Um consumidor que compra uma televisão moderna talvez não conheça a melhor configuração para fazer um bom uso do aparelho. Nesse caso, se o equipamento já vem pré-configurado, de acordo com a melhor escolha apontada por técnicos especialistas, será algo positivo para ele. Isso não quer dizer que o consumidor não terá liberdade para alterar as configurações, mas, recebendo a melhor sugestão de uso, terá desde o início uma melhor experiência com o uso do equipamento.
A escolha prévia, feita de forma racional e por pessoas capacitadas, é o que o economista Richard H. Thaler, ganhador do Prêmio Nobel de Economia 2017, chamaria de “Nudge”, ou “cutucada”, segundo tradução do professor Fernando Nogueira da Costa, do Instituto de Economia da Unicamp, estudioso da área de Economia Comportamental e conhecedor da obra de Thaler.
Thaler, 72 anos, é americano, professor da Universidade de Chicago e coautor (com Cass Sunstein) do livro “Nudge – O Empurrão para a Escolha Certa”. O anúncio do Prêmio Nobel de Economia foi na manhã desta segunda-feira, 9. A história do consumidor foi a maneira que o professor Fernando encontrou para explicar de maneira muito didática uma das principais contribuições de Thaler para a economia.
Segundo o docente da Unicamp, o fato de Thaler ter ganho o Nobel, significa que a Academia Sueca de Ciências preza por inovação nas políticas que visam a melhoria do bem-estar social. “Se todo o conhecimento humano ajudar na tomada de melhores decisões e se esse conhecimento for socializado, melhor para todos nós”, pontuou. O professor lembra aos críticos conservadores da proposta de Thaler que a liberdade de escolha individual continua existindo, pois qualquer um poderá alterar a orientação prévia ou "default".
Em um post em seu blog o professor da Unicamp detalhou a teoria desenvolvida por Thaler e suas principais contribuições, inclusive com vários exemplos práticos. A Economia Comportamental, segundo Costa, critica a premissa da teoria econômica de que as decisões tomadas por agentes econômicos são tomadas sempre de maneira racional. Para a corrente comportamental a influência do componente emotivo e estressante influencia a tomada de decisões e pode levar a equívocos. Por isso, a ideia de Thaler, do “empurrão para orientar uma escolha certa” merece a premiação.
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