Quinze por cento das mulheres acometidas pelo câncer de mama morrem anualmente no Brasil. Com o diagnóstico precoce, esse percentual cai para menos de 4%. Esse tipo de câncer é também o de maior prevalência no município de Campinas, onde é o mais frequente entre as causas de morte, sendo responsável por 17,2% dos óbitos. De acordo com o Inca (Instituto Nacional do Câncer), ele responde por 28% dos casos novos anualmente e, na população masculina, é raro, representando 1% dos casos. No mundo, ele também é um dos mais comuns, perdendo apenas para o câncer de pele não-melanoma.
Por conta dessa problemática, algumas ações mundiais têm procurado conter o avanço da patologia. É o caso do Movimento Outubro Rosa, iniciado nos Estados Unidos, do qual o Hospital da Mulher “Prof. Dr. J.A. Pinotti – Caism da Unicamp está participando ativamente com ampla programação, ao longo deste mês, a fim de dar visibilidade ao tema. A abertura oficial do Outubro Rosa no hospital começa nesta quarta-feira (4), às 9h30, com o apoio da comunidade do Caism e das pacientes. Veja a programação completa.
Esse evento é celebrado todo ano com vistas a compartilhar informações sobre o câncer de mama e promover a conscientização acerca da importância da detecção precoce da doença. Segundo o superintendente do hospital, o oncologista Luis Otávio Zanatta Sarian, a prevenção é a maior aliada da mulher, visto que esse quadro desastroso pode ser revertido positivamente a favor delas e servir de apelo para que visitem mais sistematicamente os serviços de saúde.
Luís Otávio disse que o câncer de mama tem uma íntima relação com a obesidade, em decorrência dos hábitos de vida da população feminina, entre eles a alimentação menos saudável e a falta de atividade física. Também especula-se sua relação com a composição étnico-racial e questões ambientais, além de outras razões comportamentais. "Hoje, as mulheres optam por ter filhos mais tardiamente, e isso também está associado ao desenvolvimento do câncer de mama. Por isso fazemos questão de fornecer às mulheres orientações de educação em saúde."
A sede do evento Outubro Rosa em Campinas é o Hospital da Mulher da Unicamp, "o maior centro do Estado de São Paulo no tratamento do câncer de mama feminino e um dos únicos no país", sublinhou o superintendente. "Agora, estamos realizando também esforços para executar o projeto de expansão do hospital, devendo ampliar a sua capacidade através da captação de recursos extraorçamentários. A ideia é melhorar a assistência da mulher como um todo e também da paciente oncológica”, revelou.
O Caism tem várias iniciativas que vão nessa direção, como o Centro de Atenção de Alta Resolutividade em Câncer de Mama (Care), que é uma espécie de "poupatempo" do câncer de mama. Deste modo, a mulher que vai ao Caism realiza exames de grande relevância como os de mamografia, biópsia e ultrassom no mesmo dia em que é atendida para investigação do câncer de mama, depois de agendamento pela Cross (Central de Regulação de Ofertas de Serviços de Saúde). "Assim, ela elimina pelo menos quatro visitas à Unicamp”, salientou, “simplificando muito a sua vida, sem falar que também oferecemos uma área de patologia e radiologia integradas à área clínica.”
O médico relembrou que, nos primeiros anos no campus de Barão Geraldo, a Unicamp açabarcou importantes ações no combate ao câncer de mama, sob a influência do Cecan (Centro de Controle de Câncer Ginecológico e Mamário) – que embrionariamente deu à luz ao Caism, e do Programa de Assistência Integral à Saúde da Mulher (Paism), que hoje se tornou uma política nacional e que enxerga a mulher em suas necessidades como um todo, não de modo fragmentado.