Morre Antonio Candido

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Antonio Candido, em foto de 2006
Antonio Candido, fundador do Instituto de Estudos da Linguagem da Unicamp (IEL), faleceu na manhã desta sexta-feira (12) em São Paulo. O crítico literário, sociólogo e ex-docente do instituto foi velado no Hospital Israelita Albert Einsten, em SP, no bairro
do Morumbi, até as 17 horas. E foi cremado no sábado (14),. Antonio Candido era viúvo de Gilda de Mello e Souza, falecida em dezembro de 2005, e deixa as filhas Ana Luísa, Laura e Marina. Morreu aos 98 anos. O IEL decretou luto oficial de três dias pela morte de seu fundador.

Antonio Candido, natural do Rio de Janeiro, foi autor de obras fundamentais de crítica como Formação da Literatura Brasileira (Momentos Decisivos), de 1959, e estudos sociológicos clássicos, como Os Parceiros do Rio Bonito (1964), sobre o caipira paulista e sua transformação. Candido era um estudioso da literatura brasileira e estrangeira, com uma obra crítica extensa, respeitada nas principais universidades do país e do exterior. Entre as várias distinções que recebeu, o docente foi agraciado com o título de doutor honoris causa da Unicamp. Foi professor emérito da USP e Unesp.

Repercussão

Francisco Foot Hardman, docente do Departamento de Teoria Literária do IEL

"Eu sou aluno da segunda turma de ciências humanas da Unicamp de graduação, quando comecei o mestrado em ciências politicas no IFCH, em 1975. Nessa época eu já tinha muito interesse pela história literária e cultural do Brasil em função das minhas pesquisas iniciais sobre o anarquismo e o movimento operário. E fui, então, fazer o curso do Antonio Candido, sobre leitura ideológica dos textos literários. Ali pra mim já se revelou o grande mestre que ele sempre foi, no sentido de uma visão sempre plural e nada dogmática dos fatos culturais, sociais e literários. Ali também tiveram início, e eu devo isso diretamente ao professor Antonio Candido, algumas das minhas melhores amizades intelectuais e dos meus melhores laços acadêmicos que explicam em boa parte a minha migração nos estudos sociopolíticos para os estudos literários a partir do meu ingresso no IEL em 1987."

Márcia Azevedo de Abreu, docente do Departamento de Teoria Literária do IEL e atual diretora da Editora da Unicamp
“O professor Antonio Candido foi um dos intelectuais mais importantes do século 20. Teve grande inserção política e atuação de esquerda, de resistência. Seus livros têm impacto central na sociologia e na literatura. Deixa de legado suas obras e a maneira de entender a literatura sociologicamente. Nossa formação no IEL foi baseada nos livros que ele escreveu, como Formação da Literatura Brasileira, que continua atual até hoje. Creio que o pensamento dele permanecerá vivo sobretudo nessa área.”

Paulo Franchetti, docente aposentado do Departamento de Teoria Literária do IEL
"Antonio Candido foi uma das figuras mais luminosas da cultura brasileira. Dizer isso é ainda dizer pouco. Candido foi um intelectual que esteve, como patrono ou adversário, no centro de praticamente todas as discussões sobre a cultura nacional na segunda metade do século XX. Sua obra crítica é monumental e incontornável, assim como seu trabalho como professor e orientador de alguns dos vultos mais relevantes do pensamento literário brasileiro. Seu legado inclui ainda, num ponto que nos toca diretamente, a criação do Instituto de Estudos da Linguagem da Unicamp.

Não creio que tenha palavras para registrar a dívida intelectual e o sentimento de gratidão que, como tantos outros, tenho para com Antonio Candido. Encarar a sua obra com o rigor que ela pedia, seguindo nisso, aliás, a sua lição no trato com as obras que estimava, foi sempre a minha forma de homenageá-lo."

Antonio Alcir Bernárdez Pécora, docente do Departamento de Teoria Literária do IEL
"Uma coisa decisiva para a Unicamp foi a fundação do IEL e a introdução da Teoria Literária entre as áreas de conhecimento da Universidade. Todo o grupo inicial do IEL foi formado por alunos do Antonio Candido. Ele foi o diretor do IEL que assinou a minha contratação.

Em relação ao papel dele como crítico, Antonio Candido foi destacado por levar a literatura a sério. A literatura é decisiva para a interpretação da cultura, como também do próprio país. Essa ideia da centralidade da literatura foi fundamental em seu trabalho, e isso embalou muito a perspectiva de gente que escolhia fazer literatura como uma área importante e decisiva dentro das humanidades.

Antonio Candido era um crítico inspirador porque não apenas lia os textos. Ele tinha uma ligação de corpo a corpo com a obra. Não se tratava em ter uma teoria simplesmente e encaixar os textos nela, muitas vezes sem muito vínculo com a obra. Ele era um crítico leitor. Para mim, foi muito importante o viés crítico particular que ele tinha: a importância decisiva da obra na análise, e não simplesmente usar a obra como exemplo e demonstração de outros aspectos e teorias."

Flávio Ribeiro de Oliveira, diretor do IEL
"Nossa tristeza pela perda de Antonio Candido – um intelectual de atuação decisiva na formação da cultura brasileira – tem, ao menos, alguma compensação na obra seminal que ele nos legou: uma obra plena, fundamental para a compreensão das relações entre a literatura e a sociedade em nosso país, e que contribuiu para a formação de algumas das figuras mais importantes do meio acadêmico nacional. O IEL, consternado pela perda de seu primeiro diretor, decretou luto oficial de três dias."

A carta
Mais sobre Candido

Jornal da Unicamp, 2013
Tese aponta convergência entre literatura e ciências sociais na obra de Antonio Candido

Jornal da Unicamp, 2006
Candido reencontra o instituto que criou na Unicamp

Jornal da Unicamp, 2004
O mundo dos livros e o mundo digital, segundo Antonio Candido

 

TV Unicamp, 2006 -  Antonio Candido fala sobre a criação do IEL

 

TV Unicamp - Evento Brasil Século XXI

Imagem de capa
Antonio Candido (Foto: Antoninho Perri; edição de imagens: Paulo Cavalheri)

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Escritor e articulista, o sociólogo foi presidente da Associação Nacional de Pós-Graduação e Pesquisa em Ciências Sociais no biênio 2003-2004