Harry Potter ocupa o conteúdo de jornais, mas não se trata da divulgação de mais uma adaptação da série literária de J K Rowling. Desta vez, o bruxo dá nome a uma oficina do Programa UniversIDADE da Unicamp, voltado a pessoas com idade acima de 50 anos. Focada na discussão de gênero e fruto da pesquisa de mestrado de Victor Menezes, mestre pelo Instituto de Filosofia e Ciências Humanas (IFCH), a oficina ficou conhecida pela sociedade por atrair a atenção da imprensa de São Paulo neste semestre, assim como a oficina de Desenvolvimento de Games para idosos, oferecida pelo tecnólogo da informação Fábio Ota.
Essa e outras trocas de conhecimento puderam ser comemoradas nesta quinta-feira (14), no encerramento do programa, no Espaço Cultural Casa do Lago. “Vocês não vêm aqui somente para aprender. Vêm para ensinar. E ensinar coisas que a vida ensinou. E este é um conhecimento que não está escrito em nenhum artigo de jornal; está no texto da vida. Este programa tem muito esta característica de compartilhar e, com isso, este número enorme de voluntários dá sua contribuição para que este programa obtenha tal sucesso”, enfatizou a coordenadora-geral da Unicamp, professora Teresa Dib Zambon Atvars.
Talvez este sucesso seja um dos motivos pelos quais o encerramento do programa tenha tido sabor de festa. E com lanche compartilhado. Mais de 900 alunos, de acordo com a coordenadora do programa, professora Kátia Stancatto, concluíram o semestre com uma bagagem de conhecimento ainda maior e deixando muitos ensinamentos para a comunidade acadêmica.
E, se a ocasião pede festa, o Coral UniversIDADE, objeto de estudo da dissertação de mestrado em música de Daniel Duarte, coloriu o ambiente, ao executar canções como Onde está você, de Antonio Carlos Jobim, Palpite infeliz, de Noel Rosa, e canções natalinas. A apresentação teve regência e participação dos monitores da oficina, coordenada pelo docente do Instituto de Artes, coordenador do Ópera Studio e do Centro de Integração, Documentação e Difusão Cultural da Unicamp (Ciddic), Angelo Fernandes.
Numa apresentação envolvente, uma grande roda se formou na sala multiúso para vivência em biodanza. Além de acolher convidados, as atividades mostraram parte do que os alunos absorveram em oficinas como hip hop, tai chi chuan, dança de salão e artes cênicas.
Neste semestre, em cumprimento a uma expectativa anunciada no evento de recepção a novos alunos no início do ano, além de receber pessoas da comunidade externa, parte das atividades foi realizada além do campus, pois um grupo de voluntários ofereceram duas oficinas a 120 idosos da ONG Maria Rosa, na região norte de Campinas.
Para o pró-reitor de Extensão e Assuntos Comunitários (Preac), Fernando Hashimoto, é necessário cada vez mais expandir, aprimorar, buscar parcerias para o programa, de acordo com os números apresentados. “O caminho agora é buscar parcerias externas e estruturar melhor para acomodar 900 alunos. Este número é maior que o total de alunos de uma unidade de ensino e pesquisa, o que mostra que é necessária atenção muito grande para oferecer qualidade. Afinal, qualidade é um sinônimo que a Unicamp tem, e precisamos expandir para vocês”, afirma.
Teresa lembrou que, apesar de a Unicamp enfrentar momento de crise, o programa continua a receber apoio da Reitoria e da Preac. “Estamos ainda em momentos difíceis, mas vocês, melhor que qualquer um de nós, sabem o quanto a vida é difícil e o quanto é infinita nossa capacidade de superar, muitas vezes, dificuldades físicas, emocionais, financeiras. E vamos em frente. Isso que esperamos deste programa, realizado com quem já conhece muito da vida, nos dando força para a continuidade das atividades, com criatividade, com inteligência, com vontade com perseverança, com garra. Esperamos vocês no ano que vem, continuando no programa e ajudando a Unicamp a ter a projeção e a qualidade que tem.”