri ao professor Jorge Coli realizar uma exposição com suas obras mais recentes. São obras que nunca foram expostas no Brasil antes. Era uma proposta de trazer esses trabalhos mais recentes e enriquecer o programa de exposições da biblioteca”. Em sua primeira experiência como curador de uma mostra, Alexandre pode ir ao ateliê de Claudio Tozzi escolher as obras de acordo com a temática e do tamanho do espaço disponível.
Espaço para exposições
A exposição de Claudio Tozzi consolida o saguão e demais espaços da Biblioteca 'Octavio Ianni' como espaço cultural na universidade. Desde que os novos espaços da biblioteca foram inaugurados em 2013, já foram realizadas exposições com obras de Maria Bonimi, Nelson Screnci e Vivien Bittencourt.
O diretor do IFCH, professor Jorge Coli, explica que a proposta das exposições na biblioteca do instituto visa incluir os estudantes na sua elaboração. “Quando assumi a direção do IFCH havia pedido para aproveitar espaços da biblioteca. Como sou professor de Historia da Arte, achei que seria bom realizar exposições aqui, dando aos alunos um papel de curadores. Uma forma de ter formação prática em curadoria”, conta o professor Jorge Coli, explicando que as exposições tiveram a participação de um ou dois estudantes como curadores, além de outros como monitores da biblioteca.
Para a diretora da Biblioteca, Valdinéa Sonia Petinari, atividades como as exposições artísticas são uma forma da biblioteca se colocar como um espaço de difusão cultural. “Com a inauguração do novo prédio, nos preocupamos em manter a biblioteca como um espaço de cultura e arte para os alunos da graduação e pós-graduação, inclusive porque temos uma coleção sobre historia da arte em nosso acervo”. Além de espaço de exposições para o público, Valdinéa destaca a atuação dos estudantes que trabalham na curadoria. “É uma oportunidade para que os alunos possam trabalhar com as artes, atuando na montagem e desmontagem, acompanharem todo o espaço no período que a mostra fica em cartaz na biblioteca”.
A exposição Territórios e outros trabalhos está em cartaz até o dia 22 de junho, durante o horário de funcionamento da Biblioteca 'Octavio Ianni', das 9 às 22h30.