Os alimentos processados estão hoje sujeitos a muitas críticas quanto à sua qualidade nutricional e sensorial. No passado, eles tiveram uma grande importância no mundo, sobretudo para prolongar e melhorar a qualidade de vida das pessoas, além de aumentar o acesso a um produto de menor custo. Apesar das críticas, a maioria delas é infundada.
Essa foi a posição do professor Antonio Meirelles, diretor da Faculdade de Engenharia de Alimentos (FEA) da Unicamp, durante sua fala no evento Escola São Paulo de Ciência Avançada (ESPCA) nesta terça-feira (26), sediado pela primeira vez na FEA. "A nossa postura consiste em enfrentar essa situação de uma forma positiva, refletindo como é possível aperfeiçoar esses alimentos ainda mais", sustentou Meirelles.
No evento, que começou nesta segunda-feira (25), prossegue até o dia 4 de outubro e é comemorativo aos 50 anos da FEA, Antonio Meirelles ressaltou que a ideia, ao abordar a engenharia reversa, é partir das necessidades e do impacto que o alimento pode ter sobre a saúde humana. “Atualmente, conhecemos muito o que está associado à absorção de alimentos, à sua biodisponibilidade, ao seu processamento e ao impacto à saúde. Essa é uma questão cada vez mais de conhecimento público e isso obviamente aferventa a pressão sobre a indústria para desenvolver produtos melhores. Nosso papel como cientistas e pesquisadores é apresentar uma resposta positiva a essa problemática”, comentou.
Segundo a professora Miriam Dupas Hubinger, organizadora da ESPCA na FEA, esse evento discute novas formas de preparar alimentos processados de uma maneira tal que eles sejam mais saudáveis e que resolvam alguns problemas de saúde crônicos, que estejam, de certa forma, sendo projetados para indivíduos com problemas específicos.
Ela acredita que esse é um desafio para a engenharia de alimentos, que até o momento se preocupa mais em como produzir alimentos em larga escala e como resolver o problema de ter um alimento barato. “Nosso objetivo com esse curso é treinar os pós-graduandos, os pós-doutores e os professores para que eles pensem sobre uma nova forma de projetar alimentos de maneira que eles auxiliem na solução de problemas de saúde e ampliem a saciedade, resolvendo problemas de ingestão calórica”, enfatizou.
Para ela, propiciar essa relação entre pesquisadores e professores brasileiros com aqueles que são de fora do país possibilita uma troca de informações, aumenta a internacionalização, melhora as condições de trabalhos dos estudantes e as cooperações. “Também melhora a qualidade da pesquisa e do profissional de doutorado que estamos formando. As parcerias devem aumentar muito e também o interesse da indústria por engenheiros da Unicamp para trabalhar nessa temática”, ressaltou.
O professor da FEA Douglas Fernandes, da organização do evento, contou que são 100 participantes (sendo 50 estrangeiros e 50 brasileiros), 12 palestrantes, 20 estudantes do Estado de São Paulo e 30 de outros Estados das áreas de Ciência, Tecnologia e Engenharia de Alimentos, Nutrição e Bioquímica da Nutrição. A professora Klícia Araújo Sampaio, também da FEA, revelou que serão dez dias de evento intensivo, das 9 às 18 horas, inclusive aos sábados e domingos. São palestras e workshops no salão nobre da FEA, apresentação de pôsteres na sala de extensão e visitas técnicas. O evento é destinado a instituições que têm cursos de engenharia. São cerca de 50 escolas de engenharia no Brasil.
A ESPCA é uma iniciativa da Fapesp que financia a organização de cursos de curta duração em pesquisa avançada nas diferentes áreas do conhecimento no Estado de São Paulo. Os cursos são ministrados em língua inglesa. Os estudantes selecionados são integralmente financiados pela agência de fomento. Além de participar dos cursos, os alunos apresentam as pesquisas que desenvolvem em workshops. Veja mais informações sobre a ESPCA.