Lidar com os riscos que as mudanças climáticas trazem para a agricultura brasileira foi o tema do seminário promovido pelo Núcleo de Economia Agrícola e Ambiental (NEA), do Instituto de Economia (IE) da Unicamp, em parceria com Escola Superior Nacional de Seguros (ESNS). “A agricultura é um setor muito importante para a economia brasileira e está sujeito a muitos riscos que ameaçam não apenas o agricultor, mas toda sociedade. A gente não pode evitar que chova, mas pode estar preparado para a eventualidade de chover demais”, explicou Antônio Márcio Buainain organizador do evento.
Segundo o economista, há uma ausência de política de gestão de riscos nesse setor que precisa ser endereçada. O zoneamento climático, o uso das tecnologias de informação e comunicação e o seguro rural foram algumas das medidas destacadas durante o seminário, a fim de diminuir previamente os riscos ou minimizar posteriormente os prejuízos.
“Quem está achando que as mudanças climáticas são algo futurista, está correndo um risco muito alto”, afirmou Eduardo Assad, pesquisador da Embrapa Informática Agropecuária. Segundo ele, as previsões realizadas em 2001 pelo Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas já ser tornaram realidade. “Estamos vivendo um crescimento exponencial da temperatura máxima diária e isso afeta diretamente a agricultura. O café que está entrando na floração perde a flor. O feijão perde a flor. A vaca não produzirá leite na quantidade que produzia. O gado de corte perde peso. Sem contar a frequência cada vez maior de eventos extremos”, ressaltou.
Para controlar essas e outras tantas variáveis envolvidas nos processos de produção agrícola, a Embrapa está desenvolvendo um sistema de gestão integrada dos riscos. “Hoje, temos vários tipos de dados sendo gerados que não são utilizados de forma conjunta para subsidiar as tomadas de decisão envolvidas no processo, desde instâncias do governo federal até os produtores agrícolas”, explicou Silvia Massruhá, chefe geral da Embrapa informática agropecuária. Segundo a pesquisadora, o projeto se apoia no conceito de agricultura 4.0, que prevê decisões baseadas em conhecimento, dados e informação. “Uma agricultura conectada e utilizando tecnologia de ponta”, enfatizou.
De acordo com Buainain, o seguro agrícola tem um destaque especial no debate por ser uma medida em última instância. “Mesmo que todas as medidas de prevenção forem tomadas, eventualidades climáticas podem trazer enormes prejuízos. Caso o agricultor esteja descoberto, as consequências seguem em cadeia, atingindo os fornecedores, o comércio local e a população como um todo”, pontuou.
Sob o título "Mudanças Climáticas, Gestão de Riscos e Seguro Rural na Agricultura Brasileira", o seminário acontece nesta segunda e terça-feira (18 e 19), no auditório Zeferino Vaz do IE. Confira a programação completa.