
Docentes do Instituto de Biologia (IB) da Unicamp recepcionaram, na manhã desta quinta-feira (3), no auditório do Espaço de Apoio ao Ensino e Aprendizagem (EA)2, os 20 alunos da rede pública que vão participar do recém-lançado curso de mestrado profissional ProfBio, uma iniciativa pioneira que atua em rede e conta com a participação de 19 universidades brasileiras, entre elas a Unicamp, que está nesse trabalho desde a criação do programa.
“É o primeiro curso de mestrado profissional do Brasil, é a primeira turma da rede, e a Unicamp é a primeira Universidade a iniciar suas aulas”, comentou o professor Eduardo Galembeck, coordenador do curso na Universidade e integrante da equipe nacional, durante abertura do curso. “A rede serve para sincronizar os programas, as disciplinas, os conteúdos, mas os diplomas e as disciplinas são feitos aqui”, explicou.
O curso é ligado ao programa de pós-graduação do IB, conta também com o envolvimento de docentes da Faculdade de Educação (FE) e tem em vista o desenvolvimento profissional de professores em exercício na rede pública de ensino. Segundo Galembeck, o professor que não está em sala de aula, esclareceu, não foi qualificado para participar do mestrado. Também é pré-requisito que ele continue atuando em sala de aula pelos próximos dois anos.

O novo curso será ministrado ao longo de dois anos às quintas-feiras no IB, período integral. Serão abordadas novas metodologias de ensino, dinâmicas em sala de aula, novas estruturas e formas de repassar os conteúdos. Ele possui uma parte semi-presencial e exige uma boa parte da carga horária sendo cumprida nas escolas em que eles trabalham, daí a razão de ter que ser um profissional em exercício. Os mestrados profissionais em rede já existem para as áreas de física, história, educação e matemática. E a proposta da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes) é que esses mestrados ocorram realmente em rede, não como outros programas de pós-graduação que cada universidade tem o seu.
A professora Dora Maria Grassi Kassisse, docente do IB e assessora da Reitoria, acredita que essa é uma oportunidade de reciclagem e convivência do professor que leciona biologia na rede pública com uma universidade de ponta. “Com isso, ele leva para a sala de aula das escolas públicas a forma de apresentar a informação de modo diferenciado e contemporâneo. É uma atividade inclusive não só de formação de professores. É também de qualificação e uma ação de extensão da própria Universidade, que deve multiplicar esse conhecimento lá na comunidade.”
Está previsto que a professora Dora ministre o primeiro tema, o qual terá 11 semanas de duração. Ela vai tratar da origem da vida, do funcionamento do corpo humano até a relação de Doenças Sexualmente Transmissíveis (DST) e a relação parasita-hospedeiro. “Ganha o professor, ganha o aluno e ganha a rede pública”, garantiu. “Mesmo com todos esses cortes e dificuldades que vivemos nas universidades para fazer ciência no país, esse engajamento dos professores do IB de querer fazer algo novo é louvável”, disse.

Outra docente que irá ministrar aulas é a professora Silmara Marques Allegretti. Ela contou que o seu tópico será o terceiro: sobre ambiente e saúde e será compartilhado com o professor Danilo Cicone. “Vamos abordar as mudanças ambientais, climáticas, e quais os impactos disso à saúde”, relatou. “Essa é uma demanda que já existia entre os alunos do próprio IB, sobretudo da licenciatura. Eles não se sentiam estimulados a partirem para a carreira docente. Agora estão muito animados, pois não se trata só de pesquisa. Muitos de fato querem é a carreira docente. Além disso, temos expertise para essa capacitação, com a vantagem desse curso agora ser muito mais amplo – de caráter nacional.”
O diretor do IB, Alexandre Leite Rodrigues de Oliveira, também esteve pessoalmente na sala (EA)2 para dar as boas-vindas aos novos alunos. Ele ressaltou que o IB tem um perfil bastante acadêmico e forte na pesquisa, mas essa vertente do ensino precisa ser reforçada, opinou. “O ProfBio está conseguindo reunir ideias novas, a estrutura é excelente, os professores estão empenhados e são competentes.”
O curso já nasce com um selo de qualidade diferenciado, informou o professor Marcelo Dornelas, outro incentivador do ProfBio junto com o professor Galembeck. “A nossa proposta foi avaliada e muito bem-recebida pela Capes. Era uma vontade estratégica não só dos alunos da Unicamp. Também do Estado de São Paulo", expressou. Dornelas comentou que os professores participantes não deverão esperar o mesmo modelo de aulas acadêmicas. Estão propostas várias inovações. "Saibam que podem contar com nossa ajuda e apoio”, concluiu.
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
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