Quem controla o seu computador? Você utiliza ou é utilizado pelos seus dispositivos? Quais liberdades você abre mão quando opta por softwares não livres? Essas foram algumas das questões levantadas por Richard Stallman que lotou na tarde desta quarta-feira (31), o auditório 6 do Ciclo Básico 1 da Unicamp. Considerado pai do Movimento Software Livre, Stallman fundou a Free Software Foundation (FSF) e desenvolveu o sistema operacional GNU, totalmente composto por software livre. Hoje, se dedica a percorrer o mundo alertando para a vulnerabilidade a que nos colocamos ao nos submetermos, individual e socialmente, aos softwares não livres.
“O recente ataque dos hackers evidencia uma necessidade de fazer valer nossa autonomia. A gente usa sistemas que a gente sabe que estão o tempo todo mandando informação”, destacou Alexandre Oliva, responsável pela Fundação Software Livre América Latina (FSFLA) que organizou a série de palestras em universidades no Brasil e na Argentina, da qual o evento na Unicamp fez parte. Segundo ele, é fundamental garantirmos a liberdade de software para tornar possível qualquer outra liberdade. “A única possibilidade garantir a soberania de um país é ter controle sobre a computação estratégica que o governo faz. Sem software livre não há soberania nacional”, enfatizou Kretcheu, professor e ativista que acompanhava o evento.
Na terceira passagem de Richard Stallman pela Unicamp, promovida pela professora Islene Calciolari Garcia, do Instituto de Computação (IC), a efervescência dentro e fora do auditório comprovou que o tema software livre ainda está na ordem do dia. O auditório, com capacidade para 180 pessoas, teve escadas e corredores ocupados pelos estudantes e deixou muitos para o lado de fora. Ativistas ou curiosos, todos queriam ver e ouvir a figura carismática que fala sobre ética e liberdade em terreno tão árido quanto a os estudos da computação.