A Galeria de Arte do Instituto de Artes (Gaia) abre ao público duas novas exposições no dia 15 de fevereiro. A sala 1 receberá uma mostra da artista plástica Virginia Camargo Artigas (1915 - 1990). A exposição Nas madrugadas traz um panorama da produção de Virginia Artigas, com pinturas, gravuras, ilustrações e cartazes criados ao longo de sua vida.
A curadoria é do professor Marcio Donato Périgo, do Departamento de Artes Plásticas do Instituto de Artes (IA) e que trabalhou com a artista e seu marido, o arquiteto Vilanova Artigas, e de Rosa Artigas, filha de Virginia e responsável pelo acervo de seus pais.
Ainda jovem Virginia Artigas teve contato com artistas plásticos da Família Artística Paulista, e posteriormente passa a frequentar os ateliês do Grupo Santos Helenos, onde pode aprender e desenvolver suas técnicas. Acaba tendo contato com artistas como Sérgio Milliet, Alberto Volpi, Mário Zanin e outros nomes das artes plásticas.
Na década de 1950, Virginia Artigas se envolve na militância política, aderindo ao PCB e passando a se dedicar a colaborar como ilustradora na imprensa alternativa. Como uma espécie de repórter ilustradora, passa a realizar trabalhos de campo para elaborar gravuras e ilustrações em regiões com conflitos agrários e greves.
Vírginia Artigas também produziu trabalhos voltados para o movimento feminino, solidariedade internacional e pela anistia aos presos e exilados políticos. "Eu herdei esse acervo, que são milhares de desenhos que são os cadernos de campo e a obra plástica dela. Até por circunstâncias históricas atuais, como a discussão sobre a esquerda e movimento feminista, temas que voltaram nos últimos anos, eu acho que merece recuperar essa trajetória dela", avalia Rosa Artigas.
A última exposição individual de Virginia Artigas foi realizada na Galeria Azulão em 1979. O professor Marcio Périgo relata que algumas matrizes de xilogravuras criadas por ela foram doadas para o Gabinete de Estampas do IA, tornando a Unicamp como depositária desse material. “Virginia Rosa é uma pessoa muito importante com as causas sociais trabalhou bastante com a mulher, com trabalho vinculado à esquerda e ao Partidão. Trazer essa exposição para a Unicamp é um resgate e preservar esse pedaço das artes plásticas de São Paulo”.
Regina Carmona
Já na sala 2 será aberta a exposição Corpo e Anima Mundi, com obras de Regina Carmona. Artista visual em plena atividade, Regina Carmona é reconhecida por seu trabalho na arte contemporânea relacionado ao modo como ela sente seu próprio corpo no mundo. A curadoria é da professora Gaia Bindi, da Academia de Bellas Artes de Carrara, Itália. A exposição foi selecionada por meio do edital do projeto Convocatória Gaia 2018/2019.
A exposição da Gaia trará obras desenvolvidas na série Meu Lugar um Santuário, com o registro em fotos e vídeos de lugares onde Regina esteve entre 2015 e 2018, com o retrato de lugares naturais, templos e animais.
As obras em látex Primitivas e Corpo Objeto e Primitivas Acetinadas, e a Instalação Púrpuras são trabalhos realizados ao longo de 10 anos, que reflete viagens e conversas com diversas pessoas. A obra parte do molde do corpo artista e de outras pessoas em látex. Também faz parte da exposição mandalas e uma videoinstalação com imagens captadas no Brasil e na Índia.
As exposições estarão abertas as visitas do público até o dia 9 de março, das 9 às 17 horas. Já em 8 de março, dia internacional das mulheres, será realizado o workshop Whirl Mandala, o círculo da vida, a partir das 10 horas, com a presença de Regina Carmona. E as 14 horas será realizado uma conversa com Márcio Périgo e Rosa Artigas com o público.