O Espaço Cultural Casa do Lago recebeu nesta quarta-feira (22) o Encontro de Educação Socioambiental da Unicamp. Organizado pela Câmara Técnica de Educação Ambiental (CTEA), do Grupo Gestor da Universidade Sustentável (GGUS), o evento celebra os 40 anos do legado Rolando Toro Arañeda no Brasil, psicólogo e antropólogo chileno criador do Sistema Biodanza, método prioritário escolhido para trabalhar a educação socioambiental na universidade. O encontro reuniu mais de uma centena de participantes da comunidade universitária, do Programa UniversIDADE, e pesquisadores e entusiastas das técnicas da biodanza.
“A sociedade é fragmentada, nossa herança cartesiana faz com que a gente compartimentalize tudo. Um ato de consumo fica sendo um fato isolado, sem conectar com aquilo que veio antes ou depois do consumo”, afirma Juliana Pires de Arruda, coordenadora da CTEA. Segundo ela, a biodanza trabalha com o conceito biocêntrico, onde todas as formas de vida e o meio ambiente são importantes uns para os outros, de forma conectada. Por isso a preocupação com o ambiental é importante para manter a vida de forma mais consciente, responsável e cuidadosa. “Rolando Toro propôs uma nova epistemologia, com uma forma mais ampliada de produzir conhecimento, a partir do corpo, da música e do encontro humano, além do pensar. Essa outra forma de pensar e conhecer traz a proposta de integração e conexão: o eu, o outro e o todo. Todas as ações tem impacto numa rede complexa de coisas que envolvem o meio socioambiental”.
O Encontro de Educação Socioambiental contou com uma apresentação de Maria Luiza Appy, diretora da Escola Paulista de Biodanza e que acompanhou o início da difusão das técnicas de Rolando Toro Arañeda no Brasil em 1977. "O objetivo é que as pessoas mostrem o que são de verdade, que aprendam a expressar o que sentem, e não o que os outros esperam dela. A biodanza é um sistema de desenvolvimento humano para que as pessoas consigam perceber que elas são muito mais aquilo do que elas imaginam", conta Maria Luiza Appy, que explica trabalhar com linhas de vivência baseadas na vitalidade, sexualidade, criatividade, afetividade e transcendência. O público presente também participou de vivências de biodanza e acompanhou a apresentação dos participantes do Sarau do Binho, coletivo cultural da periferia de São Paulo.
A pedagoga Janaína Fontebasso, membro da CTEA, atua como facilitadora de oficinas de biodanza na Unicamp desde 2004. Posteriormente passou a desenvolver atividades no Programa UniversIDADE, e depois passou a oferecer oficinas para o conjunto da comunidade por meio do GGUS. “Uma vez por mês oferecemos atividades de biodanza na Praça da Paz, com o objetivo de criar pertencimento e ocupar aquele espaço, trazendo as pessoas para um despertar afetivo com o ambiente. Dai surgiu a ideia de realizar o encontro”, conta Janaína.
Universidade sustentável
O Encontro de Educação Socioambiental faz parte das iniciativas do Grupo Gestor da Universidade Sustentável, que desde 2015 planeja e realiza projetos e programas institucionais sobre sustentabilidade em todos os espaços da Unicamp. “Nós tínhamos aprovado em 2010 no Conselho Universitário uma agenda ambiental. Pegamos essa agenda e fizemos um upgrade, trazendo a questão da sustentabilidade para dentro do campus, não só na questão acadêmica, mas também na administração”, afirma Juliano Finelli, coordenador executivo do GGUS.
As iniciativas socioambientais do GGUS trazem uma perspectiva de ampliar a sinergia com outras iniciativas que estão sendo trabalhadas por outros órgãos, como a Diretoria Executiva de Planejamento Integrado (DEPI), órgão que tem como finalidade elaborar o plano diretor para a universidade, e propor linhas de atuação em longo prazo discutindo com a comunidade. "O GGUS trata de assuntos que dizem respeito a cenários, dentro do conceito de sustentabilidade e desenvolvimento sustentável, que estão alinhados com a visão da universidade", afirma o professor Marcelo Cunha, assessor da DEPI, que esteve presente no encontro. "Todos esses cenários e ações positivas vão indicar alvos desejáveis, onde a universidade pode chegar nesse contexto. E o plano diretor integrado fará uma proposição de ações que nos levem a esses cenários".