Raio-X da Educação Superior Brasileira
No final de agosto de 2017 o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), do Ministério da Educação (MEC), divulgou os dados do Censo da Educação Superior. O Censo é realizado anualmente, fornecendo dados que auxiliam a formulação, o monitoramento e a avaliação das políticas públicas e pesquisas. O Censo coleta informações sobre as Instituições de Educação Superior (IES), sobre os cursos de graduação e sequenciais e sobre os estudantes e professores vinculados a esses cursos. Os resultados também são usados pelo Sistema Nacional de Avaliação da Educação Superior (Sinaes), para o cálculo dos indicadores de Conceito Preliminar de Curso (CPC) e do Índice Geral de Cursos (IGC). Os dados permitem também, por meio do seguimento de informações de diferentes edições, a análise da trajetória dos estudantes a partir de seu ingresso em determinado curso de graduação, e, consequentemente, indicadores de acompanhamento na educação superior.
O Censo anunciado (com dados de 2016) indica que foram ofertados 34.366 cursos de graduação em 2.407 IES, com um total de 8.052.254 estudantes matriculados. Das IES, 87,7% são privadas e 12,3%, públicas (federais, estaduais e municipais). A distribuição dos estudantes nos cursos brasileiros segue estável: 75,3% dos universitários estão setor privado enquanto 24,7%, no público. Essa proporção é bastante incomum no mundo. Há 197 universidades no país, que correspondem apenas a 8,2% do total de IES, mas que concentram 53,7% das matrículas em cursos de graduação. Em 2016 o número de matrículas na educação superior (graduação e sequencial) permaneceu praticamente estável com relação a 2015 (a variação positiva foi de apenas 0,2%). Os cursos de bacharelado representam quase 70% das matrículas.
O Censo mostra também que há pouco aproveitamento das vagas oferecidas nas instituições de ensino brasileiras, principalmente privadas. A média nacional é de que, das 7,8 milhões de novas vagas, apenas 33,5% foram preenchidas (Em 2016, foram oferecidas mais de 10,6 milhões de vagas em cursos de graduação, mas foram preenchidas aproximadamente 3 milhões somente). Essa taxa de ocupação é pequena principalmente entre as universidades privadas (29,6%). Entre as públicas, o índice fica bem acima do total geral: 91,9% das vagas novas de 2016 foram ocupadas.
A modalidade a distância aumentou mais de 20% quando comparada com 2015, enquanto que nos cursos presenciais houve um decréscimo no número de ingressantes de 3,7%. O Censo indica ainda que mais de 1,1 milhão de estudantes concluíram a educação superior, sugerindo que há uma evasão considerável, que ainda precisa ser investigada com mais detalhe.
O Censo mostra ainda os dez maiores cursos de graduação do Brasil, que concentram 51% das matrículas de todo o ensino superior. São eles: Direito (11%), Administração (9,1%), Pedagogia (8,7%), Engenharia Civil (4,6%), Ciências Contábeis (4,5%), Enfermagem (3,5%), Psicologia (3%), Licenciatura em Educação Física (2,4%), Arquitetura e Urbanismo (2,1%) e Engenharia de Produção (2,1%).
Os resultados ainda indicam a dificuldade do país em ampliar a participação de jovens de 18 a 24 anos no Ensino Superior. Apenas 18% desses jovens estão no Ensino Superior, enquanto a meta do Plano Nacional de Educação seria chegar ao patamar de 33% em 2024. Ou seja, o Brasil precisaria praticamente dobrar o número de jovens em Instituições de Ensino Superior, em pouco mais de seis anos, tarefa que parece bastante difícil. Estes dados possibilitam realizar um verdadeiro raio-X na educação superior brasileira, em termos meramente quantitativos, mas que já servem para indicar tendências, e mostrar que há muito caminho para avançar.
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