O desejo da permanência do Programa Institucional de Bolsas de Iniciação à Docência (Pibid), ameaçado pela crise política e econômica no país, encontrou eco na fala das autoridades que participaram na manhã desta quarta-feira (22) de três eventos conjuntos no salão nobre da Faculdade de Educação (FE): o II Seminário do Pibid Unicamp, o II Seminário Experiências em Estágio Docente e do XIII Encontro de Estudantes de Graduação dos Cursos de Formação de Professores. O professor Guilherme do Val Toledo Prado, coordenador institucional do Pibid, lamentou que este programa possa finalizar a trajetória de 1.370 bolsistas, 84 supervisores, 44 coordenadores da Universidade, 49 escolas públicas, etc. “Que esse programa exitoso, desde 2010, continue e que esse evento marque a luta pela continuidade do programa”, afirmou.
A diretora da FE, professora Dirce Zan, reconheceu que a queda de recursos traz um alerta para que se faça algo para não perder um projeto como o Pibid e aproveitou para manifestar a posição desfavorável de sua faculdade ao movimento Escola Sem Partido, "pelo cerceamento do pensamento crítico". A seguir, a professora Ana Archangelo sublinhou que o último censo do MEC dispõe em sua narrativa que, “sobre os fatores que podem ser controlados, o professor é o que tem mais peso”. Ela ainda estranhou que nesse documento não tenha sido abordado o papel da universidade pública. “Percebi que a proposta é aumentar o ensino a distância. Com isso, seremos uma ínfima parcela”, constatou. Ela também comentou que o relatório do Banco Mundial realça que a universidade pública não deve ser para as elites, mas que, se for, ela precisa ser paga. “Estamos tentando navegar numa contracorrente e precisamos fazer frente a esses movimentos que chegam de modo avassalador.”
O reitor da Unicamp, professor Marcelo Knobel, também fez alusão ao relatório do Banco Mundial, intitulado Um Ajuste Justo. Ele disse que é preocupante a possibilidade de cessar a gratuidade do ensino público. "Sinto que ficamos aqui entrincheirados. Precisamos investir em comunicação para que essas informações cheguem à sociedade.” Para a professora Eliana Ayoub, da comissão organizadora do evento, pensar na escola pública nesses tempos difíceis exige abertura para uma formação em efetivo diálogo. A professora Nima Spigolon, mediadora da primeira mesa-redonda do dia, sustentou que a universidade pública tem que ter um comprometimento com a pauta política, ir além ao discutir a formação de professores e perpassar o aspecto humano. "Não basta só a formação. Essa também é uma pauta pedagógica", ressaltou.
A docente da FE Maria Inês Petrucci, vice-presidente da Comissão Permanente de Formação de Professores (CPFP), frisou que olhar para a história de vida dos professores é algo importante para a sua formação, não apenas a prática como componente curricular. Maria Inês contou que orienta estágios há 25 anos. Ela acredita que o estágio não seja unicamente o lugar da aplicação da teoria, e sim do conhecimento. "Minha crença é de que o currículo avança e ultrapassa inclusive as racionalidades."
Veja a programação do evento, que vai até o dia 24 e inclui o lançamento da oitava obra sobre os projetos do Pibid Unicamp. São 15 artigos que trazem um balanço geral dos projetos Pibid da Unicamp. A coleção está disponível no site da CPFP, que pode ser baixado em PDF e em versão e-Book. Leia texto publicado no Portal da Unicamp.