O quartanista da Faculdade de Engenharia Mecânica (FEM) da Unicamp Levi Faria acaba de fazer um levantamento de 51 plataformas de ensino a distância para uso ocasional, com vistas a municiar o professor de um instrumento pedagógico quando da impossibilidade de comparecer presencialmente à aula em situações atípicas (como congressos, eventos científicos e outros impedimentos). Isso foi possível graças a um projeto Papi-SAE (Programa de Auxílio a Projetos Institucionais do Serviço de Apoio ao Estudante) orientado pelo docente da FEM Josué Labaki. A iniciativa já está disponível aos interessados.
É interessante falar em uso ocasional, segundo Labaki, porque o intuito do projeto não é que o docente substitua a sala de aula. Mas reconhece que isso pode acontecer algum dia por variados motivos. Esse professor acaba então tendo que arranjar alguém para substituí-lo. "Mas, com o novo projeto, a ideia é acessar uma plataforma computacional, estando num hotel ou em alguma conferência. Assim, os alunos podem assistir a uma aula em tempo real pelo celular ou pelo computador."
Josué explica que seu aluno Levi não criou as ferramentas. Seu objetivo foi levantar as já existentes. Encontrou 51 e depois fez uma filtragem porque algumas delas não funcionavam. Chegou a 40 e depois às dez mais acessadas. Uma etapa relevante foi saber qual era a voz do usuário e o que ele gostaria de ter em uma ferramenta. Sessenta usuários responderam a um formulário on-line, que rodou pelas listas dos professores da Unicamp.
As perguntas foram sobre a importância de estabelecer um critério. Foram dadas notas de zero a dez para dez critérios diferentes: se a ferramenta deveria ser gratuita, se uma capacidade de usuários era um fator necessário, se era desejável haver compartilhamento de telas, entre outros. As perguntas eram sobre o que uma plataforma ideal deveria ter. Os usuários votaram em todos os critérios. As notas mais pontuadas foram grande capacidade de usuários e ser um instrumento gratuito.
Labaki diz que o principal objetivo do projeto foi verificar no mercado quais plataformas existem e quais têm modelos pagos e gratuitos. Seu aluno selecionou as ferramentas que os professores gostariam de ter, por meio de um formulário de pesquisa. “Analisamos estatisticamente. Os professores desejavam que as ferramentas pudessem ter vários usuários, pois as aulas presenciais normalmente têm em torno de 60 a 100 alunos. Outro desejo foi que o instrumento não obtivesse recursos financeiros da própria pesquisa.”
Como funciona
Com as melhores notas, o Apache OpenMeetings foi a ferramenta vencedora. Observou-se que ele oferece uma alta capacidade de usuários, gratuita, compartilhamento de tela, formação de queezes. Foi uma ferramenta bem-desenvolvida, está no mercado há anos e há formação de fóruns on-line que atenderam a todos os critérios requisitados na pesquisa.
O software tem que ser instalado e os arquivos podem ser armazenados em nuvem, não precisando ser necessariamente salvos no HD do computador. Na plataforma, inicia-se a aula. Uma câmera reproduz o vídeo e o áudio do professor. Isso para todos os alunos que tiverem acesso ao site.
Muitos professores usam hoje ferramentas diferentes on-line. “Muitas nem sabíamos que existiam. Após um levantamento, elas foram disponibilizadas e ranqueadas conforme o que seria mais importante para a comunidade da Unicamp”, conta Josué.
Esse recurso pedagógico pode colaborar com o professor diante de uma grande oferta de opções. Agora ele pode ir ao site e escolher um software de acordo com critérios que necessita. Um professor de matemática pode precisar mostrar a tela onde ele desenvolverá equações e outro de filosofia pode requerer apenas que o aluno ouça a sua voz. Cada unidade tem necessidades diferentes. Um fluxograma ajuda o professor a escolher a ferramenta mais adequada.
A Apache OpenMeetings é uma ferramenta de software livre que oferece um tutorial sobre seu uso. “Estamos fazendo um papel de facilitadores para a aula do professor”, comenta Levi. "Ele precisa saber que existem muitas ferramentas e quais são as melhores do mercado. Contudo, para que o projeto atinja a comunidade acadêmica, é necessário que os resultados sejam divulgados e que as pessoas atuem com multiplicadoras."