A edição deste ano do tradicional Festival Hercule Florence de Fotografia começou na Unicamp com um fórum de debates. Foram dois dias reunindo nomes como Miguel Chikaoka (PA), Monica Mansur (RJ) e Dirceu Maués (DF) em mesas de discussão no Instituto de Artes (IA), nessa quarta-feira (19) e quinta-feira (20). A programação continua até domingo (23), na Estação Cultura, no centro de Campinas. “Começar aqui, com uma reflexão sobre as práticas da fotografia e a imagem fotográfica, criando um corredor entre a Universidade e a Cidade, é o grande diferencial do projeto”, afirmou Sylvia Furegatti, professora do IA e uma das curadoras do Festival.
Juntando profissionais e pesquisadores dos quatro cantos do país, o Fórum buscou refletir sobre o lugar contemporâneo da fotografia e suas possibilidades. O fotógrafo Ricardo Lima, organizador desde a primeira edição, contou como o Festival sempre esteve ligado à academia. “O Festival nasceu de um ciclo de palestras na PUC, englobou uma Semana de Fotografia Hercule Florence, feita pela Câmara Municipal, e foi crescendo. Hoje, chega a sua 10ª edição. A discussão acadêmica traz contribuições relevantes às práticas da fotografia."
O professor de fotografia do IA, Filipe Salles, ressaltou a importância da participação da Universidade em um festival da dimensão do Hercule Florence. “Essa troca de informações e olhares é fundamental. É uma oportunidade para nossos alunos entrarem em contato com profissionais da área e com uma discussão atualizada sobre a fotografia”, pontuou.
Urbanidade e câmera escura
A curadoria do Festival foi dividida em dois eixos, “Fotografia de Rua” e “Imagem Mágica”, procurando pautar o debate desde a câmera escura até as ruas da cidade. O primeiro eixo refletiu sobre a urbanidade da exposição e da imagem fotográfica, fora de uma moldura convencional na parede. “Buscamos pensar como a imagem fotográfica pode produzir retratos que significam o lugar onde as pessoas vivem e trabalham”, explicou Furegatti. Com essa proposta, o fotógrafo Touché organizou uma exposição na Avenida 13 de Maio, com retratos das pessoas que trabalham no local. “Eles estão se sentindo o máximo de estar ali representados”, comentou a curadora.
Já o eixo “Imagem Mágica”, focou questões sobre a câmara escura. “São artistas que trabalham com câmeras artesanais ou com o fenômeno da câmera escura”, explicou Ana Angélica Costa, também curadora do Festival. Sobre este tema, será inaugurada nesta quinta-feira (20), às 20h, na Estação Cultura, uma exposição dos fotografos Dirceu Maués, Miguel Chikaoka, Luiz Alberto Guimarães e Monica Mansur. “São quatro artistas com obras muito diferentes”, comentou Costa.
Luz, para Chikaoka
Miguel Chikaoka, formado em engenharia na Unicamp, está há 20 dias em Campinas desenvolvendo sua obra por meio de oficinas. São mais de 19 mil imagens produzidas em pinhole, câmeras artesanais feitas em tubinhos de filme, que irão compor um painel. “Quando você experimenta esses processos artesanais, entra em contato mais diretamente com a luz como fenômeno físico. Quando você vai de encontro à luz, vê que ela não é só imagem. A luz é a vida, é fluxo permanente, que nos chega por varias vias inclusive pelo alimento. A luz passa a nós como representação simbólica do próprio conhecimento, do encontro com o outro. Tudo isso é luz”, definiu o Chikaoka.