O professor Marcelo Knobel, reitor da Unicamp, participou nesta semana do Conselho Transnacional de Líderes de Universidades de Hamburgo, com o tema “Formulando valores coletivos”. Durante o encontro discutiu-se a questão de liberdade da ciência em diferentes países. O reitor da Unicamp concedeu a esse respeito uma entrevista ao semanário der Spiegel, reproduzida parcialmente abaixo.
Der Spiegel: O que ameaça a liberdade acadêmica na sua universidade?
MK: A liberdade acadêmica não está ameaçada, mas vivemos em um país com muita violência e desigualdades sociais. No ano passado tivemos na nossa universidade uma greve de dois meses de duração. Estudantes demandavam 37% de vagas a serem preenchidas por afrodescendentes e indígenas. Essa é a participação dessas etnias na população do nosso estado, mas até agora constituem apenas 22% do nosso corpo discente. Muitas vezes não tem poder aquisitivo para que os filhos possam visitar boas escolas, o que dificulta o desempenho no vestibular. Nós decidimos, portanto, introduzir o princípio de cotas para esses candidatos e esperamos que a partir de 2019 a participação deles entre os estudantes atinja 37%.
Texto em alemão sobre o evento em Hamburgo:
http://www.spiegel.de/lebenundlernen/uni/freiheit-der-wissenschaft-uni-chefs-weltweit-erzaehlen-a-1151164.html