Muitos achavam que iriam passar as férias só trabalhando e estudando. É um tal de desenvolver projeto em laboratório, participar de oficina e daí, quando você menos percebe, acabou o mês de janeiro. Mas de repente não foi nada disso. Os estudantes estavam lá no Instituto de Biologia (IB) da Unicamp divididos em grupos, vestidos com uma fantasia de dragão, participando de um jogo de sobrevivência! A oficina, realizada pela primeira vez no Ciência e Artes nas Férias (CAF), ganhou nome pomposo em inglês e português “Dragon World Experience” ou “Nas asas do dragão”.
Os alunos de graduação e de pós-graduação do curso de Biologia, sob a supervisão da professora Lúcia Elvira Alvares, criaram para a oficina um enredo de teatro, com um grande desafio: um milionário que pede a um grupo de cientistas que desenvolva um dragão de verdade, para viver em uma ilha. “Por incrível que pareça, essa é uma possibilidade real no mundo de hoje, a partir do surgimento de ferramentas poderosíssimas para edição genômica”, explica a professora Lúcia.
Na primeira parte, os alunos da Unicamp dão todas as informações que os estudantes do CAF vão precisar com noções de embriologia, genética, evolução, etc. Depois são divididas as equipes e começa o jogo. As quatro equipes precisam ajudar seus dragões, com diferentes características, a ultrapassar as etapas do jogo e a sobreviver. Eles precisam decidir, por exemplo, se ficam no ninho para se aquecer ou se saem em busca do calor do sol, e essa é uma decisão importante caso o “dragão” seja desenvolvido a partir do organismo de um réptil ou de uma ave.
“Vamos vencer com certeza”, disse a aluna Milena Azevedo, de Valinhos. Os grupos seguiram respondendo questões que somavam pontos e avançavam com seus dragões ou morriam, conforme jogavam um dado. No fechamento da oficina, os estudantes foram convidados a pensar se de fato seria uma boa ideia para a natureza e para a humanidade criar um animal com manipulação genética. “Questionamentos sobre o desequilíbrio ambiental, sobre as consequências do nosso trabalho, de como devemos tratar essas questões éticas com muita cautela”, ressaltou a aluna Carolina Mantovani, que faz o Programa de Estágio Docente (PED) na disciplina de Biologia do Desenvolvimento e também é uma das responsáveis pela oficina.
Na disciplina a professora Lúcia adota uma estratégia de ensino e aprendizagem baseada em problemas. Os alunos da Unicamp criam e trabalham em um projeto durante a disciplina e depois são convidados a continuar a desenvolver o projeto no semestre seguinte, como uma atividade extracurricular. Foi aí que eles criaram a oficina oferecida no CAF 2018. “Os alunos da graduação usaram da motivação e do aprendizado deles para criar um contexto onde os alunos do ensino médio também aprendem”, afirma Lúcia.
Intérprete de uma cientista que ajuda o milionário da história a desenvolver os dragões, a aluna do quarto ano de biologia, Camila Lidiane de Morais, disse que eles fizeram de tudo para tornar o conteúdo cada vez mais acessível aos estudantes do ensino médio. “Se eu tivesse tido esse contato que eles têm com a Universidade, ficaria ainda mais estimulada a vir para a Unicamp”.
Mais informações sobre os projetos relacionados à temática dos dragões na Unicamp podem ser encontradas no blog de divulgação científica Nas Asas do Dragão, no seguinte endereço.