Engrossaram as vozes na Unicamp para a continuidade do Pibid (Programa Institucional de Bolsas de Iniciação à Docência), ameaçado de ser extinto no país em virtude da crise política e econômica. Gestores, professores, pesquisadores e alunos, mais de 200 pessoas, fizeram um amplo debate durante a semana. Nesta sexta-feira (24), a manhã iniciou com a mesa temática a Formação de Professores na Unicamp: Iniciação à docência, Desafios e Futuro da Profissão. O evento ocorreu no contexto do II Seminário do Pibid Unicamp, do II Seminário Experiências em Estágio Docente e do XIII Encontro de Estudantes de Graduação dos Cursos de Formação de Professores, realizados conjuntamente na Faculdade de Educação (FE).
Com a palavra a pró-reitora de Graduação da Unicamp, professora Eliana Amaral, ela enfatizou que a Unicamp precisa dar visibilidade ao trabalho que tem realizado, de maneira pioneira, na formação de professores. "São muitas ações também dos estudantes em diversos projetos de fôlego. Ocorre que essas participações, no todo, às vezes parecem diluídas, sendo que a Universidade tem dado o seu contributo às escolas, e vice-versa”, destacou. A pró-reitora, titular da pasta da PRG, mostrou-se sensibilizada à causa para a manutenção do Pibid e ressaltou que, “se ele de fato o programa for extinto, conforme são os rumores, a Unicamp possivelmente reinventará o projeto, com outro nome e nos mesmos moldes”.
O coordenador do Pibid da Unicamp, professor Guilherme do Prado, realçou o valor da “formação de professores” em “escolas de formação de professores”. Ele apontou algumas pistas do Pibid para a graduação em formação de professores, como a necessidade de envolvimento da escola, um trabalho pedagógico assistido e acompanhado pelo professor da universidade e da escola, e a articulação da formação e da profissão, refletindo o trabalho pedagógico. Falou do desafio de ter um diálogo entre o conhecimento profissional e pedagógico na constituição dos saberes. “Não temos que pedir licença para o bacharelado para professar a profissão”, disse. “Nas escolas, há sujeitos que querem aprender. E o Pibid diz isso para nós de maneira contundente.”
A professora Ana Archangelo, presidente da Comissão Permanente de Formação de Professores (CPFP), comentou que um dos papéis fundamentais na escola é pensar e fazer pensar de modo vivo e ideal. “Mas hoje a narrativa é voltada à ideia de não pensar”, lamentou. Lembrou que todos compartilham de um sentimento de caos na educação e não sabem como será o futuro. “Nossa política atual tem um sistema de massa que requer uma definição precisa de habilidades e competências, de currículo, de avaliação. É uma obsessão por indicadores, rankings e projeção de possibilidades no sentido mais perverso. Temos um ataque à tolerância da dúvida e ao paradoxo de não saber. “Vejo que a iniciação à docência é um lugar privilegiado para resistir à capacidade de não pensar”, ressaltou, “e que a experiência do Pibid é um espaço para se colocar à prova o que é o real”.
Com a palavra, o professor Manoel Francisco do Amaral, representante da Diretoria de Ensino Região de Campinas Oeste, abordou no evento os desafios para a formação do professor no mundo contemporâneo, falando sobre a contribuição do Pibid. Discutiu a essência da escola e o papel do professor. “Não podemos jogar fora toda a experiência que o aluno traz consigo. É preciso valorizar o diálogo, ampliando a participação de todos os atores, e também da escola. O professor comprometido precisa avaliar o nível de aprendizagem dos seus alunos e respeitar as diferenças de cada um para o aprendizado, pois vemos que a falta de pertencimento à escola é a grande causa da evasão escolar", concluiu, encerrando com a frase: #FicaPibid.
Veja como foi a abertura do evento.