O Centro de Química Medicinal de Inovação Aberta (CQMED) da Unicamp firmou nesta segunda-feira (29) parceria inédita com os laboratórios Aché e Eurofarma para pesquisa de novas moléculas, visando ao desenvolvimento de medicamentos anti-infecciosos e de combate ao câncer. O acordo inaugura a unidade CQMED credenciada pela Empresa Brasileira de Pesquisa e Inovação Industrial (EMBRAPII) para realização de pesquisas de descoberta de novos medicamentos no modelo de inovação aberta.
“É fundamental para uma Universidade como a Unicamp fazer esse tipo de parceria com o setor produtivo e efetivamente buscar a inovação, no caso, novos fármacos tão importantes para a população”, afirmou o reitor Marcelo Knobel. O projeto terá um investimento inicial de R$ 8,4 milhões, que será financiado pela EMBRAPII e pelas empresas parceiras.
Além de Knobel, estiveram presente a ministra da Educação, em exercício, Maria Helena Guimarães de Castro; o diretor científico da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp), Carlos Henrique de Brito Cruz; o diretor-presidente da Embrapii, Jorge Almeida Guimarães; e o coordenador do CQMED, Paulo Arruda; além de representantes das empresas farmacêuticas Aché e Eurofarma.
Segundo Paulo Arruda, além da infraestrutura e dos pesquisadores do CQMED, o projeto contará com colaboração do consórcio internacional Structural Genomics Consortium (SGC), que há 15 anos trabalha no modelo de inovação aberta, envolvendo mais de 300 pesquisadores de grandes universidades como Oxford, Carolina do Norte, Toronto e Frankfurt. O SGC é uma parceria público-privada, sem fins lucrativos, que desenvolve pesquisa básica e apoia a descoberta de novos medicamentos, em um modelo que não produz patentes e permite acesso irrestrito a seus resultados. “São pesquisadores de altíssimo nível que estão envolvidos na pesquisa inicial para o desenvolvimento de novas drogas”, explicou Arruda.
De acordo com a EMBRAPII, os moldes desse consórcio preveem que todo o conhecimento adquirido até a fase de validação do potencial terapêutico dos alvos biológicos será de domínio público. Terminada essa fase, o conhecimento poderá ser utilizado na identificação e desenvolvimento de moléculas patenteáveis pelas empresas farmacêuticas.
Segundo Paulo Arruda, o desenvolvimento de novas drogas é um processo lento, levando aproximadamente de 10 a 12 anos para a entrada no mercado e tem em sua fase inicial um período crucial. “A maioria das moléculas candidatas a fármacos falham por falta de eficácia, e essa falha se repete nas diferentes empresas”, contou Arruda.