O campus de Barão Geraldo amanheceu diferente neste domingo (29). Em vez da normal calmaria de final de semana, as ruas da Unicamp estavam agitadas com os participantes, organizadores e o público que veio prestigiar a oitava edição da Volta da Unicamp. Mais de 1400 atletas inscritos participaram das provas de 5 ou 10 quilômetros, em diferentes categorias, além da caminhada. A Volta da Unicamp, realizada pela Faculdade de Educação Física com apoio do Grupo Gestor de Benefícios Sociais (GGBS), contou com supervisão de membros da Federação Paulista de Atletismo.
Veja fotos da oitava edição da Volta da Unicamp 2017
Desde as primeiras horas da manhã membros do staff da prova e da Prefeitura do Campus já preparavam o percurso, isolando ruas e montando a infraestrutura. A segurança e a saúde dos participantes foram garantidas por meio do apoio dos funcionários da vigilância do campus, presença de ambulância e apoio aos corredores por meio da distribuição de água em diversos pontos do campus e frutas na linha de chegada. Ao mesmo tempo em que os primeiros atletas chegavam à Unicamp, componentes técnicos das equipes e consultorias de corrida montavam bases de apoio no estacionamento da Biblioteca Central. Às oito da manhã foi dada a largada em frente a Faculdade de Educação Física, inicialmente para os participantes portadores de necessidades especiais, e em seguida os demais corredores e caminhantes.
Segundo o professor Miguel de Arruda, diretor da FEF e organizador da prova, a Volta da Unicamp se tornou um importante evento, pois permite a promoção da saúde junto com a integração da universidade com a comunidade. “O público vem para o campus desfrutar do ambiente que temos na Unicamp. E junto disso tem a prática da atividade física que é muito importante para todos nós. Esse é o congraçamento que a prova busca, juntando a comunidade externa com a interna da Unicamp". Já para o reitor Marcelo Knobel, que também participou da prova, a Volta da Unicamp está consolidada e deve ser incentivada: "É um evento que todos esperam, muito importante para toda Unicamp e comunidade. É papel da universidade pública, cada vez mais evoluir e fazer mais eventos desse tipo".
O perfil dos participantes da Volta da Unicamp é variado. Muitos são participantes recorrentes de corridas de rua amadoras, que afirmam ter como objetivo garantir seu condicionamento físico e saúde. Outros corredores já dedicam boa parte de seu tempo em treinamentos e participando de provas maiores que também atraem profissionais, como maratonas e a corrida de São Silvestre. A Volta atrai membros da comunidade interna, como professores, estudantes e funcionários técnico-administrativos da Unicamp e Funcamp, mas também moradores do entorno e de cidades da região. Alguns corredores trouxeram seus filhos, incentivando desde cedo a prática de esportes e transformando a prova num encontro familiar.
Corredores
Dentre os corredores da Volta da Unicamp, teve destaque a participação de portadores de necessidades especiais. Vários deles puderam participar por meio da equipe Somos Especiais - Grupo de Corrida Inclusiva, que desde 2005 reúne voluntários que participam de provas na região, auxiliando cadeirantes com limitações motoras. "A maioria dos participantes e caso de paralisia cerebral, de vários níveis diferentes. Temos um tratamento direcionado a cada um, conhecemos cada particularidade dos meninos, como o jeito de dar água e se existe incomodo", explica Adriano de Mendonça, um dos coordenadores do grupo, que se reúne todo domingo no portão 1 da Lagoa do Taquaral.
O grupo Somos Especiais desenvolve seu trabalho por meio de doações, prepara para os corredores especiais triciclos adaptados de acordo com cada usuário, que correm sempre acompanhados pelos voluntários. Um dos auxiliados pelo grupo é o atendente de telemarketing Fernando Henrique Luciano, de 36 anos, que participou de sua segunda Volta da Unicamp com apoio do grupo. "Entendemos isso como promoção de saúde e quebra de barreiras. Vários falam que os cadeirantes precisam ficar em casa, e quando saímos causa até uma estranheza e incomodo”, diz Fernando. “Eu posso falar e responder normalmente, outra criança pode não falar mas tem uma resposta em expressão. Conseguimos saber se ela está feliz ou se está triste. Dessa maneira somos todos iguais. É um momento de três ou quatro horas por semana que saímos de casa, para tirar o stress do serviço ou trazer alegria para quem fica em casa o dia inteiro".
Para outros participantes, a Volta da Unicamp é um espaço de incentivo à saúde e qualidade de vida, muitas vezes complementando as demais tarefas na universidade. "É muito importante fazermos outras atividades físicas além do estudo", diz Leide Hernandez, estudante colombiana do doutorado em engenharia mecânica. "Comecei a correr quando entrei no mestrado. Eu precisava fazer outras coisas além da pesquisa. Hoje corro já faz cinco anos", conta Leide, que completou sua quarta corrida na Unicamp e recentemente começou a praticar triatlo.
A opinião sobre incentivo a saúde é compartilhada pela corredora Nadir Aparecida Gomes Camacho, funcionária da Faculdade de Educação (FE) e membro da equipe Labex/GGBS/Unicamp, que correu em todas as edições da Volta da Unicamp. "Todos nós temos que trabalhar, e por isso temos que ter a mente e corpo sãos. A corrida desenvolve o humor, você fica mais disposta o dia todo. Ficamos bem com você mesmo e afastada de qualquer vício. A corrida para mim é tudo e estou feliz por poder correr”.